A prova do Sette! Print
Written by Administrator   
Thursday, 14 July 2016 00:11

Caros Amigos, alguns dos nossos estimados leitores com mais vivência neste mundo vão lembrar que, há algumas décadas, antes da popularização das máquinas de calcular, ensinava-se na escola a “prova dos nove”. Era uma maneira de testar se os cálculos com números inteiros não continham erros. Honestamente, não lembro mais como era feito e meus filhos nunca ouviram falar.

 

A verdade é que a prova dos nove não era um método infalível para se verificar estes erros. Em alguns casos, não funcionava. Para isso havia uma outra “prova”, que era a “prova real”. Tanto uma como a outra tiveram sua utilização descontinuada e pararam de ser difundida nas escolas.

 

Usando a primeira como uma referência numérica e fazendo um trocadilho que espero não seja tomado como infame, nesta semana estaremos vivendo a “prova do Sette”. Meu conterrâneo e muito discreto Sérgio Sette Câmara vai acelerar pela primeira vez um carro de Fórmula 1 em um autódromo, numa sessão de testes oficiais da categoria como piloto do programa de jovens talentos da Red Bull. Seu dia na pista coincide com a conclusão desta coluna que é publicada às quintas-feiras.

 

Sem causar alarde, Sérgio Sette Câmara foi para a Europa pela primeira vez para correr de kart, disputando campeonatos oficiais enquanto corria aqui no Brasil. Em 2014, correndo de kart na Europa, no brasileiro de Fórmula 3 aqui no Brasil e buscando possibilidades, conseguiu a participação em uma das rodadas triplas no Campeonato Europeu de Fórmula 3, categoria que foi escolhida para tentar alçar o vôo em direção ao sonho de chegar à Fórmula 1.

 

No ano passado, sua presença no Campeonato Europeu de Fórmula 3 (depois de ter disputado uma prova em 2014, na Itália) foi, inicialmente, ofuscada pela presença do sobrenome famoso (Fittipaldi) que também alinhava na categoria. Pietro, neto do supercampeão e Nobre do Grid, Emerson Fittipaldi, que chegava não apenas com o sobrenome famoso, mas também com um enorme suporte financeiro.

 

Independente disso, porque na pista sobrenome não fala mais alto do que talento, embora este possa ser ofuscado pelo volume de recursos que a equipe tenha para investir no carro, prejudicando um piloto com mais potencial em função de outro que tenha mais recursos, Sérgio Sette Câmara andou regularmente na frente de Pietro, conquistando dois pódios e conseguindo mostrar seu potencial ao ponto de vir a ser observado pelo olhar sagaz de Helmut Marko, que o integrou na equipe de jovens pilotos da Red Bull.

 

Este ano, tendo mais um sobrenome famoso para dividir espaço com ele na bandeira nacional para a temporada da Fórmula 3 Europeia – Pedro Piquet – Sérgio Sette Câmara tem usado a experiência adquirida em uma temporada completa cumprida no ano anterior para mostrar ainda mais do que é capaz de fazer. Após cinco etapas, disputadas em rodadas triplas, o mineiro está na sétima posição na classificação geral, com 89 pontos.

 

Depois de fazer uma apresentação com um carro da equipe Toro Rosso em um evento publicitário no início do ano, chegou a hora de levar o capacete e o coração para um “teste de fogo”. Lá estaria Sérgio Sette Câmara ao volante da Toro Rosso em Silverstone, sob o olhar de todo o mundo da Fórmula 1 para cumprir um dia de testes com a equipe.

 

É bom lembrar para as pessoas menos familiarizadas com as coisas da Fórmula 1 atual, e saudosistas dos tempos em que tivemos fenômenos ao volante, capazes de rivalizar e superar em suas primeiras experiências ao volante os pilotos titulares dos carros onde sentaram, que nos testes de hoje em dia, os pilotos tem que cumprir programas estabelecidos pela equipe e que a avaliação deles é feita em função da capacidade de retorno que eles são capazes de dar em termos de dados, de aferição. Sendo assim, os 3,3 segundos de diferença em relação à volta mais rápida do dia não pode ser julgada como um tempo ruim ou um desapontamento.

 

Todos sabemos o quão cruel e impiedoso é Helmut Marko em suas críticas, avaliações e decisões (Daniil Kvyat, Jaime Alguersuari e Jean-Eric Vergne que o digam) e o brasileiro não teria tido esta oportunidade se não fosse bem visto por ele. Outras oportunidades virão. Quem sabe tenhamos um brasileiro com chances de chegar à categoria pais pelo investimento nele do que pelo investimento dele!

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva