A importância do conhecimento Print
Written by Administrator   
Wednesday, 25 September 2019 20:50

Caros Amigos, durante o último GP de Fórmula 1, em Singapura, dentre as muitas notícias que li, vi e ouvi, uma delas chamou-me especial atenção: a busca de equipes como a Haas e a Racing Point pelos serviços de Robert Kubica para ser piloto de testes.

 

Muitos anos atrás, quando tinha longas conversas com nosso assessor de comunicação e marketing, ele disse uma coisa que não me esqueci: que a sua mãe falava para ele e para sua irmã mais nova que ela não tinha dinheiro para dar riqueza para eles, mas que daria a eles a oportunidade de estudar, aprender, crescer, ter conhecimento.

 

O conhecimento é uma capacidade que é adquirida ao longo do tempo, ou seja, ninguém nasce com conhecimento. Engana-se quem pensa que ele diz respeito apenas a dados, documentos e informações com as quais se tem contato durante o período escolar. Na verdade, a escola e o tempo de estudo nessas instituições são sim responsáveis por oferecer conhecimento para quem os frequenta; no entanto, essa não é a única forma existente de se adquirir conhecimento.

 

Mas por que é importante ter conhecimento? Bom, uma pessoa sem conhecimento, nos dias de hoje, não chega a lugar nenhum. Para entender isso, basta analisar a evolução dos dois últimos séculos, durante os quais a tecnologia tomou conta e se tornou predominante em todos os lugares. Diante disso, é preciso um mínimo de conhecimento para entender como todas essas novidades funcionam, quais são as suas utilidades e as funções que desempenham. Para manipular um celular, por mais simples que seja, é preciso um pouco de conhecimento, e como todo mundo sabe e já percebeu, a tecnologia está em toda a parte, sendo que já não é possível mais viver sem ela.

 

Apesar de ser, frequentemente, o último colocado entre os carros que chegam até o final das corridas, o conhecimento acumulado por anos de Fórmula 1 em alto nível e de uma carreira impressionante antes d chegar a mais importante categoria do automobilismo mundial, mesmo depois do terrível acidente sofrido em uma competição de rally, o piloto polonês nunca “perdeu a mão”.

 

Eu lembro do tempo em que os pilotos passavam a chamada “intertemporada” dedicados aos testes de inverno. Em uma entrevista, Nelson Piquet disse ter percorrido em testes no desenvolvimento do motor turbo da BMW 20 mil quilômetros. Isso equivale a, aproximadamente, 60 Grandes Prêmios (que tem pouco mais de 300 Km de extensão), algo que não é mais permitido pelo regulamento.

 

O desenvolvimento dos carros hoje dá-se pelos simuladores e pelas análises probatórias em pista, nos treinos, da eficiência ou não do que foi testado e aprovado com o piloto sentado à máquina e “pilotando” sob diversas condições inseridas no sistema e quando Robert Kubica era piloto reserva da Williams, com Sergey Sirotkin e Lance Stroll, o trabalho de desenvolvimento para que os carros da equipe não ficassem ainda mais distantes dos demais concorrentes era em grande parte devido ao trabalho do polonês.

 

Indiretamente, a procura de equipes por pilotos com o talento de Robert Kubica, que mesmo com o braço direito debilitado pelas sequelas de seu acidente é capaz de produzir avanços no desenvolvimento dos carros em simulador expõe uma deficiência na formação dos pilotos mais jovens que não conseguem, talvez com raras exceções, cumprir o papel de desenvolvedor de carros como um piloto que teve menos eletrônica em sua formação como Robert Kubica consegue fazer.

 

Apesar de todo avanço na vida moderna, algumas coisas na vida comum deveriam ser repensadas e olhar para a forma como as pessoas chegam a determinado nível de conhecimento é muito mais do que analisar dados de sensores.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva