O projeto Nasr para a F1. Print
Written by Administrator   
Wednesday, 10 December 2014 23:39

Caros Amigos, nestes tempos bicudos de grid reduzido, ameaça de greves das equipes endividadas e da busca por novos e absurdos valores para se conseguir se manter em seu lugar na Fórmula 1, a notícia da assinatura do contrato por duas temporadas de Luiz Felipe Nasr com a Sauber foi a grande notícia do final de semana do GP Brasil de Fórmula 1.

 

Desde que foi para o kart, a carreira do filho do Samir e sobrinho do Amir, do Emir e do Rihad vem sendo preparada para que ele chegasse aonde o tio, que vai pra pista sempre com ele e que pode ser visto nas etapas da Copa Petrobras de Marcas nos domingos aqui no Brasil, tentou chegar 30 anos atrás.

 

Foi muito pouco tempo correndo aqui no Brasil em termos de carros com monolugares, mostrando que nem mesmo com a estrutura excepcional que “os beduínos do planalto”, como bem escreveu nosso Editor Chefe quando esteve em Brasília, possuem no prédio branco ao lado do autódromo de Brasília tinham a capacidade de mudar o cenário do automobilismo local.

 

Todo o planejamento de carreira elaborado pelos Nasr para a carreira de Felipe foi metodicamente calculado e mesmo naquela passagem, em 2012, Samir Nasr afirmava que Felipe já tinha um ‘budget’ de 10 milhões de dólares para investimento nos passos seguintes da carreira para estabelecer-se na Fórmula 1.

 

Não adianta negar o obvio: sem uma mala de dinheiro, por melhor que seja o piloto, chegar à Fórmula 1 – há muito tempo – está longe da dependência majoritária do talento Muito além das churumelas de Jolion Palmer, reclamando do fato de ter sido campeão da GP2 e não ter conseguido um lugar no grid enquanto “um adversário batido regularmente conseguiu”, numa clara alusão ao êxito de Felipe Nasr em conquistar a vaga na Sauber.

 

Esquece-se o ingleszinho, filho do mediano piloto Jonathan Palmer, que conta com fortes canais de influência junto à FIA e a Bernie Ecclestone (isto ele não fala) e que nos tempos de Max Mosley como presidente da FIA chegou a ter uma categoria (a Fórmula 2), de que, quando esteve na mesma equipe que Felipe Nasr, foi “regularmente batido” pelo brasileiro, que ficou bem distante à sua frente na tabela do campeonato (154 x 119).

 

Logicamente que o pacote levado por Felipe Nasr para a assinatura de contrato com a Sauber (cerca de 24 milhões de dólares – estimado, não confirmado) para dois anos talvez fosse uma quantia da qual Jolion não dispuzesse, mas provavelmente Esteban Gutierrez, piloto mexicano que contava com o apoio do magnata Carlos Slim teria como conseguir... e nesta hora o potencial de Felipe certamente pesou.

 

O caso de Jolion Palmer não é o único. O campeão do ano anterior, Fabio Leimer (assim como o terceiro colocado, James Calado) foi parar no Mundial de Endurance, correndo em carros de GT. Antes deles, Davide Valsechi também não conseguiu mais do que um lugar como piloto de testes. Pior ainda foi o caso de Giorgio Pantano, que nem isso conseguiu após ser campeão daquela que deveria ser a “categoria de acesso” à Fórmula 1.

 

O msmo acontece com o “caminho alternativo” da World Series by Renault, onde em 2011 o canadense Robert Vickens derrotou os pilotos da Red Bull, Daniel Ricciardo e Jean-Eric Vergne e, sem espaço para a Fórmula 1, seguiu para o DTM onde já conquistou um título pela BMW.

 

A forma como Felipe Nasr chegou na Fórmula 1, com suporte financeiro ou não, seguiu uma trajetória bem estabelecida, na contramão do que vimos com com Max Verstappen, um piloto onde todas as fichas do mundo foram colocadas de uma vez só. Sem querer trazer maus agouros para o adolescente holandês, lembrei-me de Jaime Alguersuari, também tido como um prodígio que, após 3 anos na Toro Rosso, foi descartado como um bagaço de laranja e nem sei por onde anda.

 

O contrato de Felipe Nasr é de dois anos. São dois anos que ele tem para mostrar quão bom ele é e, quem sabe, com o final do contrato de Felipe Massa em 2016 haja uma “renovação natural” na equipe (sem desejar nada de mal ao “veterano Felipe”) e Nasr volte a pilotar para a trocicional equipe inglesa.

 

Só depende de você Felipe, e queremos todos ouvir seu nome, positivamente, nas transmissões, mesmo com os nossos narradores insistindo em pronunciar seu sobrenome erradamente.

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva