Dois pesos e duas medidas Print
Written by Administrator   
Thursday, 13 December 2018 06:27
Caros Amigos, todos os dias recebemos dezenas de emails no nosso This e-mail address is being protected from spambots. You need JavaScript enabled to view it São sugestões e pedidos de leitores, elogios, críticas e também releases de diversas assessorias de imprensa.

 

Temos na nossa política editorial fazermos nós mesmos os nossos textos, mas temos um profundo respeito pelo trabalho dos profissionais que meritoriamente trabalham como assessores de imprensa dos pilotos e equipes do automobilismo e, certamente, por vezes somos providos de informações valiosas que ajudam nossos colunistas – e a mim mesmo – na composição de nossos artigos e colunas.

 

Inclusive, a minha coluna desta semana tem em um destes releases um interessante informação que levou-me a desenvolver um raciocínio que certamente desafiará também nossos estimados leitores. Afinal, todos os fãs de esportes a motor são extremamente atentos e detalhistas com relação às suas respectivas paixões e ídolos e tudo o que envolve suas carreiras, história e até vida pessoal.

 

O Release a que me refiro nos informou que, atualmente, o único piloto brasileiro que poderia pilotar um fórmula 1 na disputa do campeonato mundial seria Lucas Di Grassi. Ele é o único que nos últimos três anos teve a pontuação mínima exigida pela FIA (40 pontos no período) para ser considerado “elegível” a sentar em um dos carros da categoria. O release ainda mencionou outros brasileiros com pontuação relevante e que hoje estão relacionados como pilotos de teste da categoria. Pietro Fittipaldi, vencedor da World Series em 2017 (categoria que foi extinta e que naquela temporada deu 20 pontos ao campeão), contratado como piloto da equipe Haas, e Sergio Sette Câmara, piloto contratado pela McLaren que com o sexto lugar no campeonato da Fórmula 2 somou 10 pontos neste ano. Pedro Piquet, com a sexta colocação no campeonato deste ano da GP3 acumulou 5 pontos.

 

Fazendo minhas as palavras do ex-arbitro de futebol e hoje comentarista na televisão, Arnaldo Cezar Coelho, “a regra é clara”.

 

Todos os pilotos devem possuir uma Super Licença da FIA para competir nas corridas de Fórmula 1. Para obter essa licença, eles devem ter 18 anos ou mais e atender a rigorosos padrões de desempenho. Os pilotos devem ter acumulado 40 pontos em um período de três anos, com alocação de pontos com base em que outras séries de automobilismo participaram e o nível de resultados alcançado.

 

Os pilotos que se qualificam para uma Super Licença, mas não podem garantir um lugar de F1, têm um período de carência de três anos, no qual seus pontos são válidos. Além de garantir pontos suficientes, os pilotos terão que ter passado pelo menos dois anos em categorias juniores de monolugares, ter carteira de habilitação válida e passar no teste dos regulamentos esportivos da Fórmula 1. Eles também devem ter completado 300 quilômetros de testes em um carro de F1 recente antes que eles possam aparecer em um evento.

 

Lucas Di Grassi tem em “sua carteira de pontuação” 24 pontos do segundo lugar no mundial de endurance em 2016, 25 pontos do vice campeonato da Fórmula E na temporada 2015/16, 30 pontos do título da mesma categoria na temporada 2016/17 e mais 25 pontos do segundo lugar do ano passado, totalizando 104 pontos. Mas não creio que sem uma boa oferta e um contrato vantajoso, com algumas cláusulas de segurança, ele trocasse a sua condição na equipe Audi por uma aventura.

 

Quando a Toro Rosso ficou sem pilotos de seu programa de jovens talentos para substituir o então demissionário Daniil Kvyat, a equipe foi buscar um pilotos que já tinha feito parte deste programa de jovens pilotos (e tinha sido dispensado) para assumir o volante do segundo carro da equipe o neo zelandês Brendon Hartley, que conquistou seus pontos para obter a super licença com os títulos no mundial de endurance.

 

Uma vez que, segundo o regulamento, o piloto precisa ter obtido 40 pontos nos últimos três anos, eu não entendo porque Robert Kubica, afastado da categoria desde 2010, sem disputar um único GP, pode assumir o volante do carro da Williams na temporada seguinte como piloto titular. Alguma decisão de cunho político deve ter interferido no processo.

 

Devido ao seu grave acidente e às lesões sofridas, Robert Kubica perdeu alguns dos movimentos da mão direita. Inclusive o carro para ele tem uma adaptação para que ele trocasse as marchas para cima para baixo apenas com a mão esquerda. Ainda assim, em treinos, ele mostrou-se mais rápido do que Sergey Sirotikin e Lance Stroll. Antes disso, o polonês precisou passar por “exame médico rigoroso” para mostrar ainda ter condições de ser piloto na categoria.

 

Sem questionar a capacidade do piloto em conduzir em alto nível um carro da mais importante e exclusiva categoria do automobilismo mundial e quais critérios este exame médico teve, a aprovação de um piloto que não cumpriu os pré-requisitos exigidos (40 pontos nos últimos três anos) e ter participado regulamente de campeonatos leva-me a dizer que está havendo uma benevolência para com o piloto da Williams. Ou para alguns existem dois pesos e duas medidas?

 

Tenho certeza que Nelson Ângelo Piquet e Felipe Nasr estão muito mais capacitados a assumir um cockpit, mesmo sem os 40 pontos do regulamento.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva


Last Updated ( Thursday, 13 December 2018 06:41 )