O assédio moral sobre Pierre Gasly Print
Written by Administrator   
Wednesday, 10 July 2019 12:50

Olá fãs do esporte a motor,

 

Eu já falei mais de uma vez que o acompanhamento terapêutico de adolescentes e jovens recém saídos desta etapa da vida nunca foi um perfil de clientela que me estimulava profissionalmente.

 

Este ano, dada as circunstâncias, comecei a trabalhar uma abertura lenta e gradual para pilotos mais jovens entre meus clientes. Afinal, não apenas na Fórmula 1, mas também na Fórmula Indy está baixando a idade dos pilotos das duas categorias e como eu preciso de clientes para ganhar dinheiro, preciso me adaptar a nova realidade.

 

Entre os novos pilotos que estão fazendo acompanhamento comigo tenho o Charles Leclerc e George Russel da Fórmula 1, Patrício O’Ward e Colton Herta da Fórmula Indy. Além deles, o personagem desta quinzena, que enfrenta problemas maiores do que os quatro citados juntos, devido ao ambiente de trabalho onde está inserido e como as coisas – estranhamente – funcionam por lá.

 

Nesta segunda-feira, anterior ao Grande Prêmio da Inglaterra em Silverstone, recebi no final da tarde o piloto da Red Bull, Pierre Gasly. Exceção feita a Max Verstappen, todos os pilotos do programa da equipe que chegaram a categoria são ou foram meus pacientes, fossem eles pilotos na equipe principal, fossem na Toro Rosso. Alguns, mesmo depois de deixar a categoria, continuam meus pacientes.

 

 Pierre Gasly é um piloto vencedor desde seus tempos de kartista na infância.

 

Ao longo de sua carreira, Pierre, um jovem muito educado e inteligente, mostrou-se um vencedor como piloto, desde os tempos do kartismo, quando chamou a atenção do Sr. Helmut Marko, que parece “caçar” potenciais pilotos para vir a ser um “piloto Red Bull”, mas que posteriormente parece perseguir o jovem, pressionando a níveis absurdos.

 

Os títilos no kart o levaram para a Fórmula 4 francesa, onde foi o terceiro colocado em 2011 e isso abriu as portas do programa da Renault, para onde Pierre seguiu em 2012. No ano seguinte, sagrou-se campeão da Fórmula Renault e foi convidado a fazer parte do programa de jovens pilotos da Red Bull, que o colocou para disputar a então forte categoria F. Renault 3.5, concorrente da FP2. Pierre foi vice campeão.

 

 Ainda na adolescência foi campeão da Fórmula Renault e com isso foi chamado para fazer parte do programa da Red Bull.

 

Ainda no meio da temporada começou a disputar provas na GP2 e no ano seguinte fez a temporada completa, como piloto da equipe Prema, pela qual viria sagrar-se campeão em 2016. Pierre já era piloto de testes e simulador da equipe Red Bull desde 2015 e tudo parecia estar indo na direção certa. A equipe, inclusive, procurou não “promovê-lo imediatamente” à Fórmula 1, fazendo-o passar um ano na forte Super Fórmula japonesa, onde terminou como vice campeão em 2017.

 

Pierre, ao longo das nossas sessões, sempre disse que enquanto piloto das categorias de acesso sempre contou com enorme apoio por parte da equipe e do Sr. Helmut Marko e isso o levou para a Toro Rosso no ano passado, onde teve um desempenho acima do esperado e que, com a saída de Daniel Ricciardo da equipe principal para a Renault, possibilitou que ele fosse “promovido” à condição de segundo piloto da equipe... ao lado de Max Verstappen.

 

 Como piloto da Red Bull, logo em seu ano de estreia, foi vice campeçao da World Series Fpormula 3.5 V8.

 

Existe uma grande diferença entre a cobrança de deveres profissionais, desavenças eventuais, situações de stress e contrariedades. É preciso perceber as diferenças entre uma e outra forma de conduta para, aí sim, detectar uma situação perniciosa. O empregador (ou superior imediato) que exerce o seu poder de liderança cobrando, até mesmo de forma mais veemente, a entrega das tarefas que estão na pauta e devem ser realizadas tem uma grande diferença daquele que expõe a pessoa a situações vexatórias e de humilhação, por menor que ela seja.

 

Enquanto Christian Horner tem procurado orientar seu piloto a desconectar-se do que Max vem fazendo na pista e focar em fazer sua pilotagem limpa e perfeita, buscando uma progressão de carreira, Helmut Marko é seco e diz que Pierre terá o máximo de suporte, mas não pode ficar buscando desculpas no carro. Ele não tem o mesmo nível de seu companheiro de equipe.

 

 Dois anos depois, foi campeão da então GP2 (hoje Fórmula 2) com grande domínio na categoria.

 

Pierre sabe que tem ao seu lado e como referência um dos melhores pilotos da nova geração da Fórmula 1 e alguém com uma personalidade egoísta – o que é bastante normal no automobilismo – e acima da média neste aspecto. Com isso, restam duas opções: evitar atritos e ser um bom segundo piloto, entregando resultados que a equipe espera, mas há mais neste contexto.

 

Max é um piloto diferenciado e a história recente mostra que este tipo de piloto, independente das equipes por onde passaram, colocaram o companheiro de equipe num platamar claramente inferior. Michael Schumacher e Fernando Alonso são doi exemplos recentes e bem claros neste tipo de linha de trabalho. No caso, com as equipes trabalhando nesta forma, de ser tudo para um e o que sobra para o outro.

 

 Estreou na Fórmula 1 pela Toro Rosso e seus bons resultados o levaram para a equipe principal no ano seguinte.

 

A Red Bull, por outro lado, parece não gostar de seguir esta metodologia de trabalho, pelo menos na parte técnica, comandada por Christian Horner e Adrian Newey. O problema está – mais uma vez – na parte do “RH”, onde a postura de Helmut Marko, em colocar as mãos nos pratos da balança de forma a aumentar a diferença que possa existir entre os pilotos já se mostrou ao longo destes anos uma forma negativa de “estimular a competição”. Espanta-me que não pareça haver ninguém com autoridade ou coragem suficiente para dizer que ele está errado nessa abordagem.

 

A mim e a Pierre fica o desafio de manter meu paciente o mais equilibrado e confiante possível para que os malefícios do Sr. Helmut Marko o afete o menos possível e que ele consiga um ambiente de trabalho onde ele possa demonstrar sua capacidade plenamente, mesmo que seja fora, longe do raio de influência da Red Bull e seu coordenador de pessoal na pista e bastidores.

 

 Cobranças sobre os pilotos sempre existiu e existirá, mas o que este Sr. faz com os pilotos da equipe é mais do que assédio moral.

 

Mas este é um tema para abordarmos futuramente. Afinal, não seria melhor para Pierre se desligar deste meio nocivo e buscar um outro meio para mostrar toda a sua capacidade?

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares