Possíveis finais precoces Print
Written by Administrator   
Wednesday, 05 September 2018 16:23

Caros Amigos, em todos os campos profissionais do mundo surgem protagonistas precoces. Músicos, atores, vencedores de olimpíadas científicas entre outros. Contudo, este sucesso precoce nem sempre é a garantia de um sucesso na vida adulta. Os exemplos são tantos que eu escreveria metade da coluna com isso.

 

Talvez o maior problema quando se trata deste assunto seja a cobrança da manutenção ou da superação de um dado momento que pode ter sido o ápice daquela pessoa, mas neste caso a pessoa mais habilitada a abordar o tema seja a nossa futura Doutora em Psicologia e Editora Chefe, Catarina Soares.

 

O que podemos, as vezes, nos basear é sobre alguma experiência vivida. Eu tenho um amigo que o filho e um sócio desenvolveram como ‘freelancers’ um software para uma empresa aqui em Belo Horizonte. O Sucesso foi enorme e eles foram contratados por uma empresa rival e a vida de ambos virou um pesadelo. Eles ainda eram estudantes, mas o padrão de exigência era alto ao ponto de ambos adoecerem. Um com princípio de anorexia e o outro com um apetite descontrolado, noites insones e desmaios. Ambos tinham 20 anos e precisaram mudar de vida.

 

Este é um caso do qual fiquei sabendo diretamente pela família, mas quantos casos não há assim no mundo? No meio do automobilismo, quanto não deve haver de pressão sobre pilotos cada vez mais jovens que estão sendo cobrados a dar resultados que são impossíveis de ser obtidos com o equipamento que lhes é fornecido? Nestas últimas semanas, dois dos melhores da geração de jovens pilotos, vencedores nas categorias de acesso e com algumas poucas temporadas para tentar conquistar um lugar de destaque estão com um futuro sombrio pela frente: Stoffel Vandoorne e Esteban Ocon.

 

O belga Vandoorne é uma aposta da McLaren desde a F4. Foi campeão de praticamente tudo. Foi incontestável na antiga GP2, mas como podemos cobrar resultados de um piloto que além de dividir a equipe com Fernando Alonso (a lista de pilotos que foram esmagados pelo espanhol é enorme, apenas Lewis Hamilton resistiu ao “estilo Alonso” de dividir a equipe), teve nas mãos nestas três temporadas um carro que “deixava a desejar” é de uma enorme condescendência.  

 

Devido aos acordos comerciais, de ter um piloto de interesse da Renault – Carlos Sainz Jr – e de não abrir mão de uma estrela emergente e cobiçada como Lando Norris, e já tendo que encontrar uma forma de segurar – ou não – outra promessa, Nick De Vries. O tempo de Stoffel Vandoorne foi curto de mais e difícil demais para conseguir repetir as performances que o levaram à McLaren como piloto titular.

 

O mesmo se aplica ao francês Esteban Ocon. Talvez o melhor piloto francês já formado na última década. Para quem não sabe, ele derrotou Max Verstappen na Fórmula 3 Europeia em 2014, com o holandês, que a partir do próximo ano vai comandar a equipe Red Bull com os motores Honda que hoje equipam a Toro Rosso e que vem enfrentando de igual para igual um piloto mais experiente e muito veloz como Sergio Perez, que permanecerá na equipe impulsionado pelos dólares do patrocínio do mega empresário mexicano, Carlos Slim. A outra vaga, como todos sabem, é de Lance Stroll, filho do novo proprietário da equipe.

 

Algo que gostaria de colocar é que em uma de nossas “conversas de redação”, ouvi algo do qual lembrei antes de começar a escrever esta coluna: de que nem sempre a vitória nas categorias de base, mesmo as mais importantes, são a garantia de que o piloto será um grane piloto na Fórmula 1 e a lembrança desta conversa foi a do italiano Piercarlo Ghinzani, vencedor do campeonato europeu de Fórmula 3 e que teve uma passagem apagada pela categoria máxima. O terceiro colocado daquele campeonato – a mesma colocação de Max Verstappen em 2014 – foi Nelson Piquet!

 

Independente disso, o que tenho observado, além da falta de tempo – e de equipamento – que estes jovens pilotos estão tendo para mostrar suas habilidades, é que suas carreiras estão tomando o rumo de um potencial ostracismo quando os mesmo ainda tem 10 ou 15 anos de potencial atividade em alto nível. É como se passassem estes jovens por um triturador de carne e esperassem que eles sobrevivessem.

 

A FIA já tomou uma atitude – extremamente positiva – ao criar aquela tabela de pontos para o piloto poder ter direito à superlicença e poder disputar uma temporada na Fórmula 1. Talvez o que esteja acontecendo com esta geração tenha sido não ter passado por esta “qualificação prévia”. Daqui há alguns anos teremos a resposta.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva