Um Fernando feliz e motivado Print
Written by Administrator   
Monday, 07 May 2018 14:35

 

Olá Fãs do automobilismo,

 

Acho que todos os meus amados leitores já devem ter parado por um segundo para dizer ou pensar: “o tempo está voando”. Em um dos nossos papos de terças-feiras meu sábio chefinho e capitão dos sete mares disse uma coisa que eu jamais esqueci: “o dia continua com as mesmas 24 horas. O problema é que temos tentado fazer tantas coisas que não só o tempo não tem sido o suficiente como está faltando tempo para vivermos”!

 

As vezes precisamos apertar o pedal do freio e ajustar a velocidade com a qual estamos fazendo as coisas. Esta premissa provavelmente não é válida para pilotos do automobilismo ou do motociclismo, que tem suas agendas lotadas em uma rotina insana, dentro e fora das pistas e, no caso do pessoal das motos, as idas aos hospitais para consertar o resultado das quedas que sofrem.

 

No meio de toda esta correria na segunda-feira, entre a sua etapa de estreia no Campeonato Mundial de Endurance e a etapa espanhola da temporada da Fórmula 1, Fernando veio para mais uma das suas sessões regulares, num “bate e volta entre a Europa e a costa oeste dos Estados Unidos. Mais complicado seria se eu ainda morasse e trabalhasse em Cuiabá.

 

Fernando começou o ano se mostrando muito esperançoso em conseguir resultados melhores em 2018.

 

Fernando deve ter passado o domingo viajando para estar no meu consultório às oito horas da manhã... hora que nem eu costumo estar. Normalmente só começo a atender depois das nove horas, mas com um paciente que há tanto tempo estou trabalhando e de quem sou fã (tenho uma foto autografada por ele que seta pendurada no meu escritório em casa. Foi de quando ele corria na Ferrari onde ele está lindo demais). Além disso, sei que ele teria que voltar ainda hoje para a Espanha. Grande Prêmio em casa tem sempre uma agenda de compromissos mais cheia do que o habitual.

 

Fernando estava com um sorriso de felicidade que nem nos dias em Indianápolis eu vi igual... e ele estava muito feliz no ano passado naquele quase um mês que passou por aqui. Como me conhece muito bem, trouxe uma caixa de chocolates belgas para mim. Ele conhece as minhas fraquezas quase tão bem eu conheço as dele. A nossa sessão foi muito produtiva, a melhor do ano.

 

Um frenando mais relaxado em momentos de tensão e dificuldades que vimos nos anos anteriores tem sido positivo.

 

Aprofundamos o tema da motivação, algo que temos trabalhado desde o ano passado quando ele decidiu começar a olhar em outras direções para buscar a satisfação profissional e emocional como piloto profissional e ser humano. A motivação ainda é um grande desafio para as pessoas e cada vez mais deve ser preocupação, pois é o combustível que nos faz funcionar.

 

Todo processo motivacional passa por vários ambientes interligados e o local de trabalho tem um papel fundamental neste processo. Na vida adulta, é o ambiente onde passamos mais tempo ativo de nossas vidas. Considerando um período de descanso em casa de 6 a 8 horas por noite, as horas dedicadas ao ambiente lar são muito menores e a melhoria nos processos internos, dos produtos, envolvimento e comprometimento no ambiente de trabalho interferem muito em nossas vidas.

 

Quem viu o Fernando arrastando a McLaren com 2 pneus furados até os boxes em Baku viu o que é motivação e foco.

 

Não é preciso ser um especialista em Psicologia para saber que cada pessoa deve ser motivada de forma diferente, pois cada qual tem necessidades e emoções distintas. O homem é um ser insaciável, uma vez satisfeita uma necessidade, automaticamente surgirão outras, por isso, é importante que no ambiente profissional sejam encontradas formas de diversificar as formas de motivar e mesmo desafiar o indivíduo e a equipe de acordo com as necessidades dos projetos e também de seus integrantes.

 

No ano passado Fernando buscou este desafio adicional, este incentivo extra, com o apoio de toda a equipe McLaren e da parceira – hoje não mais – Honda para a participação nas 500 Milhas de Indianápolis. Foi um trabalho motivacional do diretor da equipe, Zak Brown junto ao seu mais valoroso membro da equipe a fim de motivá-lo diante dos maus resultados que a parceria McLaren Honda vinha obtendo na Fórmula 1.

 

Mais uma vez, para 2018, o projeto de envolvimento e motivação foi empreendido e Fernando está disputando a temporada bianual do Campeonato Mundial de Endurance, com outra equipe, outro fabricante de motor, outro tipo de carro e um novo desafio, que são as corridas de longa duração e a chance de participar e vencer as 24 Horas de Le Mans.

 

No mundial de Endurance Fernando é o novato e tem mostrado interesses em aprender e vontade de trabalhar.

 

Muitos profissionais reclamam que seu trabalho não oferece desafios ou que os gestores não valorizam o serviço realizado. Entretanto, todas as vezes que são convidados a participar de um trabalho novo e diferente, nem sempre a reação é positiva e isso aplica-se também ao meio do automobilismo onde certas mudanças apontam para um retorno à estaca zero – ou perto desta – em termos de material para desenvolvimento do trabalho.

 

No campo da psicologia, velos que profissionais com esta atitude estão estacionados em sua zona de conforto e, ao invés de encarar o desafio como uma oportunidade de aprimoramento e projeção, consideram que a atividade é um passo atrás em suas carreiras profissionais. Quando vemos um integrante de uma equipe de trabalho que passam anos fazendo a mesma coisa, sempre reclamando e culpando a empresa onde trabalham por não atingir seus objetivos, precisam repensar suas atitudes e objetivos.

 

Depois de praticamente 5 anos, uma vitória... e o ânimo para que a próxima - Le Mans - seja épica.

 

Fernando progrediu muito como pessoa depois de tudo o que passou em suas turbulências na própria McLaren em 2007 e nos anos de Ferrari, onde chegou com um objetivo e uma enorme expectativa e com o passar dos anos se sucederam frustrações, atritos e uma separação nada amigável, algo que comprometeu todo um plano de carreira que ele tinha em mente.

 

A mente de Fernando hoje é outra, os seus horizontes estão mais abertos e mesmo quando ele coloca seus sentimentos pra fora, aos ouvidos de todo mundo, nas mensagens de rádio durante as corridas, a forma como o faz e a forma como isso tem sido visto tem recuperado em parte a sede pelo novo, pelo desafio e a busca da competitividade que faz dele um grande campeão.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

 

P.S.: Sei que meus amados leitores ficarão tristes, mas este ano, por compromissos aqui na Califórnia, não poderei estar presente nas 500 Milhas de Indianápolis. Peço desculpas a todos e vou me esforçar para retornar em 2019.

Last Updated ( Saturday, 12 May 2018 23:22 )