Nelsinho, deixe a gente amar você! Print
Written by Administrator   
Thursday, 31 January 2013 12:54

 

 

Olá fãs do automobilismo,

 

Com muito custo e com aquele ‘jeitinho feminino’, consegui convencer o meu noivo a irmos no domingo, abrindo mão de um belo dia de sol na Praia do Rosa, encarar mais de duas horas de estrada para ir ao Desafio Internacional das Estrelas.

 

‘Apostei tudo contra a banca’, indo para o Parque Beto Carrero sem ingressos, que compramos das mãos de cambistas na entrada e conseguimos entradas para a arquibancada por 50 reais (custava 30 para dois dias) cada depois de alguma negociação.

 

Entramos na arquibancada pouco antes das 10 horas da manhã, ainda a tempo de assistir a corrida dos artistas da televisão, mas o meu coração de torcedora bateu mais forte quando os pilotos da corrida desfilaram em motos, acenando para os torcedores. Foi intrigante – e interessante – ver na mesma moto, Nelsinho Piquet e Fernando Alonso. Era como se eles acenassem para mim... e depois fizeram isso!

 

A arquibancada, próxima da pista, deixava o público muito perto dos seus ídolos e quando os karts alinharam no grid, as pessoas começaram a gritar pelo nome dos pilotos, que vinham até a grade, acenavam, jogavam beijos... Gritaram pelo Cacá Bueno, pelo Bruno Senna, até pelo Kamui Kobayashi. Nesta hora eu não me contive e comecei a gritar: “Nelsinho! Nelsinho! Nelsinho!”

 

 

Depois do terceiro “Nelsinho”, percebi que além de ser uma voz solitária na arquibancada, os olhares dos que estavam a minha volta pareciam dizer: “quem é esta louca?”. A exceção era o meu noivo, que estampava no rosto um “pelo amor de Deus, senta e fica quieta”. Levei alguns segundos para “processar” aquilo tudo, mas foi só olhar mais atentamente que ficou fácil perceber o que se passava.

 

A grande maioria das pessoas ali presente estiveram no kartódromo na noite anterior e travaram assim o primeiro contato com os pilotos. O que teria feito – ou deixado de fazer – Nelsinho Piquet para não ter seu nome gritado pelo público?

 

Desde que surgiu no cenário automobilístico nacional, Nelsinho Piquet sempre se mostrou um jovem tímido e isso é algo conflitante com alguém que passa a ter uma grande exposição pública. Toda pessoa tímida já ouviu coisas do tipo: “as primeiras vezes em que a vi achei que você não queria conversa, que era convencida. Agora que a conheço bem vejo que é uma pessoa legal”.

 

A conduta do tímido revela um tipo de reserva que frequentemente é confundida com arrogância. Por medo da avaliação negativa dos outros, receio de ser rejeitado, de não agradar, de fazer ou dizer algo tolo, o tímido se contém e, por vezes, torna-se ainda mais introspectivo, num mecanismo automático de autoproteção.

 

 

Para escapar daquilo que o aflige, daquele mal estar que sente em situações sociais, este tipo de pessoa procura evitar expor-se a meios onde tenham muitos estranhos ou a elas comparecem com grande sofrimento. A fuga continuamente praticada para escapar da ansiedade acaba se automatizando, tornando-se crônica na forma de ser da pessoa. É um dos diversos tipos de personalidade que podemos encontrar na sociedade, mas esta mesma sociedade não costuma compreender a natureza de ser do tímido.

 

De uma forma geral, as outras pessoas, que veem de fora, acabam taxando pessoas como Nelsinho Piquet de arrogante e egocêntrico. Todas as vezes que saímos de casa estamos expostos aos olhares das outras pessoas, que não nos conhecem ou até nunca tiveram nenhum contato conosco, e mais incrível ainda seria se pudéssemos ler os pensamentos das pessoas que nos avaliam com seus olhares curiosos e saber o que elas pensam sobre a nossa imagem, isso mesmo, IMAGEM! 

 

Quando alguém olha para nós a primeira imagem, geralmente, é a que fica. Quando essa imagem é distorcida por quem vê, precisamos trabalhar muito para provar o contrário, ou simplesmente continuamos indiferentes, fechando os olhos para a opinião alheia. Estes dois caminhos – bastante distintos – costumam levar as pessoas a tirar conclusões precipitadas sobre aquela pessoa que observamos. Rotulamos a pessoa e pronto! Mas o que o tímido pode fazer em seu favor? Será que ele tem interesse em mudar esta situação?

 

A primeira coisa a se questionar é: quem estaria incomodado nesta relação, se o tímido ou a pessoa que deseja se aproximar dele. Muitas vezes o tímido sente-se absolutamente confortável em seu meio, em sua zona de segurança. Quem tem o desejo de aproximar-se dele é que costuma transparecer primeiro a ansiedade e a angústia que acabam por provocar mais introspecção por parte do tímido.

 

 

Existem dois universos distintos: um é o das pessoas comuns, gente como eu e o querido leitor de uma forma geral. Outro é o daqueles que estão, queiram ou não, expostos à mídia. A estes últimos a timidez é um mecanismo negativo que pode causar tanto ou mais desconforto quanto o convívio com aquele meio estranho e incômodo que o cerca. De uma forma ou de outra, parece não haver escapatória... mas há!

 

É claro que sempre há um meio termo. Um aceno, um sorriso, um jogar de beijinhos pode fazer maravilhas e nem vai ser preciso chegar tão perto do meio que tanto o incomoda. Um acompanhamento psicológico também tem como, certamente, quebrar certas barreiras e aproximar – com aquela sensação de segurança que o tímido tanto busca – daquele público que a personalidade, de certa forma, influencia e exerce um fascínio.

 

Nelsinho, sorrir não vai te fazer mal, pelo contrário. Deixe o público chegar mais perto de você.   

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

p.s.1: Depois de ver o inacreditável acidente nos treinos pré temporada da NASCAR, volto a perguntar aos nossos queridos leitores se alguém tem o contato do diretor da categoria. Continuo achando que uma terapia de grupo cairia muito bem para os pilotos da Sprint Cup! Quem tiver, favor mandar um email para o endereço do site.

p.s.2: Sei que meu amado chefinho vai querer me matar quando receber a minha coluna de volta das férias, mas eu juro que tentei chamá-lo lá da arquibancada (amei a camisa amarela... quero uma!), mas no meio da massa, não consegui ser ouvida. Desculpe.

 

 

 

 

 

Last Updated ( Thursday, 31 January 2013 13:35 )