Valentino Rossi e o poder de reinventar-se Print
Written by Administrator   
Tuesday, 11 December 2018 23:14

Olá fãs do esporte a motor,

 

Eu sempre tento fazer uma pausa entre natal e ano novo, dar uma folga para a minha assistente e mesmo ter um tempo a mais com meu marido. Este ano foi corrido e com o doutorado em andamento a viagem para passar as festas no Brasil acabou sendo cancelada.

 

Em todo caso, sempre estou no “plantão” para atender meus pacientes e até o dia 20, o ritmo no consultório vai ser aquele de loucura total, chegando antes das oito da manhã e saindo depois das nove da noite.

 

Nestas últimas quem me trouxe um cuidado um pouco mais delicado foi Valentino Rossi. Em fevereiro ele vai completar 40 anos de idade, mesmo com aquele jeito extrovertido e sempre se dizendo motivado para tudo (no último final de semana ele venceu novamente o “Monza Rally Show”, pela sétima vez) e está quase o tempo todo com um sorriso estampado no rosto.

 

Mesmo tendo assinado um contrato de dois anos com a Yamaha e não tendo desistido de brigar pelo seu décimo título mundial, Valentino tem cobrado da Yamaha uma reação ante ao domínio das outras fabricantes que disputam o mundial de Moto GP. Passar um ano sem vencer nenhuma corrida como foi o caso de 2018 é algo que não passa na cabeça de um piloto como ele e nem nacabeça de milhares de fãs que ele tem pelo mundo, que levam um verdadeiro mar amarelo para as arquibancadas, etapa após etapa.

 

Ano após ano Valentino Rossi se reinventa e continua a andar entre os mais velozes da Moto GP.

 

Valentino sempre foi uma pessoa direta e ele diz que a Yamaha sabe os problemas que precisam ser corrigidos. O teste de Valência, que sinaliza o início da campanha de 2019, nos dará uma primeira indicação se a fábrica de Iwata resolveu seus problemas para a próxima temporada. Contudo, no GP de Aragón, quando testou o motor que a fábrica está trabalhando para 2019, não ficou nada impressionado, não vendo uma melhora substancial.

 

Quando chegou o mês de setembro e Valentino completou um ano sem vencer uma corrida, aquele final de semana pareceu ter sudo mais longo e complicado que os outros. Ele afirma – e eu não tenho a menor dúvida – de que ele está em uma grande forma física, técnica e extremamente focado em dar um “passa moleque” nessa geração de pilotos mais novos em geral e no seu, hoje, grande desafeto, Marc Marquez, em particular.

 

Sem paciência com as atitudes na pista de Marc Marquez, Rossi deu o troco no espanhol olhando em seus olhos.

 

Inclusive foi neste final de semana em que tentaram fazer com que ele e Marc Marquez “fizessem as pazes” depois de tantas situações dentro e fora das pistas entre os dois e onde Valentino foi – mais uma vez – impagável, deixando o piloto espanhol “no vácuo” de um aperto de mão não correspondido, que teve ainda uma resposta polida e bem colocada por parte do meu paciente.

 

Mas todas estas questões apenas tangenciam o que vem incomodando Valentino: por mais dedicado e concentrado que ele vem sendo nestes últimos dois anos, parece que nada do que sai da fábrica da Yamaha em Iwata tem saído em condições de colocar seu principal piloto em condições de disputar vitórias e títulos. Até onde isso vai ou não começar a interferir na motivação e, consequentemente, na sua performance.

 

Mas, no fundo, o italiano não está nada satisfeito com a situação que tem vivido nos últimos 18 meses.

 

No esporte de competição, o objetivo último do treino é o máximo rendimento. Dia após dia atletas e treinadores aperfeiçoam a metodologia do treino, incrementam cargas, melhoram técnicas, inovam táticas, tudo com o objetivo de alcançar a melhor performance possível nas competições mais importantes. O atleta esforça-se para estar no seu pico máximo de desempenho na sua competição mais importante, no caso dos atletas de elite, como é o caso de Valentino.

 

Os melhores atletas do mundo não diferem assim tanto fisicamente dos atletas de nível mais baixo. Evidentemente competem no mesmo esporte  e executam os mesmos movimentos. Mas o que lhes permite desempenhos a um nível mais elevado vai além das suas excepcionais capacidades físicas. Os melhores atletas do mundo não fazem apenas as coisas melhor, eles fazem coisas diferentes, particularmente aquelas coisas que ocorrem naqueles lampejos de genialidade que tantas vezes vimos Valentino fazer que até parece fácil.

 

Com uma moto inferior, Valentino passou um ano sem vitórias. Algo que não pode se repetir em 2019.

 

Se partirmos do princípio que podemos considerar a motivação, como um motivo para a ação. Então todos os atletas que se deslocam ao local de treino estão a exercer os princípios da motivação. Talvez você caro leitor até possa concordar com esta ideia. Mas se concordarmos com esta ideia, então a motivação não seria um fator diferenciador? Bem poder podia, mas apenas em termos de intensidade. E essa intensidade, então seria aquilo sobre o qual cada atleta poderia trabalhar, certo? A motivação poderia resumir-se à quantidade de energia (motivo) que cada atleta coloca naquilo que faz. Até parece simples, mais energia mais motivação.

 

O que no momento seria o combustível para esta motivação está mais nas mãos dos engenheiros da fábrica da Yamaha do que no apetite de vitórias e títulos de Valentino. Ele sabe disso, eu sei disso e é preciso que os japoneses saibam disso (e não duvido que eles saibam). Mas o tempo está passando e o campeonato de 2019 está logo ali. As respostas precisam ser rápidas. Valentino está pronto para vencer e ser mais uma vez campeão.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares