A velocidade relativa do tempo Print
Written by Administrator   
Wednesday, 25 December 2019 19:03

Caros Amigos, Esta é a última coluna que escrevo no ano de 2019 para o site dos Nobres do Grid. Entre um suspiro, um grande susto e um balcão de oxigênio, parece que foi ontem que escrevi a primeira coluna do ano, quando comemorei os números de visitação ao site no ano anterior, números estes superados antes do final de outubro este ano.

 

Uma pessoa que considero muito inteligente e de complexo conhecimento em diversos setores profissionais me disse certa vez quando eu comentei que “o tempo estava voando”, que eu estava errado: “que o tempo continua igual. O dia continua com 24 horas e que somos nós que estamos querendo fazer coisas demais, ter coisas demais, estar em lugares demais e entender coisas demais, a ponto de não estarmos dando a nós mesmos tempo para viver”. Parei para pensar e, realmente, a colocação faz todo sentido.

 

Ponderações à parte, há momentos em que tal pressa em fazer as coisas faz-se necessário. Muitas vezes o tempo urge e em paralelo a este há a necessidade da precisão. Sim, há que se ser rápido e preciso, contradizendo o ditado popular que “a pressa é inimiga da perfeição”. A questão complexa e meticulosa aplica-se a casos e casos. No esporte a motor, por exemplo, é a pressa – na velocidade – que leva o piloto ao êxito.

 

Em um aspecto específico, a velocidade e a precisão se fazem mais que obrigatórias: nas decisões dos comissários desportivos e nos tribunais que são as cortes de apelação dos que contestam os resultados do que é informado como decisão vinda da torre de controle das corridas, muitas vezes acontecendo horas após a corrida ter terminado. Será que não há alguma maneira de se tomar uma decisão precisa de forma mais rápida?

 

Há bem pouco tempo o futebol, um dos esportes que por décadas poderia ser considerado o mais arcaico com relação a mudanças em suas regras – no caso na interpretação das mesmas – veio, finalmente, dar o braço a torcer e aceitar a revisão de lances importantes de jogos com o auxílio da eletrônica e da recuperação das imagens. O – por muitos – famigerado VAR. O “árbitro de vídeo” como passou a ser chamado no Brasil.

 

No esporte a motor temos o “VAR” faz muito tempo e as decisões tomadas na torre pelos comissários desportivos são feitas após analise dessas imagens. Infelizmente as decisões nem sempre acontecem antes do final da corrida. Ao contrario do jogo de futebol, onde a partida para durante a análise do lance, na corrida a mesma continua em andamento. É bem diferente e com o tempo correndo contra eles, as decisões acabam, em alguns casos, sendo tardias, como foi a punição para Lewis Hamilton no GP Brasil de Fórmula 1, anunciada horas depois.

 

Fiz uso da Fórmula 1, a categoria mais importante do mundo, para mostrar que não adianta tentarmos crucificar os comissários da CBA pelas decisões (pelo menos não por todas) tomadas e comunicadas após o fim das corridas. Evidentemente algo frustrante para os fãs do automobilismo e que acaba atrapalhando o trabalho da mídia especializada, que precisa republicar resultados e ainda atrapalha quem faz as transmissões ao vivo.

 

A questão vai mais além quando, após as decisões dos comissários, pilotos e equipes recorrer aos tribunais, que tem duas instâncias: o TJD e o STJD. Em outras palavras, um resultado pode ser ainda alterado – ou confirmado – duas vezes, o que aconteceu antes da corrida decisiva da Stock Car, em que Ricardo Maurício e Felipe Fraga disputaram pontos nos tribunais. A minha grande torcida era de que Daniel Serra tivesse um resultado incontestável, sem problemas no carro e ficasse inalcançável como campeão para não haver mais discussões.

 

No entanto, enquanto a Stock Car tinha seu final de semana decisivo no nosso templo do automobilismo, em uma área reservada estavam alguns caminhões que disputaram a corrida no final de semana anterior, em que o pernambucano Brto Monteiro foi campeão (na pista) no domingo, teve o resultado confirmado apenas na segunda-feira, dado aos protestos de parte a parte entre três equipes e 6 caminhões e que, a decisão final em tribunal ainda não havia saído. Ou seja, poderíamos ter mudanças, o que felizmente não aconteceu.

 

Pelo bem do esporte a motor, tanto o nacional como o internacional, algumas coisas precisam ser mais práticas, a bem do tempo – que é impiedoso – e que não tira o pé do acelerador para ninguém, e do interesse do público, presente ou via TV e internet.

 

Um feliz ano novo a todos e até a próxima,

 

Fernando Paiva