Romain e a chave para o equilíbrio Print
Written by Administrator   
Sunday, 14 July 2013 17:11

Olá fãs do automobilismo,

 

Entre o Grande prêmio da Alemanha e o Grande Prêmio da Bélgica teremos sete semanas. Três semanas até o Grande prêmio da Hungria e depois, mais quatro semanas das ‘férias de verão’ até a corrida de Spa Francorchamps.

 

Quem acha que esta é ou pode ser uma época tranquila para mim, engana-se. É um sufoco só aqui no consultório por ser justamente a época em que as equipes começam a estudar as possibilidades para a temporada seguinte, renovações de contrato, trocas de time, demissões... a agenda fica lotada.

 

Nesta semana vamos ter os testes extras que a Pirelli vai fazer para tentar melhorar os pneus até o final do ano... e todos já sabem tudo sobre o que foi esta confusão enorme com testes, uso de carros, pilotos... tudo muito bem contado nas colunas do meu chefinho querido lá de Minas Gerais.

 

Entre os pacientes que vieram aqui na última semana, dois deles estão requerendo uma atenção muito maior em relação às sessões anteriores, devido a condição que ambos vem passando nos últimos tempos.

 

Romain chegou ao consultório bem abatido depois da corrida em Nurburgring. Durante praticamente todo o final de semana ele conseguiu ser mais rápido que o Kimi e quem sabe o que é Fórmula 1 sabe muito bem o quanto é difícil para qualquer companheiro de equipe andar mais rápido que o loirinho mais fofo do grid (meu noivo vai surtar de raiva quando ler isso).

 

 

 

O problema é que o Kimi está na disputa direta pelo título e Romain, depois de um bom início de temporada, voltou a ‘oscilar’, ficando quatro corridas sem marcar pontos. Mesmo que tivesse conseguido pontuar nestas provas nas quais ‘zerou’, dificilmente estaria com uma pontuação tão alta quanto a do Kimi, mas seria mais difícil para a equipe dar as ordens dadas no Bahrein e agora na Alemanha, no estilo “Romain, Kimi is faster than you”.

 

Piloto algum, em categoria alguma recebe de forma natural uma ordem para ceder sua posição para o companheiro de equipe. Contudo, é algo que – profissionalmente e legalmente falando – aquele que cede pode contestar ou recusar, uma vez que há tempos isto está vindo mesmo escrito em contrato, vide as tantas vezes que Rubens Barrichello teve que dar passagem para Michael Schumacher e mais recentemente, Felipe Massa para Fernando Alonso.

 

 

No Bahrein, além de ter que ceder a posição, Romain ainda tomou um "chega pra lá" de Kimi Raikkonen. 

 

A situação de Romain na ‘Nega Genii’ (adoro esse apelido) é bem melhor em 2013 do que era nesta mesma época do ano em 2012. No ano passado, Romain foi o grande protagonista de acidentes, em especial na primeira volta e largadas. Em 2013, certamente resultado da nossa terapia, vemos um piloto mais centrado, menos afoito e ainda assim rápido e agressivo, características que sempre lhe foram peculiares.

 

Atualmente, o maior suporte que Romain tem dentro da equipe vem da parte que é remanescente da Renault, lidarado pelo diretor técnico da equipe, o francês Eric Boulier. É bom lembrar que Romain entrou para o time quando este ainda era Renault e tinha interesse em ter um ‘piloto da casa’, mesmo que fosse um franco-suiço. Os atuais donos da equipe, o grupo de investimentos Genii, tem sede em Luxemburgo e nenhum compromisso patriótico com quem quer que seja, apenas compromissos financeiros com seus próprios bolsos e dos parceiros que estão, há algum tempo, questionando a viabilidade da equipe e é fato que o time não tem uma condição financeira segura.

 

 

Ter um companheiro como Kimi Raikkonen tem seu lado bom e seu lado ruim. O bom é o aprendizado, o ruim, as limitações. 

 

Quando este tipo de situação se apresenta, é prática comum as equipes recorrerem a pilotos pagantes... só que Romain não tem nenhum grande patrocinador por trás de sua imagem para investir, explorá-la e ganhar com ela no futuro como é comum se ver não apenas no automobilismo, mas em diversos esportes. Contudo, que imagem teria Romain para ser explorada?

 

A equipe, por sua vez, vive sem grandes patrocinadores para mantê-la. As cores e o nome Lotus não rendem um dólar sequer vindo da montadora malaia, Proton, dona da famosa marca inglesa. O único benefício que a equipe – ainda – tem é a parceria de fornecimento dos motores da Renault, que vai mudar a partir do próximo ano com a entrada dos propulsores turbo... Romain poderia ser trocado por um piloto que colocasse dinheiro dentro da equipe para equilibrar esta conta!

 

 

Na Alemanha, a situação do Bahrein se repetiu... e foi preciso abrir caminho para "o chefe". 

 

Desde o ano passado a ‘Nega Genii’ mostrou ter um carro bem equilibrado, que gasta menos pneu que os seus concorrentes – algo que na Fórmula 1 de hoje tem um peso enorme – e que tem um potencial vencedor, tanto que no final do ano passado Kimi Raikkonen venceu em Abu Dhabi e também na estreia da temporada, em Melbourne.

  

Se Kimi é um piloto capaz de conseguir grandes performances do carro da equipe, ele também acaba sendo um problema por ser uma estrela... e estrelas são caras... o que é caro custa dinheiro e dinheiro é algo que não anda sobrando em caixa, muito pelo contrário. E nesta hora uma das possibilidades para o segundo piloto da equipe é mostrar, na pista, que tem condições de vir a ser o primeiro piloto da equipe.

 

 

Na entrevista após a corrida, parecia que apenas o corpo de Romain estava presente... o espírito vagava alheio por aí. 

 

O caminho para fazer isto tornar-se realidade é um equilíbrio do binômio ‘consistência-confiança’. Diversas equipes ao longo da história da Fórmula 1 prepararam seus pilotos novatos. Apesar de não ser mais propriamente um novato, comparado com a figura do primeiro piloto do time Romain poderia ser uma aposta para o futuro... aposta esta que precisa dar resultados. Que teria que estar dando resultados. Dois terceiros lugares, mesmo nas circunstâncias que foram – tendo que ceder a posição – ainda não é o suficiente para fazer com que os membros da equipe o vejam como a ‘opção pós-Kimi’.

 

Romain tem 10 etapas pela frente para mostrar esta consistência, mostrar esta eficiência e – pelo menos – superar os segundos pilotos das outras três equipes que vem melhor no campeonato. A diferença para Mark, o mais distante, é de 52 pontos. Para Felipe, o mais próximo, apenas 16.

 

 

 

Está em suas mãos, Romain, sorrir e fazer sorrir!

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares 

 

 

 

Last Updated ( Sunday, 14 July 2013 17:29 )