Brasileiros contra a parede! Print
Written by Administrator   
Friday, 29 June 2012 11:31

 

 

Na minha linha de atuação eu não costumo considerar a terapia de grupo como uma ferramenta eficiente. É claro que para determinadas aplicações este expediente é de grande valor e capaz de produzir resultados muito bons. As terapias para casais também costumam dar bons resultados, mas a dupla que insistiu em conversar comigo, apesar de viverem em realidades distintas tem, no momento, o mesmo problema: estão contra a parede!

 

Com um começo consistente na temporada, Bruno Senna parecia ter encontrado na Williams o ambiente ideal para se estabelecer na Fórmula 1. Distante do fracassado projeto do ano passado e livre do fraquíssimo motor Cosworth, substituído pelo leve, eficiente e econômico – além de campeão – Renault, o sobrinho do eterno queridinho do público, Ayrton Senna, tinha ainda um companheiro de equipe que não seria um problema em sua vida: Pastor Maldonado.

 

Personagem secundário durante anos na GP2, sempre andando atrás de seus adversários, depois de anos na categoria de acesso à F1, finalmente – depois que todos os adversários mais qualificados tinham chegado lá – conseguiu “seu lugar ao sol” com a vultosa ajuda do governo de seu país um ano antes. Mesmo tendo conseguido conquistar o título da GP2, tecnicamente não teria vantagens sobre a pouca formação de Bruno.Para quem não sabe ou não lembra, Bruno Senna teve a carreira de kartista interrompida com a morte do tio e só voltou a entrar em um carro de corridas depois de adulto (não tenho a menor dúvida de que sua mãe, Viviane Senna Lalli – ela nunca menciona o Lalli – arrependeu-se de ter perguntado “o que o filho queria fazer da vida”). Diante do inevitável e com a ajuda do amigo Gerard Berger, Bruno Senna fez um teste num F. BMW (o austríaco era consultor da equipe àquela altura) e o DNA falou alto: ele não foi brilhante, mas foi surpreendentemente bem para quem não tinha tido uma formação de piloto.

 

 

É preciso reconhecer: se não fosse o sobrenome, Bruno jamais teria uma chance como a que teve... mas "mostrou o DNA."

 

Meia dúzia de provas na F. BMW inglesa, duas temporadas de Fórmula 3 inglesa e duas de GP2 e Bruno quase “tirou na loteria” como piloto da Honda que logo em seguida foi para as mãos de Ross Brawn que preferiu ter Rubens Barrichello como piloto ao invés de um novato (por vezes eu fico imaginando como poderia ser diferente a carreira de Bruno Senna se tivesse corrido aquela temporada de 2009 com os carros brancos).

 

Depois de um ano – 2010 – na Hispânia (que não é equipe, convenhamos) e meia temporada na “Nega Genii”, como os meninos aqui do site chamam aquele carro preto e dourado, Bruno conseguiu reunir quem topasse investir na sua carreira e assinou com a Williams. O contrato é de apenas um ano e, se não conseguir resultados convincentes ou mesmo que consiga, alguém “pagar mais pela vaga”, o futuro estará em risco.

 

Uma das formas de “minimizar” este risco seria impor-se sobre o companheiro de equipe, algo que – teoricamente – não deveria ser tão difícil. Pastor Maldonado é rápido, mas inconstante e isso poderia proporcionar ganhos para o brasileiro, como foi na primeira fase do campeonato. O problema é que, chegando na Europa, “a maré mudou”! Maldonado “se encontrou” em Barcelona e ganhou uma corrida de forma incontestável... enquanto Bruno Senna transitou pelo fundo do pelotão, em uma disputa contra uma das Toro Rosso foi chamado de “idiota” por Michael Schumacher, que vinha atrás da briga e que, logo depois, acabou por “entrar difusor a dentro” da Williams do brasileiro. No meu entender, a punição para o Schumacher foi errada. Bruno, mais lento, “dançou” na frente da Mercedes e provocou a colisão.

 

 

O contrato com a Williams é de apenas um ano e, tendo hoje praticamente metade dos pontos do Maldonado, a situação é difícil. 

 

Em Mônaco e no Canadá os desempenhos foram próximos, mas na última prova em Valência o valente bolivariano impôs-se novamente ante o brasileiro. Enquanto Maldonado brigava pela pole e – na corrida – pelas posições da frente, Bruno Senna “empacava” no Q2 e passou a prova inteira (até o acidente com Kamui Kobahiashi, onde mais uma vez, com o carro mais lento, “dançou” na frente de quem vinha atrás – e desta feita foi punido!) disputando posições “do meio para trás do pelotão”.

 

Para “sua felicidade”, assim como em Mônaco, Maldonado voltou a ser aquele Maldonado que todos conheceram nas corridas da GP2, em que andava com a mesma constância dentro e/ou fora da pista, com pedaços do carro faltando por conta das trombadas que dava nos adversários, placas de anúncios e barreiras de pneus. Em vez de conquistar um pódio que era certo, acabou cedendo o único ponto que lhe restou com a justa punição por ter tirado Lewis Hamilton da prova. Hoje Bruno tem praticamente a metade dos pontos do venezuelano... e um monte de “abutres” sobrevoando sua vaga para 2013.

 

Por incrível que possa parecer, a situação de Felipe Massa, que está 100 (isso, uma centena) de pontos atrás de Fernando Alonso (que me fez chorar junto com ele, confesso, domingo passado), um incrível Fernando Alonso que conquistou uma vitória daquelas pra se dar feriado no país no dia seguinte, parece ser “menos pior”, apesar de extremamente complicada.

 

 

Entre "cagadas" e azares, Felipe Massa está vivendo a sua pior temporada na F1 dentro da pista. Fora, a imprensa italiana massacra! 

 

Se a partir do GP de Mônaco o brasileiro mostrou uma evolução e reagiu a esmagadora supremacia que o asturiano vem impondo dentro da equipe, erros tolos como a rodada em Montreal e algum azar, como pegar uma peça que danificou seu difusor, em Valência tem comprometido a capacidade de Felipe “sair da mira dos bombardeios da imprensa italiana”. Nesta última prova, por exemplo, quando Alonso era o quarto colocado, Felipe era o sétimo, e não estava longe da Ferrari número 5. Mas aí veio o toque que furou seu pneu, o carro “estragou” e a corrida foi pelo ralo a dentro!

 

Aparentemente a “sorte” de Felipe é que não existe um “candidato de peso” ao seu lugar, pelo menos para 2013. Sergio Perez, que fez algumas boas corridas, tem mostrado que ainda tem muito o que “rodar” antes de “sentar numa Ferrari”. Nico Rosberg é o “menino da Mercedes”, que vai tratar de segurá-lo. Mark Webber, que termina o contrato este ano não parece ser o tipo de aposta da equipe, por conta da idade e da aposentadoria próxima. Lewis Hamilton anda falando que está descontente dentro da McLaren, mas esse eu duvido que o Alonso aceite como companheiro novamente na vida.

 

Este é um aspecto interessante: o espanhol andou dizendo que “tem poder de voto e veto” para escolher quem vai ser seu futuro companheiro de equipe e, nada melhor que ter alguém que “trabalhe para a equipe e se contente com migalhas”, caso que parece estar sendo o de Felipe Massa. Como falei há pouco tempo, Fernando Alonso está numa “zona de conforto”!

 

 

Por mais incrível que possa parecer, a salvação para Felipe - pelo menos em 2013 - pode ser Fernando Alonso. Vida dura pra que?

 

Agora surge mais um novo “rumor” dentro da galhofa que é a vida ferrarista: Sebastian Vettel estaria com contrato garantido para 2014. Se isso for verdade, e diante do cenário de falta de postulantes consistentes – ainda mais para fazer apenas um ano de contrato – a permanência de Felipe Massa parece estar garantida para 2013 na casa de Maranello. Contudo, se as coisas continuarem como estão, será apenas uma prorrogação da agonia – e de uma decretada aposentadoria – do “irmão do Zacarias”.

 

Reajam, meninos... caso contrário, poderemos nos tornar uma Nova Zelândia da F1, que depois de Bruce McLaren, Denny Hulme e Chris Amon, não conseguiu “emplacar” mais ninguém na categoria.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

 

Last Updated ( Friday, 29 June 2012 12:00 )