A Genética x O Capital! Print
Written by Administrator   
Thursday, 10 April 2014 06:32

Caros amigos, Neste final de semana tivemos uma corrida simplesmente espetacular na Fórmula 1 e praticamente todos os comentaristas de todos os veículos de mídia enalteceram – com razão – tem muito a ser comemorado, mas neste mesmo final de semana, outros dois fatos chamaram a minha atenção.

 

No tradicional circuito de Tarumã, o mais veloz do Brasil, Pedro Piquet, de 15 anos, estreou na Fórmula 3, agora categoria nacional, e sem nenhum problema com a idade, uma vez que para competições internas, a legislação nacional, que considera o piloto “no ano em que o mesmo completar 16 anos” (para competições da FIA, seus afiliados tem que respeitar o regulamento que exige que o piloto tenha completado 16 anos).

 

É o quarto filho do tricampeão Nelson Piquet a seguir carreira no esporte a motor (Geraldo, o mais velho, é piloto da Fórmula Truck. Laszlo, disputa provas de motociclismo. Nelson Ângelo disputará este ano a Blancpain Sprint Series), o terceiro no automobilismo e, pelo menos até o momento, seguindo os passos do antecessor, Nelson Ângelo, mas com uma diferença: desta feita o patriarca e tricampeão do mundo não montou uma equipe própria como fez na década passada. Pedro está correndo na equipe de Augusto Cesário.

 

Todos sabemos o quanto o poder do dinheiro interfere no automobilismo (Não é algo novo, nos anos 50, no início da Fórmula 1, isso já existia) e muitas “línguas ferinas” não demoraram a colocar na conta do suporte financeiro que a equipe Cesário Fórmula estaria recebendo para justificar o excelente desempenho de Pedro – vencedor das duas provas da rodada dupla – e, por consequência – de Vitor Baptista, que disputa a categoria Light na mesma equipe.

 

Nelson Piquet, o pai, parece ter “mudado a estratégia” no desenvolvimento da carreira de Pedro em relação ao que fez com Nelson Ângelo. Pedro tem, aparentemente, trabalhado com um ‘bugget’ menor, com menos investimento em equipamento, forçando-o a trabalhar mais para obter resultados, enquanto Nelson Ângelo teve recursos fartos em seu caminho da Fórmula 3 até a GP2, sempre com uma equipe particular.

 

Tais comentários surgiram depois da primeira corrida da rodada dupla onde Pedro teve problemas na largada e foi ultrapassado por todo o pelotão. Graças a uma providencial bandeira amarela, mesmo em último lugar, ele pode agrupar-se aos demais carros e então passar um por um, tomar a ponta, faze a volta mais rápida da prova e vencer com uma vantagem confortável. Na segunda prova, largando em 6º – devido a regra do grid invertido – repetiu o feito e conquistou mais uma vitória.

 

Enquanto isso, do outro lado do oceano atlântico, em Rockingham, na Inglaterra, Pietro Fittipaldi, pilotando pela atual equipe campeã – a MGR – venceu a corrida de abertura da Fórmula Renault inglesa, liderando a corrida praticamente de ponta a ponta depois de ultrapassar Alex Gill e Ben Barnicoat, ambos da Fortec, e chegar no final com mais de 5 segundos de vantagem.

 

O neto do bicampeão mundial de F1, duas vezes vencedor das 500 Milhas de Indianápolis e Campeão da Fórmula Indy, Emerson Fittipaldi, disputa este ano sua segunda temporada a bordo dos monopostos de Fórmula, um carro com o qual – antes de 2013 – ele teve alguns poucos contatos de teste nos Estados Unidos.

 

Pietro está, talvez, um ou dois passos adiante de Pedro no caminho que poderá levá-los à Fórmula 1. Contudo, o fato de terem um sobrenome de peso e um evidente talento para o automobilismo já ficou claro que isso não é nenhuma garantia de sucesso. Que o Digam Christian Fittipaldi, Nelson Ângelo Piquet, Mathias Lauda, Nicolas Prost e Bruno Senna.

 

No grid da GP2, no último final de semana estavam lá Jolyon Palmer e Connor Daly, filhos de Johnatan Palmer e Derek Daly, pilotos com passagens pela Fórmula 1. No grid da Fórmula 1, Nico Rosberg, filho de Keke Rosberg. Não é apenas no Brasil que o “DNA das pistas aparece”, contudo, se formos fazer uma análise de resultados, apenas três dos filhos de pilotos do passado tiveram êxito na conquista de títulos importantes (Damon Hill em 1996 e Jacques Villeneuve em 1997 na Fórmula 1 e Nico Rosberg na GP2 em 2005). Os demais – filhos e sobrinhos – não conseguiram firmar-se ou até mesmo chegar à maior das categorias.

 

Ponderemos: além de um sobrenome e uma possível “herança genética” não ser garantia nenhuma de que o “piloto-herdeiro” conseguirá feitos tão grandes ou maiores que os dos seus antecessores, principalmente se levarmos em conta a forma como vem sendo feita a preparação dos pilotos... em termos financeiros!

 

Não há fórmula mágica ou talento latente que consiga ir de encontro ao poder de uma mala cheia de dinheiro. Está aí o Pastor Maldonado para comprovar. Passou 5 anos fazendo lambança na GP2 até que o governo do falecido Hugo Chavez “comprasse um lugar na equipe certa” e ele conseguisse o título da categoria. Depois, fizesse o segundo maior pacote de investimento de uma só empresa em um piloto (o maior é o do banco Santander no Fernando Alonso) e o colocasse na Williams.

 

Talvez por isso, tanto Pietro Fittipaldi (associado ao grupo TELMEX/CLARO/EMBRATEL de Carlos Slim) quanto Pedro Piquet, que por enquanto ostenta como principal patrocinador a Autotrac – empresa do pai – provavelmente tentem a outra via de acesso (que não garante nenhuma redução de investimento ou sucesso), que é a entrada em um dos “programas de jovens pilotos” que as equipes de Fórmula 1 tem feito até mesmo para já ir “levando algum” para pagar suas pesadas contas.

 

E cada vez mais o automobilismo vai deixando seu caráter esportivo e expondo o seu caráter comercial!

 

Enquanto isso, no balcão do cafezinho...

 

Depois da confusão causada pela divulgação de que Corinna Schumacher estaria montando uma unidade hospitalar em casa, ao custo de 10 milhões de libras, por parte do tabloide “The Sun”, fato este negado pela assessora de imprensa da família, Sabine Kehm, diante da falta de notícias sobre o estado de saúde do heptacampeão, o que só leva a muitas especulações diante do sempre repetido “crítico porém estável”.

 

Contudo, no final de semana do GP barenita, em mais um comunicado enviado à imprensa, Sabine Kehm “mudou a redação” e deu uma notícia cautelosamente animadora, informando que o quadro clínico de Michael Schumacher está progredindo e que ele mostra momentos de consciência e despertar. A nota endossou que todos estão ao lado dele familiares, equipe médica e fãs, nesta batalha longa e difícil. No final, agradeceu o apoio e o carinho dos fãs, mas pediu novamente compreensão por não esmiuçar a situação do seu cliente, dizendo ser isso necessário para proteger a privacidade de Michael e de sua família e para e permitir que a equipe médica trabalhe com a calma necessária... o que não deixa de ser verdade.

 

Numa espécie de “endosso” do que foi anunciado por Sabine Kehm, dois jornais europeus atestaram a evolução do quadro do piloto quase 100 dias de internação. De acordo com ‘La Gazzetta dello Sport’ e ‘Bild’, o alemão move os olhos e responde a vozes. Além disso, Jean Alesi, e-piloto da Ferrari, disse no paddock barenita que tem feito visitas constantes a Schumacher no hospital francês e que a família está mais tranquila com a reação à estímulos que tem sido feitas. Inicialmente eram físicos, agora, ele já reage a estímulos de voz.

 

Quem também “reagiu à estímulos de voz” foi boa parte da cúpula da Fórmula 1 por conta da afirmação por parte de Sebastian Vettel de que o som dos motores dos carros desta temporada é uma M!

 

Jean Todt, presidente da FIA, foi ao Bahrein para ter uma “conversa olho no olho com o atual tetracampeão mundial. Antes disso, de acordo com o o site ‘Autosport’, Jean Todt enviou uma correspondência oficial por parte da FIA , onde não proibia ou criticava o fato do piloto ter uma opinião e que expressasse-a, mas condenou o uso de palavras de baixo-calão.

 

O rabugento homem forte e sócio da McLaren, Ron Dennis, também reagiu negativamente às palavras de Sebastian Vettel em entrevista para a ‘Sky Sports”, lembrando que ele – Vettel – como campeão mundial, tem certas obrigações com o esporte e que não tem o direito de atacar o esporte simplesmente por sua fase de domínio ter chegado ao fim.

 

O quase sempre “de boa” Jenson Button foi até mais enfático: “não está satisfeito? Vai correr em outra categoria”! Definitivamente, o “M” – apesar de para muitos ser real – não foi bem recebido.

 

Quem parece que vai ser mesmo bem recebido (no caso, bem recebidas) são as futuras novas equipes. O Bom Velhinho anunciou que o grid da F1 deve ganhar mais duas equipes muito em breve, embora tenha se recusado a dizer se já seria em 2015 ou apenas em 2016. Ele e Jean Todt se reuniram Sakhir e Bernie revelou que o plano de abrir mais duas vagas foi aceito.

 

Todos já sabemos que há um enorme interesse por parte de Gene Haas, também dono de equipe na NASCAR, em entrar para o circo Fórmula 1, bem como da categoria fincar o pé na terra do tio Sam. Desejos à parte, em termos de questões técnicas, devem ser levados em conta a capacidade técnica, os recursos (leia-se bolso cheio), experiência e o valor que o candidato pode trazer ao campeonato como um todo. Estão todos ainda bem rescaldados por conta da Hispania.

 

Os custos atuais na Fórmula 1 chegaram a um ponto em que existe mesmo um temor de falência por parte de alguns times (olhem o que está acontecendo com a ‘Nega Genii’) e toda a mudança do pacote tecnológico para este ano não contribuiu em nada – ao menos à curto prazo – para uma redução dos custos das equipes.

 

Devido a isso, de acordo com Jean Todt, Os planos de criar um teto orçamentário na F1 em 2015 foram “para o vinagre”! No ano passado, a entidade havia anunciado que pretendia aplicar um plano de limite de custos na próxima temporada e que esperava um acordo com as equipes até junho de 2014. Contudo, seis representantes do “Grupo de Estratégia da F1” – Red Bull, Ferrari, Mercedes, McLaren, ‘Nega Genii’ e Williams – posicionaram-se contrarias à proposta no último mês de março.

 

Foi consenso entre as seis (que no fundo acabam sendo sete por causa da Toro Rosso) a dúvida sobre o efetivo funcionamento da proposta. Em contrapartida, sugeriam usar os regulamentos técnicos e esportivos para promover um corte nos custos.

 

Jean Todt mostrou-se um tanto frustrado com a mudança de posição de algumas equipes e insistiu em afirmar que o limite de custos poderia, sim, funcionar e que regular os gastos por meio de de restrições no regulamento será mais complicado. Essa disputa o Bom Velhinho ganhou!

 

Outra vitória que ele conseguiu, endossado pelos protestos no mundo todo em relação ao som dos motores atuais da categoria, um grupo de análise deve ser criado pela FIA para estudar alternativas viáveis e exequíveis na tentativa de tornar o som dos motores mais alto, segundo foi publicado pela revista ‘Autosport’.

 

Dirigentes e chefes de equipes da F1 concordaram em estudar formas de melhorar o barulho dos carros, depois das várias reclamações, de fãs a promotores de provas neste início de temporada 2014. Após uma série de reuniões no Bahrein, neste último final de semana eles tiveram que admitir... que o Vettel tinha razão!

 

Em maio haverá uma sessão de testes coletivos em Barcelona, após a corrida e, desta vez, com todos presentes, sem capacetes brancos, sem segredos. Há a possibilidade de que uma revisão dos motores seja feita durante os testes, contudo, dizer que vão encontrar uma solução assim, a curto prazo, é algo complicado de ser feito.

 

Mas antes disso – e com os corações voltando ao ritmo normal de batimento após a corrida do domingo passado, os carros voltaram para a pista nesta terça e quarta-feira para dois dias de treinos coletivos. Além de mais um “passeio” das Mercedes, para “esquentar as cabeças da concorrência”, uma disputa fora da pista está fazendo a temperatura subir.

 

A McLaren conseguiu “roubar” da Red Bull o até então braço direito de Adrian Newey, Peter Prodromou, da equipe austríaca. O contrato – que já deve estar assinado e bem guardado na gaveta do Ron Dennis – teve sua “saída de licença”, pela equipe rubro taurina, em uma nota, onde agradeceu pelos anos de valoroso trabalho... quase num tom de despedida. Oficialmente o contrato de Prodromou termina no final do ano, mas com o sua ida para a McLaren, porque mantê-lo com livre acesso ao desenvolvimento do carro deste ano, que já mostrou ser bom?

 

Tido como membro valioso no desenvolvimento de aerodinâmica dos carros que deram o tetra campeonato à Sebastian Vettel, onde era o chefe, sua saída pode ser considerada uma baixa considerável. No entanto, a equipe austríaca deu um “troco à altura... e com requintes de crueldade”.

 

A Red Bull anunciou a contratação de Dan Fallows e informou no comunicado que ele assumirá imediatamente o cargo de chefe de aerodinâmica da equipe (ele fez parte do departamento de aerodinâmica da Red Bull por bastante tempo antes de se desligar do time durante a temporada de 2013, indo para a McLaren).

 

Indagado por telefone, Éric Boullier – furioso certamente – disse que Fallows tem contrato ativo com seu time e que, caso se dê tal quebra de contrato, na forma em que foi anunciada, a McLaren teria subsídios para entrar com uma ação judicial contra seu – agora – ex-funcionário e a equipe concorrente. Enquanto isso, olha a Mercedes lá... na frente!

 

Voltando ao final de semana, tivemos o início da temporada da GP2, que este ano conta com dois brasileiros – André Negrão e Felipe Nasr. Infelizmente, as coisas não correram muito bem nessa abertura. Nem para o novato – André – nem para o “veterano” – Felipe, que não podia ter cometido os erros que cometeu.

 

Primeiro, uma bobagem de uma disputa – em treino – com Johnny Cecotto, uma rixa que vem desde o ano passado e que, desta vez, fez Felipe perder 3 posições no grid (caindo de 8º para 11º) da primeira corrida. Com a “valorosa ajuda do estrategista da equipe”, foi preciso “remar muito” para conseguir o 8º lugar, posição que deu a ele a ‘pole’ para a corrida do domingo.

 

No domingo, contudo, uma  largada desastrosa colocou tudo a perder. Felipe caiu para a quinta posição e só conseguiu recuperar uma, chegando em quarto lugar. O carro é bom, a prova disso foi o desempenho do seu companheiro de equipe, Julian Leal. Cabe agora ao piloto de testes da Williams mostrar mais serviço. Do estreante há pouco a se falar.

 

O outro assunto da semana foi a definição das duplas da equipe brasileira na Blancpain Sprint Series. O quarto integrante a assinar contrato foi o piloto do time no ano passado, Sergio Jimenez. E Jimenez vai, segundo o informado, fazer dupla com Cacá Bueno, deixando no outro carro, o estreante na categoria, Nelson Ângelo Piquet ao lado do gaúcho Matheus Stumpf, que disputou o campeonato do ano passado em outra equipe.

 

A grande surpresa, uma vez que pilotos com larga experiência em carros de gran turismo como Allam Khodair, Daniel Serra e Bruno Senna, foi a indicação de Felipe Fraga como “piloto reserva” do time e, inicialmente escalado para substituir Piquet em duas etapas por conflito de datas do titular com o campeonato.

 

O mais jovem vencedor de uma etapa da Stock Car acabou sendo (indiretamente) protagonista de uma das mais divertidas estórias dos últimos tempos. No último final de semana alguns desavisados deram como “chocosa notícia”, uma infame “pegadinha de primeiro de abril”. Comentaram, ponderaram... e passaram vexame ao vivo, na televisão. Pior que isso foi a reação, que poderia ser bem humorada, mas passou por arroubos de indignação e até mesmo a menção de “processo judicial”. É muita “otoridade”, viu?

 

Um abraço e até a próxima,

 

Fernando Paiva