Um novo caminho para o futuro Print
Written by Administrator   
Wednesday, 19 July 2017 23:45

Caros Amigos, Apesar de todo espetáculo protagonizado por Lewis Hamilton no final de semana passado, especialmente após a corrida, quando simplesmente atirou-se nos braços dos torcedores ingleses, deixando na sala de entrevistas dois finlandeses que mal se falam e pouco falam com seus interlocutores, algo inadmissível nos tempos de Bernie Ecclestone, foi um outro assunto que concentrou minhas atenções.

 

Em um final de semana em que – além da Fórmula 1 – tivemos corridas dos mundiais de Endurance, Carros de Turismo e Fórmula E, o assunto mais “energicamente questionado” foi justamente ligado às novas tecnologias e as possibilidades que estão se abrindo no mercado para as fabricantes de veículos, para os desenvolvedores de sistemas alternativos de motorização veicular e o uso das competições automotivas como laboratório, vitrine e marketing para seus produtos.

 

A busca por sistemas alternativos para motorizações passaram por diversos processos ao longo dos anos, ganhando uma ênfase muito grande neste século e em um mundo tão dinâmico como o que vivemos, a perda de uma oportunidade ou uma tomada de decisão errada pode provocar um enorme prejuízo, não apenas financeiro, mas cronológico em termos de desenvolvimento de tecnologia.

 

O surgimento da Fórmula E e seu rápido crescimento tem chamado a atenção dos mercados e dos “donos do mercado”. Depois de fazer parte de uma “sociedade representativa” com a equipe ABT, a Audi anunciou sua entrada oficial na categoria com o controle direto da então equipe associada. A BMW também já anunciou sua entrada na categoria para o campeonato de 2018/2019 e com a Mercedes Benz já tendo apresentado carros elétricos no último salão do automóvel em Genebra, com planos de lançar de 6 a 9 modelos no mercado europeu até 2022, a Porsche não poderia ficar parada.

 

A publicação alemã Motorsport Aktuell (Motorsport Atual) informou na semana passada que o compromisso atual da Porsche até o final da temporada de 2018 pode ser cortado por um ano, citando dificuldades recentes com o seu 919 Hybrid e a incapacidade de lançar um carro totalmente novo para o próximo ano.

 

Um congelamento dos atuais regulamentos LMP1 e acordo com a Toyota para permanecer com os mesmos projetos chassi (Porsche e Toyota concordaram em permanecer com o mesmo chassi até o final da temporada 2019 FIA World Endurance Championship, de acordo com Porsche LMP1, Diretor-Chefe da equipe Andreas Seidl). Foi justamente sobre Seidl que caíram as perguntas sobre uma possível saída da Porsche do campeonato de endurance no final do ano, em meio a preocupações com a competitividade do carro e questões crescentes sobre o futuro a longo prazo da LMP1. Até mesmo as conversas em torno do retorno da Peugeot, vir a se juntar ao campeonato em 2020, quando um novo conjunto de regulamentos baseados em híbridos deverá ser introduzido, parece ser cada vez mais improvável se comprometer devido a custos.

 

Em sua coluna (Pit Wall), meu primo, Mauricio Paiva, abordou – com sua “ótica particular” – a questão da categoria LMP1 e como a categoria era restrita, ao passo que o novo regulamento da LMP2 ampliava as possibilidades e estava demandando um crescimento do grid, até mesmo com um certo risco desta se tornar uma categoria mais atrativa para o público por ser protagonista de disputas entre vários carros e equipes.

 

A grande questão, neste caso, vai além do volume de investimento que os LMP1 tem exigido dos fabricantes que possuem equipes na classe e fazem o uso de seus êxitos uma ferramenta de mercado para alavancar vendas, mas que tem no “laboratório” da categoria a melhor forma de coleta de informações para os projetos de sistemas híbridos no cenário automobilístico.

 

Com a velocidade dos processos de modernização nos dias de hoje, as exigências pra que novas e melhores soluções e sendo a Porsche uma marca alemã, a pressão é maior. Afinal o governo decidiu proibir a produção de carros com motores de combustão interna a partir de 2030 e a circulação de qualquer veículo com este tipo de motorização em seu território a partis de 2050. Sendo assim, não basta “apenas” ser híbrido, tem que emitir zero poluente para a atmosfera.

 

O WEC exige pelo menos dois fabricantes na classe superior por contrato com a FIA, que foi recentemente renovado até 2020. Os representantes da FIA e do ACO, entretanto, devem revelar o seu novo conjunto de regulamentos LMP1 nesta sexta-feira, apesar da crescente preocupação interna pelo futuro de pelo menos um dos principais atores da turma.

 

Diante disso, caso a Porsche decida realmente deixar a categoria, seja este ano, seja em 2018, tal decisão lançará sérias dúvidas sobre o futuro da classe LMP1 e do WEC em geral caso os promotores da categoria não encarem a possibilidade de encarar a LMP2 como o futuro carro-chefe do evento.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva