O churrasco na laje de Interlagos! Print
Written by Administrator   
Wednesday, 11 November 2015 09:06

Caros amigos, durante praticamente todo o ano de 2015 o Autódromo Internacional de Interlagos ficou fechado para obras consideradas importantíssimas, ou mesmo vitais, para que o autódromo Paulista, o único com certificação FIA1 do Brasil, pudesse continuar recebendo a categoria mais importante do esporte a motor do mundo.

 

Para quem não se lembra, e as pessoas no Brasil possuem uma memória incrivelmente curta, em 2013 Bernie Ecclestone fez pesadas críticas às estruturas que o Autódromo Internacional de Interlagos e ameaçou tirar a corrida da capital paulista, mesmo com os elogios que sempre fez ao traçado.

 

É bem verdade que o senhor Ecclestone é famoso por suas ameaças, seus ‘factoides’ e sua incrível capacidade de negociação onde ele quase sempre leva vantagem. Sendo assim, podemos considerar um certo relativismo no tom ameaçador de suas declarações, contudo, com a quantidade de países querendo pagar aquela fortuna que ele exige para levar a Fórmula 1 para seus respectivos países e parceiros comerciais, esse era um tipo de risco que eu, na posição de gestor, preferiria não correr, principalmente agora, com o autódromo de Termas de Rio Hondo na Argentina com a mesma classificação FIA1 e um público que lota autódromos em todos os finais de semana, algo que nem a Fórmula Truck e nem a Stock Car estão conseguindo fazer nos últimos tempos.

 

Uma coisa que muitos os nossos leitores, acostumados com a dinâmica que os blogs possuem, reclamam em seus emails para nós é a falta de um espaço para se comentar as nossas colunas, entrevistas, enquetes e demais artigos, algo que temos procurado minimizar, colocando os links do que publicamos nas redes sociais e temos aqueles que buscam interagir mais, escrevendo para nós com seus comentários, solicitações e outras coisas. Até pedido de casamento já tivemos.

 

Mas, voltando o foco para Interlagos, foi justamente por email que recebemos uma grande quantidade de fotos de como decorreram as obras em Interlagos e como está o autódromo hoje, faltando poucos dias para a largada do GP Brasil de Fórmula 1... e eu não gostei nem um pouco do que vi!

 

As fotos de obras inacabadas, blocos de cimento aparentes, lajes sem tratamento e paredes sem pintura me levaram imediatamente ao que nosso enviado presenciou quando da reabertura do Autódromo Internacional de Cascavel... e hoje como estão as estruturas de boxes e camarotes do autódromo paranaense, com sérios problemas de infiltração.

 

Uma imagem vale mais do que mil palavras e o que se vê nas fotos que as obras que deveriam ter sido entregues nesta primeira etapa vão dar um aspecto de “churrasco na laje das favelas do Rio de Janeiro”: A vista da laje é ótima, mas “vai desculpando aí o improviso”.

 

O espaço para se transitar no paddock de Interlagos é incrivelmente apertado e isso dificulta não apenas o trânsito das pessoas, mas também o trabalho das equipes, que não tem onde ou como manter os caminhões (no caso aqui do Brasil os containers) de materiais próximos, ficando os mesmo bem distantes.

 

Não há como negar, contudo, que houve um ganho. Ganhou-se espaço, ganhou-se organização, ganhou-se capacidade de locomoção, mas ainda assim, todos esperavam um espaço maior, algo que a topografia do local não permite, mas que poderia ter sido feito de outra forma e possibilitando uma forma mais racional de se usar o espaço.

 

O grande problema mesmo é o atraso das obras. Quem caminha pelo paddock observa o guarda corpo de vidro do andar de cima da edificação das equipes ainda por ser concluído, como tantas outras coisas na obra. Sobre a laje da edificação já existe outra construção, mas ainda na fase de bloco de concreto, sem acabamento, janelas, portas. Ela servirá como área de serviço para o paddock club, localizado sobre os boxes.

 

O mais lamentável de tudo isso é que, infelizmente as obras no Brasil não conseguem cumprir cronogramas de execução e deixam muito a desejar no quesito “importância do acabamento”, que muitos podem ver como questão supérflua, mas que no fundo não deixam de ser reveladoras e, pior, com a quantidade de estrangeiros vindo e vendo nosso “improviso”, passarão – mais uma vez – uma imagem negativa do país para o mundo.

 

A pergunta é: pra completar o serviço vão levar uns pagodeiros e aquele “perfumado churrasco de gato” ou vão querer “gourmetizar a laje”? Eu aposto na segunda opção.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva