A ótica e a prática Print
Written by Administrator   
Wednesday, 09 January 2019 21:16

Caros Amigos, nas nossas vidas sempre iremos nos deparar com situações em que o ponto de vista pelo qual olharemos o cenário diante de nós certamente não será o mesmo do que uma outra pessoa, em uma situação semelhante, mas em condições diferentes iria enxergar.

 

A complexidade de uma situação tem como um dos fatores primordiais a capacidade que a pessoa que vai ter que lidar com ela vai ter como enfrentar a mesma, com que recursos contará e qual o seu estado psicológico naquele momento da vida.

 

Estar de fora da situação e julgar a mesma é algo potencialmente perigoso, uma vez que a falta de subsídios que o observador possa ter irá, certamente, deturpar, distorcer, a real situação que está se passando para quem está envolvido diretamente na mesma e tem que enfrentá-la e resolvê-la. Apontar dedos e cobrar soluções é algo muito “fácil e cômodo” para quem está de fora.

 

Nesta semana recebi informações sobre duas situações semelhantes, mas com características completamente distintas que, procurando estar o mais envolvido possível quanto ao leque de informações – ao menos àquelas disponíveis – que gostaria de expor e convidar meus estimados leitores a tentar enxergar as congruências e diferenças destas duas situações semelhantes e tentar levá-los a tirar suas conclusões. Nosso email está aberto para quem quiser compartilhar as mesmas.

 

Como já é de conhecimento de todos os que acompanham o automobilismo brasileiro mais de perto, o calendário de 2019 da Stock Car tem na sua primeira corrida da temporada, marcada para o dia 7 de abril, o Autódromo de Tarumã, localizado na cidade de Viamão, no Rio Grande do Sul. Trata-se de levar a primeira corrida da quadragésima temporada para o palco onde a categoria começou, 40 anos atrás.

 

O presidente da CBA, Waldner Bernardo de Oliveira, foi para o Rio Grande do sul na primeira semana do ano para junto com os proprietários buscar uma forma de viabilizar as reformas necessárias, descritas no relatório entregue pelo presidente da comissão nacional de autódromos, o engenheiro Luis Ernesto Morales, nosso último entrevistado, para que o autódromo possa se adequar aos padrões da FIA que está sendo implementado nas praças esportivas do país para fazer com que nossos autódromos atendam os pleitos de segurança tão questionados pelos pilotos.

 

O desafio é grande. O Automóvel Clube do Rio Grande do Sul, proprietário do autódromo, tem um passivo considerável e viabilizar as obras em Tarumã implicaria em um aporte financeiro considerável para a realização de obras onde os pontos vão desde a adequação de áreas de escape, barreiras de pneus e entrada dos boxes e também passa pelo recapeamento da pista, onde a reta dos boxes está em estado crítico.

 

Manter um autódromo em condições de receber competições é um desafio global. Nesta mesma semana uma reunião na Inglaterra também tratou de um assunto premente relativo a um dos mais icônicos autódromos do mundo – que também é uma propriedade privada – e que precisará refazer seu asfalto. A última obra de recapeamento realizada em Silverstone teve uma série de erros e o sistema de drenagem simplesmente inviabilizou a realização da etapa da MotoGP.

 

Além do problema de drenagem, os pilotos observaram problemas de ondulações em diversos trechos. De forma surpreendente, uma vez que meses antes das etapas da F1 e MotoGP a vistoria de ambas as categorias aprovou o asfalto, que meses depois apresentava problemas. Neste caso, a questão ainda passa pela investigação de a quem cabe a responsabilidade pelo problema e quem terá que arcar com os custos do recapeamento, de os proprietários de Silverstone ou se a empresa que prestou o serviço.

 

No caso de Silverstone o prazo é um pouco mais largo, ao menos para as competições da DORNA e do Grupo Liberty Media, mas como um autódromo não vive apenas de corridas, mas também e principalmente de locações particulares, treinos privados, eventos corporativos e outras ações, a paralisação das atividades em Silverstone – bem como em Tarumã – para a realização das obras implicará em lucros cessantes, algo que na Inglaterra certamente tem uma abordagem legal diferente da que é feita no Brasil.

 

Seja lá como aqui, mais interessado no que acontece na nossa difícil realidade, fica a esperança de que seja possível se chegar a uma solução viável e Tarumã seja confirmado cmo palco da principal categoria de turismo do país.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva