 Olá fãs do automobilismo,
Uma das maiores satisfações que um terapeuta pode ter é ver um de seus pacientes dar mostras claras de superação de seus conflitos pessoais e conseguir encontrar o auto equilíbrio que todo ser humano merece. Foi com grata felicidade que encontrei o Felipe aqui na sala de espera do consultório, mesmo sem horário marcado. Ah, para os nossos a gente sempre dá um jeito de encontrar um tempinho. Como um dos pacientes deu uma atrasadinha, porque não fazer uma sessãozinha não programada? Depois de termos começado no nosso trabalho, certamente todos notaram os progressos do Felipe – dentro e fora das pistas. Sejamos francos: capacidade para ele nunca faltou, talento também não. O problema é aquela coisa de comparar as pessoas com outras pessoas. Cada pessoa é um indivíduo, não é o outro. Cada um tem suas características pessoais, que podem ser trabalhadas, melhoradas (ou pioradas), moldadas! Adoro este termo. Moldar uma pessoa, ou um conjunto de características nela, é algo complexo... mas exequível. O primeiro passo é o desejo desta pessoa em trabalhar sua personalidade a fim de conseguir atingir um novo e diferente estágio de, digamos, evolução social. O que isso vem a ser? 
Se uma pessoa deseja ter a capacidade de lidar com uma determinada situação, que para ela possa ser desconfortável, mas que seja imperativamente necessária, sem que tal situação não comprometa a sua capacidade de continuar lidando com os demais fatores de sua vida, isso pode ser feito e um exemplo disso foi a postura do Felipe em Monza. Enquanto esteve à frente de seu companheiro de equipe, andou forte, virou rápido (e, é bom lembrar, durante todo o final de semana, virou mais rápido do que ele!), mas quando chegou a situação em que seria necessário abrir caminho para o postulante ao título, Felipe o fez. Melhor ainda: o fez e não se abateu! Continuou virando rápido de chegou na posição seguinte à ele. Uma corrida de “gente grande”. Mais de “gente grande” do que a corrida da Bélgica, onde ficou sobre seus ombros a responsabilidade de andar o mais rápido possível, de pontuar o mais que possível e de trabalhar para a equipe no mundial de construtores. A classificação nos treinos não foi boa, mas na corrida Felipe foi um leão! (sic) Nada a ver com aquele outro leão, tonto e destrambelhado. Foram 44 voltas de combate e que resultaram no aplauso de todos na equipe. 
O maior retrato deste fortalecimento de Felipe veio neste último final de semana. Parecia que as ruas de Singapura (infernizaram minha vida com mil emails dizendo para que eu escrevesse “Singapura com S” caso fosse falar do GP de lá) estavam ensaboadas para a sua Ferrari. Faltava aderência, faltava tração, faltava velocidade... faltava tudo! Felipe ficou fora do “Q3”. Não bastasse isso, na primeira volta, um toque e o pneu traseiro esquerdo furado. A Ferrari entra devagar nos boxes, arrastando-se, e Felipe cai para o último lugar. Seria o cenário perfeito para vermos repetir-se o que tantas vezes vimos: um Felipe sem capacidade de combater e enfrentar a adversidade, deixando-se vencer por aquela situação. Quem viu a corrida pode dizer tão bem ou melhor que eu o que se viu. Vimos um Felipe voando entre os muros super iluminados, tirando as diferenças para quem ia à sua frente (tudo bem, as entradas do Safety Car ajudaram muito), mas vamos ver por outro ângulo: caso não tivesse sofrido o toque que furou seu pneu, onde poderia estar Felipe após as duas horas de prova? 
Está bem, “SE” é algo que não existe em lugar nenhum, mas “SE” analisarmos os tempos de volta obtidos por Felipe depois da troca dos pneus ao final da primeira volta e “eliminarmos” esta da tábua de tempos, Felipe teria chegado em 4º lugar, novamente, uma posição apenas atrás de Fernando Alonso. Parece que o nosso menino guerreiro está de volta. Vibrante como sempre, lutador como sempre, vencedor como sempre. Sabemos bem que a vida agora está limitada, mas um Felipe lutador e vencedor poder ter espaço para continuar no time em 2013 e alçar um voo solo e ambicioso para os anos seguintes. Sim Felipe, você pode! Beijos do meu divã, Catarina Soares p.s. Durante a sessão minha assistente informou que o paciente avisou que iria mesmo se atrasar... bateu com o carro a caminho do consultório! | 