Jimmie não está morto Print
Written by Administrator   
Tuesday, 27 March 2018 13:40

Olá fãs do automobilismo.

 

Este ano fiz minha primeira aparição em uma corrida no super speedway de Fontana, para a etapa da NASCAR, que por ficar na costa oeste dos Estados Unidos, onde moro, consigo me deslocar de carro e fazer do final de semana um “programa de família”, colocando o maridão no mundo da velocidade.

 

O ambiente da NASCAR é muito amigável... pelo menos na maior parte do tempo e quando não rola uma discussão entre as equipes por conta de algum incidente de pista. É uma grande festa onde as pessoas que vem assistir fazem parte do espetáculo. Especialmente aquelas que acampam no interior dos ovais.

 

Eu compareço nos autódromos com o credenciamento de imprensa, solicitado pelo nosso site (obrigada pelas camisas XXL novas), mas para o meu marido sempre tenho a gentileza de um dos meus pacientes para dar uma credencial de visitante, algo que recebo não apenas na NASCAR, mas também na Fórmula Indy e no IMSA-Weathertech. Em Fontana, vim acompanhar de perto meu paciente, Jimmie Johnson.

 

Ele é uma pessoa maravilhosa. Tem uma família espetacular, que sempre se faz presente ao seu lado e como piloto ele é um fora de série, preciso, ético, limpo. Contudo, nem sempre basta ser um fora de série para ser querido e mesmo com todas as suas vitórias, todas as suas conquistas, ele não é aquele “piloto que empolga o público”.

 

Quando ele veio me procurar para começar a ter consultas regulares este foi um dos pontos que eu procurei aprofundar para buscar entender melhor a sua personalidade, ver como ele reagia e se eu conseguiria entender a forma como o público que segue a categoria enxergava Jimmie Johnson, algo que aumentou depois que ele conquistou seu sétimo campeonato e igualou o número de títulos do mítico Richard Petty e do “mais amado”, Dale Earnhardt. Uma oitava conquista seria um golpe duro ao ponto destes torcedores não quererem nem imaginar.

 

Quando conquistou seu sétimo título em 2016, Jimmie Johnson atingiu um marco histórico na NASCAR.

 

Depois da conquista de 2016, algo mudou. Ao contrário da Stock Car no Brasil, onde todos os carros “são iguais” ou da Copa Petrobras de Marcas, onde os carros “são diferentes”, mas motor, câmbio, e outros equipamentos são padronizados, na NASCAR os carros da Ford, Chevrolet e Toyota são distintos e o regulamento que os equaliza é um pouco mais permissível, o que as vezes coloca uma ou outra marca com uma pequena vantagem sobre as outras.

 

Em 2017 o que se viu foi a Chevrolet – o carro utilizado pela equipe Hendrick – ficar um passo atrás dos concorrentes. Logicamente que as equipes e as fabricantes vão procurar encontrar aonde está a diferença. Não só para “equilibrar o jogo”, mas buscar elas estarem um passo à frente das suas concorrentes. Apesar de ter conquistado três vitórias na fase classificatória para os playoffs, Jimmie nunca se sentiu confortável com o carro e a temporada foi repleta de performances sofríveis.

 

Para 2018 a Chevrolet apresentou um novo projeto para enfrentar suas rivais - Ford e Toyota - na categoria.

 

Este ano, mesmo com todo o trabalho que ele, a equipe e a Chevrolet fizeram, parece que as coisas estão ainda mais difíceis. Apesar do modelo novo, a distância parece ter aumentado e os resultados estão muito aquém do que ele gostaria, apesar de todo o esforço. Jimmie sempre usou em algumas pistas a tática do “ir acertando o carro” para o sprint final e vencer a prova, mas este ano está difícil chegar entre os 10 primeiros.

 

Apesar de tudo o que está acontecendo, Jimmie se mostra incomodado, claro, mas não tem se mostrado desesperado por uma solução. Nem ele e nem o chefe de equipe, Chad Knaus. A maneira que a Hendrick faz as coisas por lá normalmente funciona muito bem para eles. Evidente que há uma preocupação, mas como o formato da pós-temporada é agora, há tempo para se estar pronto até o final do verão.

 

Desde a primeira etapa, em Daytona, as coisas não tem sido fáceis para Jimmie Johnson.

 

Jimmie diz que eles tem quatro meses para encontrar o caminho e fazer o carro andar entre os primeiros. Isso precisa acontecer até julho. Outra coisa é garantir-se nos playoffs. Para isso é preciso pelo menos uma vitória até agosto. Encontrar o caminho das vitórias passa pelo que vai acontecer neste período e manter-se na frente na reta final do campeonato. Mas ele lembra que, desde Dover, em junho passado, que não consegue terminar entre os 5 primeiros.

 

A NASCAR mudou muito ao longo destas duas décadas onde Jimmie Johnson se apresentou como o melhor dos competidores. A categoria se renovou em termos de valores. Os pilotos ficaram mais jovens, mais atléticos e com condições de pilotar em alto nível estes carros pesados e difíceis por três ou quatro horas. Jimmie é triatleta, assim como Tony Kanaan, e de excelentes resultados, mesmo estando com 42 anos. Ainda assim, o fato de estar fora dos 20 primeiros entre os pilotos do campeonato deste ano até o momento tem levado jornalistas a especular sobre seu futuro... e isso sim, o deixa irritado.

 

Fazendo parte da equipe Hendrick desde sua primeira temporada completa, em 2002, juntos estão buscando soluções.

 

Apesar de ter estreado no final da temporada de 2001, desde então Jimmie tem se mantido entre os 10 primeiros colocados do campeonato, a exceção de 2014, quando terminou em 11º. Além dos 7 títulos, são dois vice campeonatos e um terceiro. Números que mostram o alto nível de performance que ele impôs a categoria e os boatos de uma aposentadoria que começaram a surgir depois das primeiras etapas da temporada, e que foram alimentados pelo anúncio de que seu patrocinador estará deixando a categoria no final da temporada, fez com que Jimmie respondesse aos especuladores diretamente.

 

Ele afirmou que ainda tem mais o que fazer e que está 100% inserido nos projetos da Hendrick, lembrando que seu contrato com a equipe vai até 2020. Pelos anos de Divã comigo, estar em casa e aposentado não passa por sua cabeça e, provocando os seus “não fãs”, reiterou que quer continuar vencendo e ganhar um oitavo campeonato. Definitivamente, motivação não é o que está faltando.

 

Com a popularização da NASCAR pelo mundo e da maior visibilidade da F1 nos EUA, Fernando Alonso o encontrou este ano.

 

Contudo, é importante que Jimmie consiga encontrar o equilíbrio este ano e pilote o máximo que puder sem estar fora de controle, como é o seu estilo. Do contrário, a informação que ele entrega à sua equipe pode levá-lo ao caminho errado ou simplesmente frustrar a todos. É preciso foco e concentração de todos na equipe para buscar nos fundamentos, gastar tempo extra no cockpit e na sede do time. Quando o caminho for reencontrado os bons resultados Jimmie voltarão a se tornar comuns e eles se encontrarão disputando vitórias novamente.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares