Red Bull bem além da exposição Print
Written by Administrator   
Friday, 10 February 2012 19:11

 

 

Expor carros de corrida é uma tática comum entre empresas envolvidas no esporte a motor. Tal manobra é encarada como uma excelente possibili-dade para atrair fãs de automobilismo a um local onde a marca possa oferecer produtos, serviços. Ou simplesmente para dar um ar temático a eventos reservados à imprensa ou ainda a festas do próprio time. No entanto, os bólidos em questão nem sempre possuem um histórico nas pistas ou estão em sua composição original. É muito comum ver carro de dois, três anos atrás, com uma pintura mais recente. Aos obser-vadores, isso pode até passar batido. E não é nenhum demérito. Afinal, muitos acompanham essas máquinas somente pela televisão.

 

Na semana posterior do último Grande Prêmio do Brasil, em Interlagos, a Red Bull organizou um evento em um famoso hotel no Morumbi, zona sul de São Paulo. Um de seus carros estava por lá, no estacionamento do hotel. Bem diferente da maioria das exposições, o monoposto não ficava sob qualquer tipo de isolamento. Você podia observar detalhes e tirar fotos próximo ao carro. Tocá-lo. Sem frescuras.

 

 

Não é todo dia que a gente encontra um F1 ali, parado, pertinho de você e ao seu alcance para andar em volta, fuçar, fotografar... 

 

Quando vi o monoposto, ainda à distância, pensei que se tratava do RB6. Modelo da equipe austríaca na temporada 2010. Por quê? Simples: foi justamente nesse ano em que o número cinco estampou um carro da Red Bull. Única vez em sete temporadas do time na Fórmula-1. Contudo, quando me aproximei do carro – que não tinha sequer uma placa com informações disponível, notei que a situação era diferente. Um “pouco” diferente.

 

Para começo de conversa, as rodas dianteiras possuíam calotas aerodinâmicas, itens banidos da Fórmula-1 ao fim da temporada 2009. Os pneus eram da Bridgestone, fornecedora da categoria até 2010. E o mais importante: os rodantes possuíam quatro ranhuras, algo presente no regulamento técnico da Fórmula-1 de 1997 a 2008.

Bem... As rodas só podiam ser de 2008.

Mas será que o resto do carro era?

Logo, reparei um detalhe interessante. Os aerofólios do Red Bull se estendiam até a parte interna dos pneus. Em 2009, por conta da busca por um pacote aerodinâmico que facilitasse ultrapassagens, o aerofólio traseiro dos carros tornou-se mais estreito. Já o dianteiro ganhou em comprimento, sendo projetado até a linha externa dos pneus. Sem se esquecer que a frente do monoposto em exposição era caída. Desde 2009, os carros da equipe da fábrica de bebidas energizantes possuem “nariz alto”.

 

Peças juntadas. O monoposto era de 2008. O RB4. Da época em que a Red Bull não dava asas aos seus carros. Sequer fazia sombra ao rendimento dos últimos dois anos, quando faturou quatro títulos. Um terceiro lugar no GP da Alemanha, com Mark Webber, 29 pontos e o sétimo posto entre 11 equipes no Mundial de Construtores. E nada mais.

 

 

Os retrovisores do carro (detalhe em amarelo) estão nos "side pods" do carro, como usados na abertura do campeonato de 2008, na Austrália (foto 1). Na 3ª prova, no Bahrein, eles já estavam mais próximos do cockpit (foto 2).

 

Mistério desvendado? Em partes. Por que não buscar informações sobre quais foram os Grandes Prêmios que o carro poderia ter disputado?

  

Há uma característica que, sinceramente, chamou minha atenção apenas após conferir as fotos que tirei do RB4. Trata-se do posicionamento dos retrovisores, nas extremidades dos sidepods do monoposto. Ao analisar fotos da temporada 2008, descobri que (pasme!) essa configuração foi usada em apenas um Grande Prêmio: o de abertura daquele campeonato, na Austrália. Detalhe curioso – e que nem lembrava mais – é que David Coulthard se envolveu em um acidente com Felipe Massa na prova. O escocês reclamou da localização dos retrovisores em seu carro e, na corrida seguinte, na Malásia, a equipe instalou as peças mais próximas ao cockpit do bólido.

 

 

Detalhe do cockpit e do volante do carro de 2008. Quanta diferença do que vemos nos volantes de hoje, apenas 4 anos depois. 

 

Por falar em cockpit, o volante foi uma das peças do carro que mais me impressionou. Não propriamente pelo número de botões. Mas, ao tocá-lo, percebi que as aletas de troca de marcha eram ainda mais sensíveis e leves do que imaginava. Parece videogame! Pensei até na possibilidade de ser uma réplica, mas logo dei conta que havia um selo da FIA e uma etiqueta com alguns números. Sem se esquecer de um detalhe precioso: uma figura do circuito de Sakhir, Bahrein, ao centro do volante. Ou seja, indício que a peça pode ter sido usada na etapa barenita, terceira da temporada 2008.

 

Carros de 2008, posicionamento de retrovisores presente no monoposto em Melbourne, volante possivelmente usado em Sakhir... Mas não para por aí. As laterais do aerofólio traseiro possuíam um desenho bastante diferenciado. Procurar as corridas em que o tal aerofólio deu as caras tornou-se questão de honra.

 

 

David Coulthard no GP da Itália em 2008. A lateral do aerofólio em destaque (acima, à esq) é um pouco diferente do visto no carro exposto (acima à dir). 

 

No bom e velho português, fucei o canal de imagens do media site da Red Bull de cima a baixo. Após bastante tempo de pesquisa, encontrei o dito-cujo em ação. Apenas no Grande Prêmio da Itália de 2008. Sim, aquele mesmo vencido por Sebastian Vettel, a bordo de um Toro Rosso.

 

Carros de 2008, posicionamento de retrovisores presente no monoposto em Melbourne, volante possivelmente usado em Sakhir, aerofólio traseiro igual ao da prova em Monza... Não descarto a possibilidade de que esse carro já tenha ido às pistas, para uma corrida. Mas certamente jamais foi a um Grande Prêmio com tamanha “variedade” em sua composição.

 

De qualquer modo, Nice to meet you Red Bull RB4!

 

Abraços,

 

Rafael Ligeiro

 

 

Last Updated ( Saturday, 11 February 2012 17:18 )