A corrida de Felipe Print
Written by Administrator   
Monday, 29 July 2013 23:42

Olá fãs do automobilismo,

 

Falar sobre a agenda aqui do consultório após um GP de Fórmula 1 é quase como tirar doce de uma criança, tamanha é a procura por horários, encaixes e até “consultas fora do expediente”.

 

A agenda da semana começou com os pacientes regulares, contudo, decidi eu mesma fazer uma pequena alteração por uma questão pessoal: ando particularmente preocupada com o Felipe.

 

No recesso entre o GP da Alemanha e o da Hungria e logo após o GP Magiar, conversamos muito sobre presente e futuro.

 

Felipe passou por momentos de grande tensão na temporada passada, com seu lugar na Ferrari sendo constantemente questionado. Fizemos um grande trabalho juntos e a sua reação no campeonato acabou por garantir a renovação de contrato por mais um ano.

 

O início de 2013 foi promissor. Largando constantemente à frente de Fernando Alonso, mesmo não conseguindo – ou não podendo – chegar na frente do espanhol, Felipe veio fazendo boas corridas até o GP da Espanha, quando voltou ao pódio, de onde esteve longe por mais de dois anos. Contudo, depois de Barcelona os problemas se sucederam. Acidentes como os de Mônaco, tanto nos treinos quanto na corrida, no mesmo ponto da pista, gerou críticas pesadas.

 

 

A Ferrari tratou de defender Felipe, informando que o carro sofrera um problema mecânico, mas isto não diminuiu o tom pesado com o qual a imprensa italiana voltou a tratar Felipe como vinha fazendo no ano passado. Pior que isso, as vozes descontentes com o brasileiro aumentaram após mais um acidente, desta vez nos treinos para o GP do Canadá.

 

Apesar de, na corrida, Felipe ter conseguido uma boa recuperação e chegado nos pontos, ficou o peso do erro e a cobrança de que, caso o mesmo não tivesse ocorrido, ele chegaria numa posição bem melhor do que o oitavo lugar conquistado em Montreal.

 

Mônaco...

 

Vítima de um dos pneus estourados no GP da Inglaterra, quando estava duas posições à frente de Fernando Alonso, a sequência de três resultados desfavoráveis criou dias situações: a primeira, o distanciamento na pontuação para Fernando Alonso, o que acentua a comparação no sentido da imprensa italiana dizer que a Ferrari não tem dois pilotos de primeiro nível. A segunda reflete-se nos interesses da equipe no mundial de construtores. Com a Red Bull disparada na frente, a Ferrari teria que estar, ao menos, numa situação confortável na segunda posição... e não estava.

 

Na Alemanha, mais uma vez Felipe largou muito bem. Ficou duas posições à frente de Fernando Alonso... até entrarem na 5ª volta e Felipe atravessar o carro, rodar e abandonar a corrida. Tudo apontava para um problema mecânico, mas Felipe declarou em entrevista coletiva após a corrida que havia cometido um erro e por isso rodou e abandonou.

 

Canadá...

 

Felipe esteve presente nos testes de Silverstone, mas o semblante dele já não mostra o mesmo ar confiante do piloto que declarou que não descartaria uma mudança de equipe, mirando a vaga que será aberta por Mark Webber na Red Bull. Isso certamente não soou bem em Maranello.

 

Uma coisa é Fernando Alonso, o dono do talento e do dinheiro começar a reclamar que o carro não evolui como os outros e que ele, no seu quinto ano na equipe, ainda não conseguiu conquistar um título e está vendo o deste ano cada vez mais distante. Outra é um piloto que não vence há cinco anos – e ninguém conseguiu ficar tanto tempo sem vencer na Ferrari – falar em mudar para ser piloto na arqui rival! Sempre muito comedido em suas declarações, Felipe pode ter falado, pela primeira vez, mais do que devia.

 

Alemanha...

 

Hoje Felipe tem consciência de que a imprensa italiana, que tem forte influência dentro da equipe, está unânime contra a sua permanência para 2014. Pior que isso: se nos anos anteriores Fernando Alonso era um forte aliado, defendendo a necessidade da permanência de Felipe no time, este ano ele não fez nenhuma declaração neste sentido.

 

O GP da Hungria, o último antes das férias, poderia – precisava – ser um aliviador nas tensões, mas não o foi. Na terceira curva das 70 voltas que viriam pela frente, Felipe forçou a barra, tocou-se com Nico Rosberg e quebrou parte da asa dianteira. Dano suficiente para comprometer o rendimento ao longo da prova, desequilibrar o carro e aumentar o desgaste dos pneus.

 

 

Mal menor foi que o 8º lugar na corrida (depois de ter largado em 7º), teve seu impacto diminuído pela 5ª posição de Fernando Alonso, que parece estar cada vez mais distante da briga pelo título.

 

A Ferrari hoje é a terceira colocada no mundial de construtores, com seus pilotos em 3º e 7º lugar, respectivamente, e sendo já ameaçada pela aproximação da “Nega Genii”, uma vez que meu outro paciente, Romain Grojean, tem conseguido reduzir a diferença de pontos para Felipe, enquanto Kimi já é o vice líder do campeonato.

 

Hungria...

 

A reação passará por um trabalho intenso nestas quatro semanas até o GP da Bélgica para melhorar o carro que, se antes não conseguia uma boa qualificação, mas mostrava um bom ritmo de corrida, atualmente não tem conseguido acompanhar os competidores diretos em ritmo de prova.

 

É preciso ir além do comparativo com ernando Alonso, tendo como escudo um mau resultado dele para diminuir o impacto de um mau resultado seu. A reação precisa começar, Felipe... e você, mais que todos sabe disso e sabe quem tem força para isso.

 

Reage, guerreiro... reage!

 

Baixar a cabeça para as adversidades nunca foi uma característica sua. É do Felipe guerreiro que eu estou falando, daquele que anda com a faca nos dentes da primeira a última volta. Contudo, não é mais permitido se perder a cabeça, errar, bater, perder oportunidades de andar forte, de andar bem e calar a voz daqueles que hoje pedem a sua saída da equipe.

 

Você pode voltar a 2008, Felipe... e você sabe disso!

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina soares