Rubinho: entre o passado e o futuro. Print
Written by Administrator   
Tuesday, 28 August 2012 02:38

 

Olá fãs do automobilismo,

 

Há algumas semanas li uma declaração do meu querido Rubinho Barrichello que me deixou extremamente preocupada: o atual piloto da KV Racing afirmou que seria muito bom e muito útil – para a equipe – se ele estivesse na equipe Williams este ano.

 

Tecnicamente falando, não há como contestar o fato de que Rubinho é melhor que boa parte, diria até metade deste atual grid da Fórmula 1, mas também não há como não questionar a opção das equipes em investir em pilotos que possam evoluir, que custam pouco, que trazem dinheiro para as equipes e que podem se tornar tão bons ou até melhores que o piloto brasileiro no futuro.

 

No início do ano, muitas pessoas podem ter pensado que Rubens Barrichello, vindo da Fórmula 1 e pilotando em alto nível (dentro das limitações de seu equipamento), seria um virtual candidato ao título da temporada da Fórmula Indy em 2012... logicamente, pelo menos , na lembrança dos mais antigos aficcionados do esporte, as vitórias de Nigel Mansell em 1993 logo vieram à tona. Contudo, era uma outra realidade.

 

A Fórmula Indy não era tão competitiva – à nível de pilotos – quanto é hoje. Mansell foi correr contra alguns pilotos medianos e outros “pilotos aposentados em atividade” (um termo recorrente a alguns jogadores de futebol que ouvi um tempo atrás, dito por um comentarista), e ainda estava numa das equipes de ponta da categoria.

 

O caso de Barrichello é bem diferente: sem ter como manter-se na Fórmula 1, Rubinho teve a ajuda do amigo de longa data, Tony Kanaan, para fazer uns testes pela equipe onde o baiano corria desde o ano anterior, a KV. Todos sabiam, certamente Barrichello também sabia, que não se tratava de uma equipe de ponta. Apesar da categoria e seu regulamento não gerarem grandes discrepâncias entre as equipes, como é na Fórmula 1, elas existem na Fórmula Indy também.

 

 

 

Mesmo tendo obtido resultados promissores em testes pré- temporada (voltando ao futebol para buscar outra daquelas ‘velhas máximas’, “treino é treino, jogo é jogo”), uma coisa é dar algumas voltas numa pista com alguns carros. Outra coisa é andar por quase duas horas com outros 26 carros. Coloque isso num oval de uma milha ou num circuito de rua com três Km de extensão para ter real noção da diferença.

 

Para quem não se lembra, no ano em que Nigel Mansell foi para a fórmula Indy, como campeão absoluto do ano anterior, Michael Andretti, filho do campeão do mundo de 1978, Mario Andretti, que também vencera o campeonato com grande vantagem em 1992, desembarcava na Fórmula 1 para ser companheiro de Ayrton Senna na McLaren.

 

Nas corridas, o americano deixou muito a desejar, quando não “aprontou”. O acidente da largada do GP do Brasil mais parecia que ele, Andretti, largara para contornar  a curva 1 do oval do Indianápolis Motor Speedway e não o “S” do Senna (ou então que os mecânicos esqueceram de montar o pedal do freio para a McLaren número 7!).

 

Contudo, em testes de longa duração – tempo em que estes eram permitidos – o piloto americano (com a pista livre ou com poucos carros) conseguia andar até mesmo nos tempos de volta do nosso tricampeão já falecido. O problema era andar deste jeito no meio de um pelotão de outros carros. Andretti não conseguiu, e foi dispensado antes do final da temporada.

 

Rubinho tem enfrentado suas dificuldades também. Ele mesmo já acusou o quanto a direção servo assistida que equipam os carros de Fórmula 1 tem feito falta para conduzir melhor os mais pesados carros da Indy. Não bastasse isso, ainda é evidente um certo desacerto – ou desconforto – com o sistema de estratégia que ponteia as provas da Indy.

 

Estar numa equipe que não lhe permite brigar por vitórias sempre foi algo que incomodou Barrichello, tanto ou mais do que estar em uma equipe onde tinha carro para vencer e seu contrato não permitia isso. Isso tem levado Rubinho a buscar alternativas dentro da categoria, nomeadamente uma vaga em uma equipe melhor estruturada.

 

 

 

Como a Penske não deve alterar seu trio de pilotos, as opções seriam o time de Chip Ganassi, mas neste caso com o carro B, uma vez que sua dupla principal – formada por Dario Franchitti e Scott Dixon não deve ser alterada. A última alternativa seria a Andretti, que corre com quatro carros está precisando de um reforço técnico urgente para voltar a dominar a categoria.

 

O problema é que declarações como esta recente em que o brasileiro deixa claro que, se alguém viesse a acenar com alguma coisa potencialmente razoável, ele sairia correndo e sorrindo de volta para a Europa, certamente deixa qualquer chefe de equipe da Indy com – no mínimo – um pé atrás. E, o pior de tudo, é que qualquer pessoa com o mínimo de conhecimento do que se passa nos bastidores das equipes da Fórmula 1 sabe que um convite para Rubinho é algo muitíssimo improvável (para não dizer impossível).

 

Portanto, cabe ao nosso querido Rubinho avaliar se vale a pena continuar insistindo em uma carreira nos Estados Unidos, onde ele pode vir a ter chances de se consolidar e mesmo de ser campeão (o 4º lugar em Sonoma foi uma prova disso), caso venha a pilotar por uma equipe melhor estruturada que a KV ou mesmo tentar algo na Europa, mas no campeonato mundial de endurance, onde certamente sua capacidade exímio acertador pode ser de grande valia para qualquer equipe... mas, realmente, Rubinho precisa repensar suas palavras e seus anseios em relação as quatro rodas que sempre fizeram seu mundo girar.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares