Olá fãs do esporte a motor,

Alguns dos meus pacientes não são mais atletas em atividade. Mesmo distante das pressões por resultados, por condicionamento físico e mental que suas atividades exigem, mas que mesmo distantes do meio competitivo, sentem necessidade de buscar um crescimento e aprimoramento.

Alguns estão comigo há quatro, cinco anos desde que pararam e como qualquer pessoa que não é um atleta de alto rendimento e busca crescimento pessoal, vão fazendo esse maravilhoso trabalho que é o de sua autodescoberta como ser humano. Costumo dizer que este é o meu “doping”, meu maior estimulante nesta desafiadora profissão que escolhi.

No final do ano passado, um dos meus pacientes – que está “em alta” desde julho deste ano – Nico Hulkenberg comunicou-me que estaria deixando a Renault, sua equipe na Fórmula 1, e que não tinha perspectivas de conseguir uma outra equipe para correr a temporada de 2020, situação que o deixava bastante frustrado, especialmente diante de toda a carreira vencedora que ele teve até chegar na categoria.

Sem grandes patrocinadores, mas com um enorme talento, Nico definitivamente, não é fácil ver as portas se fechando, especialmente depois de despertar tantas esperanças em si mesmo, seus familiares e amigos, assim como os profissionais que com ele trabalharam ao longo de todos estes anos, desde o kartismo até o título da GP2, de onde todos acreditavam que ele partiria para a consagração... e não foi bem assim.

Nico carrega uma carga pesada sobre os ombros, ainda mais quando vemos se aproximando a queda do recorde de vitórias de Michael Schumacher pelas vitórias de Lewis Hamilton na Mercedes. Enquanto isso, Nico tem nas mãos o recorde de 10 anos sem pódio na categoria. Aquele piloto que esteve no alto do pódio toda uma vida, que fez pole positions com uma Williams decadente. Que foi dispensado da Renault no ano passado.

Naquela época conversamos bastante sobre o futuro e tratar como um ano sabático não seria apenas uma questão de ficar fora para ver o que aconteceria com a mudança de regulamento, mas de buscar alguma forma de se reinventar, de se aprimorar. Acontece que muitas coisas não aconteceram como seria o mais lógico de acontecer, a começar pela pandemia do covid19, que adiou não apenas o início da temporada e alterou violentamente seu calendário, como também postergou as alterações das regras que entrariam em vigor na temporada de 2021 além do “congelamento” do desenvolvimento dos carros para duas temporadas.

 Tanto na Inglaterra como na Alemanha, Nico Hulkemberg foi chamado de última hora para substituir um piloto no grid.

A sorte – e como se costuma dizer, todo campeão tem sorte – sorriu para Nico com o covid19 fazendo uma vítima numa equipe com carros competitivos. Substituto temporário para Sergio Perez nas duas corridas em Silverstone, e no segundo final de semana (um problema de embreagem o impediu de largar na primeira das duas corridas) se classificou em um incrível terceiro lugar nos treinos, antes de garantir valiosos pontos para o Racing Point.

E neste último final de semana voltou à equipe dos carros cor de rosa para substituir, desta feita, Lance Stroll, que apresentou um problema de ordem gastro intestinal para a disputa da corrida em Nurburgring. Sendo na Alemanha, foi mais fácil para Nico chegar ao autódromo e mesmo tendo dado apenas 4 voltas nos treinos e largando na última posição, Nico fez uma corrida convincente e o 8° lugar teve um sabor de vitória para ele.

 Quando conseguiu disputar as corridas, Nico Hulkemberg fez apresentações muito sólidas e chamou a atenção de todo paddock.

Desde a Inglaterra seu nome voltou a circular no paddock e depois do feito na Alemanha os rumores ganharam força no sentido de que Nico poderá estar de volta ao grid da Fórmula 1 e até mesmo em uma grande equipe do grid: a Red Bull, com segundo piloto de Max Verstappen. Uma condição que aposta em sua velocidade e experiência para marcar pontos com constância e fazer a equipe ter um melhor desempenho no campeonato de construtores.

De forma bastante consciente Nico tem se mantido longe dos microfones para não alimentar rumores, mas há um movimento real e seu nome voltou a ser cogitado. Ele tem consciência de que precisa gerenciar bem a situação para que o direcionamento correto seja dado e não aconteçam dissabores neste trajeto. Ele sabe que há um outro piloto (Sergio Perez) que também está se lugar para ir em 2021 e o mexicano tem uma vantagem financeira sobre ele, com o patrocínio que carrega.

 Um sorriso vale mais do que mil palavras e Nico Hulkemberg foi só sorrisos, tanto na Inglaterra como - e principalmente - na Alemanha.

Nico disputa até o final do ano a corrida mais importante dos últimos dez anos e está psicologicamente forte para enfrentar qualquer desafio que seja cobrado, seja em qual equipe for e certamente fará tudo aquilo ao alcance do equipamento, mas igualmente será capaz de ir além, como mostrou ao longo de sua carreira. Como seus fãs estão dizendo nas redes sociais, #hulkemback

Beijos do meu Divã,