A Supremacia Alemã não é um Acaso Print
Written by Administrator   
Wednesday, 16 October 2019 14:05

Olá leitores do site dos Nobres do Grid. Enquanto não publico meu próximo artigo no nosso site (está no forno), fui convidado pela nossa editora para escrever nesta semana a coluna do nosso querido Fernando, a quem desejo o mais rápido retorno.

 

Nesta semana li o sempre primoroso artigo do jornalista Livio Oricchio, que também mora na França, sobre não apenas a conquista, mas a supremacia que a equipe Mercedes estabeleceu na Fórmula 1 ao longo destes seis anos desde que foi mudado o regulamento e passou-se a se utilizar propulsores mais complexos do que os motores V8 de 2.4 litros que os antecedeu.

 

Diante de um mercado e uma sociedade que busca cada vez mais meios alternativos e “limpos” de geração de energia, a montadora alemã encontrou um caminho mais eficiente do que seus concorrentes e mesmo depois da alteração das regras no final de 2017, eles se mantiveram à frente de seus adversários, ao contrário do que aconteceu com Red Bull e Ferrari, as duas equipes que foram dominadoras da categoria antes dos alemães.

 

Este domínio da Mercedes, que tem enormes possibilidades de perdurar por mais um ano, visto que a próxima mudança de regulamento só está prevista para o final de 2020, vai superar em longevidade qualquer período de domínio de uma equipe sobre as demais na história da categoria. Mas no caso da Mercedes, o domínio é algo que nem Ferrari e nem Red Bull conseguiram impor sobre seus competidores de forma tão avassaladora. Os alemães tem 3/4 das vitorias e poles (números arredondados) das últimas 6 temporadas, com esta última ainda por ser concluída.

 

Fui buscar nas colunas do Sr. Willy Möller – GP Legends – que mostra aqui no site os grandes e icônicos circuitos pela Europa, principalmente, e muitos deles que não mais existem, referências dos anos 20/30 e do período pós-guerra. Os que tiverem a curiosidade de buscar a leitura dos textos maravilhosos do nosso já falecido colunista vai encontrar um registro histórico de que, desde aqueles anos, os alemães já estavam à frente dos concorrentes.

 

Os carros da Auto Union (empresa da qual fazia parte o que hoje é a Audi) e os carros da Mercedes, que já naqueles anos antes da II Guerra Mundial passaram a ser chamados de “flechas de prata”, como os Type C e Type D da Auto Union e a modelos W25 W125 e W154 da Mercedes monopolizaram as vitórias nas corridas pelo continente, especialmente na segunda metade dos anos 30... até vir a guerra e todos sabemos o destino da Alemanha.

 

Finda a guerra e com a Fórmula 1 tendo sido “criada” em 1950, menos de uma década depois do fim dos bombardeios a Mercedes estava conquistando o campeonato mundial com os modelos W196 e W196s e repetindo o feito em 1955, quando retirou-se das competições ao final do ano, devido a tragédia ocorrida naquele ano em Le Mans.

 

Em 1954 Juan Manuel Fangio venceu seis das nove corridas da temporada (lembrando que uma delas era as 500 Milhas de Indianápolis e que os europeus não iam para os Estados Unidos disputá-la). A primeira, ainda com uma Maserati, que deixou o campeonato após o GP da Argentina. Portanto, foram cinco vitórias da Mercedes em sete corridas do campeonato. No ano seguinte, com o campeonato tendo apenas sete corridas e uma delas sendo as 500 Milhas de Indianápolis, a Mercedes venceu cinco das seis corridas que disputou, sendo quatro vitórias de Juan Manuel Fangio e uma de Stirling Moss.

 

A supremacia da Mercedes nos anos 50 sobre as demais equipes nos quase dois anos de temporada é, em números percentuais, maior que o domínio atual, apesar de não podermos garantir que o domínio alemão continuaria e por quantos anos poderia durar se a montadora não tivesse deixado às competições em 1955, mas uma reflexão sobre o que acontecia naqueles anos é algo que merece uma certa atenção.

 

Há outros exemplos de domínio, com os da Porsche e Audi nas 24 Horas de Le Mans, da Mercedes no mundial de protótipos, da Audi e depois da Porsche no WEC, além dos feitos de BMW e Porsche na Fórmula 1, estamos vendo as quatro montadoras alemãs (Audi, BMW, Mercedes e Porsche) investindo esforços na Fórmula E, a nova fronteira da mobilidade sobre rodas que se apresenta para o século XXI, já tendo alguns títulos conquistados.

 

Sem o risco iminente de outra guerra pela frente, sem que ocorram desistências, acho que podemos estar diante de mais uma demonstração do poderio alemão quando se trata da indústria automobilística e vitórias nas pistas.

 

Abraços,

 

Luiz Mariano


Last Updated ( Thursday, 17 October 2019 15:37 )