Jean Eric, um Vencedor Print
Written by Administrator   
Thursday, 12 July 2018 14:13

Olá fãs do esporte a motor,

 

Neste final de semana teremos duas finais de campeonatos mundiais para assistir. Seja na televisão, seja na arquibancada, seja na rua, seja em Moscou ou Nova York!

 

No nosso mundo a circunferência é dos pneus e não das bolas de Futebol e o que pode acontecer (esta coluna será publicada no dia das decisões destes campeonatos, mar terá sido escrita alguns dias antes) de vermos a França conquistando dois títulos mundiais, no campo e na pista.

 

Vai ser em Nova York, em rodada dupla, que será decidido o campeonato da temporada 2017/2018 da Fórmula E, com o favoritismo – assim como na copa do mundo de futebol – da França. Jean Eric Vergne chegou aos Estados Unidos para a rodada dupla de encerramento do campeonato com 23 pontos de vantagem para o inglês (que só não foi para a final da copa do mundo também no futebol graças ao Mick Jagger... hahaha eu não podia deixar de falar isso) Sam Bird. Seria demais ter uma final França x Inglaterra em dois lugares ao mesmo tempo, não?

 

Jean Eric é meu paciente desde 2014, ano em que ele sofreu uma das maiores decepções de sua vida ao ser dispensado da equipe Toro Rosso depois de ter feito parte do programa de jovens pilotos da Red Bull por desde quando ainda corria de kart. Ele começou as consultas ainda no meio daquele ano, sentindo-se ameaçado por Helmut Marko, um ser que é digno de estudos para um tratado psíquico por suas atitudes e palavras.

 

 

Lembro-me bem que no início de suas consultas, um dos assuntos que mais o incomodava foi ter sido preterido em favor de Daniel Ricciardo quando Mark Webber, talvez o mais perseguido entre os pilotos que estiveram sob a nefasta influência deste ser que considero abominável, deixou a Fórmula 1 no final de 2013 e a escolha sobre qual dos pilotos da equipe Toro Rosso iria ser promovido ao time principal foi para o australiano.

 

Jean Eric e Daniel – que também é meu paciente desde 2016 – trabalharam juntos e disputaram este espaço por alguns anos, desde quando disputaram juntos a Renault 3.5 Series em 2011, com seus carros usando as cores da Red Bull, mesmo sendo eles de equipes diferentes. Ambos tinham sido campeões da Fórmula 3 inglesa, Daniel em 2009 e Jean Eric em 2010. 2011 foi o primeiro ano de confronto direto e Jean Eric venceu com folga a disputa entre eles. Ambos estavam na Fórmula 1 em 2012, para correr pela Toro Rosso.

 

 

Nos dois anos em que correram como companheiros de equipe, a disputa sempre foi leal e equilibrada, com Jean Eric (16x10) se saindo melhor no primeiro ano e Daniel no segundo (20x13). Nestes dois anos, Jean Eric conseguiu o melhor resuntado em corrida da equipe, com um 6º lugar no Canadá em 2013. Daniel conseguiu dois 7º lugares no mesmo ano, mostrando haver um equilíbrio de performance entre eles, mas a segunda metade daquela temporada foi terrível para Jean Eric, dentro e fora da pista, com acidentes bobos e a massacrante pressão por parte de Helmut Marko.

 

Apesar de ter se mantido conquistando resultados possíveis com a Toro Rosso no ano seguinte, repetindo um 6º lugar em Singapura e fazendo 22 pontos contra 8 do novo companheiro de equipe, Daniil Kvyat, seu destino estava selado e antes mesmo do final do ano Jean Eric já sabia que estaria fora da equipe para a temporada seguinte, que precisaria encontrar novos ares.

 

 

Foi na iniciante Fórmula E que Jean Eric encontrou um novo desafio para suas habilidades e sua capacidade de pilotar rápido, enfrentando outros pilotos de alto nível e que também não tiveram seu valor devidamente reconhecido na Fórmula 1. Com carros tendo desempenhos mais próximos, seria ali o local perfeito para mostrar a todos que ele poderia sim estar em uma grande equipe de Fórmula 1.

 

O termo que melhor se aplica a esse processo de cair, mas acreditar que pode e vai conseguir dar a volta por cima é resiliência. No seu conceito original, trazido da física, significa a capacidade máxima de um corpo físico de receber pressão sobre si mesmo e se manter em seu estado normal. Ou seja, é o limite da resistência de um corpo. Qualquer semelhança não é mera coincidência. Pode-se dizer que a psicologia pegou o termo emprestado e o aplicou com base no nosso dia a dia. Comumente, é possível notar que o corpo humano sofre pressões, tropeça em obstáculos e se depara com problemas.

 

 

A resiliência é a capacidade psicológica que o individuo tem de passar por adversidades sem perder o equilíbrio. Isso só é realmente possível quando o indivíduo amplifica sua percepção de si e da vida, é a alquimia que transforma a adversidade em crescimento e não existe uma fórmula pronta ou medicamento para ser aplicado a uma pessoa para que este processo se dê em um indivíduo. Cada pessoa trabalha isso de uma maneira diferente.

 

Grandes mudanças vêm inesperadamente e seu desfecho positivo está inerente à adaptação da nova realidade. As dificuldades estão aí para serem superadas e servir de aprendizado a cada um de nós. Dentro de cada pessoa existe a força da mudança da superação, basta adotar certos hábitos para avançar obstáculos e conseguir tornar sua vida incrivelmente positiva. Nenhum problema pode ser maior do que a vontade de solucioná-lo.

 

 

Jean Eric é mais uma prova viva de que uma pessoa pode conseguir superar seus momentos de dificuldade e mostrar quão valorosa ela é. Vencendo ou não o campeonato no encerramento da temporada em Nova York, ele já mostrou ser um vencedor, contradizendo Helmut Marko, que também tirou do programa de pilotos da Red Bull Sebastien Buemi – outro de meus pacientes – e que tem um título na categoria e é um dos melhores pilotos do mundial de endurance.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares