Helinho: Felicidade e Otimismo Print
Written by Administrator   
Thursday, 13 July 2017 20:13

Olá fãs de automobilismo,

 

Minha coluna desta semana vai ser quase um desabafo. Durante os últimos três anos eu venho trabalhando com um dos meus pacientes, semana a semana, em especial nos últimos dois anos, quando em uma sessão fizemos as contas de que ele estaria completando um ano sem vencer.

 

Há alguns anos como meu paciente e há quase três como meu colega colunista no Site dos Nobres do Grid, Helinho é uma das personalidades mais cativantes com quem tenho chance de conversar desde que vim morar nos Estados Unidos. Sua positividade, por mais adversas que sejam as situações nas quais ele está vivendo e aquele sorriso enorme, menor apenas do que o do Daniel, é quase uma injeção de adrenalina moral na gente.

 

Eu moro em prédio aqui em San Diego e no sábado passado, acho que pela primeira vez devo ter incomodado meus vizinhos do tanto que gritei com aquela apresentação maravilhosa da corrida em Iowa. Como eu gostaria de poder estar no oval e ter visto tudo aquilo ao vivo. Não como terapeuta, mas como torcedora e colunista do site dos Nobres do Grid. Ali eu ia poder dar um abraço super apertado nele.

 

 

Nos falamos por telefone – eu, já recomposta da euforia pela vitória e a escalada na grade – precisei me conter e falar como sua terapeuta, parabenizando-o pela vitória e trabalhando aquele aspecto positivista relativo a esta reta final do campeonato, mais uma vez em uma dura disputa contra Scott Dixon, que felizmente não é meu paciente. Imaginem como eu ficaria? Haja profissionalismo!

 

Nesta quarta-feira, antes da corrida no circuito de rua de Toronto, a próxima etapa do campeonato, Helinho veio para sua consulta semanal. Ele está sempre sorrido, como todos nós sabemos, mas o sorriso dele estava diferente. Era como se tivesse tirado o peso do mundo de suas costas. Tinha um forte traço de alívio e isso era algo que ele estava precisando muito, sabemos bem.

 

 

Helinho parecia flutuar no Divã naquela tarde quente. Fomos falando sobre a vida, as expectativas, os sentimentos... ele tem uma coisa em comum comigo: somos muito família e ele tem uma relação com a família que é o principal pilar de segurança emocional da sua vida, mas ele também falou sobre a “outra família” que ele tem nos Estados Unidos, a Penske.

 

São quase 20 anos na equipe e neste período ele pode vivenciar num ambiente muito interativo, foi testemunha de colegas de equipe casando, tendo filhos, conheceu e sensibilizou-se com os dramas de alguns deles, dividiu momentos de alegrias e vitórias pessoais de cada mecânico, cada engenheiro, de todos os membros da equipe onde ele conhece cada um pelo nome e mesmo aqueles que já se aposentaram tem um lugar em seu coração. Helinho é aquilo que chamamos de “pessoa do bem”!

 

Entre os assuntos que temos conversado nas nossas sessões este ano um é o novo projeto de Roger Penske: Um time no IMSA Sportscar, campeonato de provas de Endurance onde muitos pilotos também participam de etapas do Mundial de Endurance. O carro será um Protótipo Acura, com motor Honda e, o que tem sido falado na mídia norte americana é que a dupla do carro seria Helinho e Juan Pablo Montoya, que também é meu paciente e está muito empolgado com o projeto.

 

 

A relação de Helinho com a equipe Penske é algo que parece ir além de uma relação comercial, de cotrato assinado, patrão e empregado. A forma como Roger Penske se posicionou ao longo e após todo aquele problema vivido por Helinho com a receita federal aqui do país em 2008/2009, tendo sido preso, inclusive, foi algo que não se tem notícia no automobilismo mundial, e há casos de pilotos que tiveram problemas com a justiça que depois deles não conseguiram voltar a pilotar.

 

A intenção de Helinho segue a lógica de um piloto eu desde que saiu do kart está sentado em monopostos por toda a sua vida e a mudança, claro que jamais será vista com maus olhos, mas a empolgação deste “menino de 42 anos” é tão grande e o desejo de continuar acelerando na categoria também que, se eu fosse Roger Penske, não trocaria o meu piloto mais empolgado e mais carismático de lugar.

 

 

 

Roger Penske é um homem de negócios antes de tudo. Meticuloso e racional, é inteligente o suficiente e dono de uma capacidade enorme de enxergar longe invejável. Não a toa construiu o império que comanda, com lojas de automóveis, postos de combustíveis, equipes na Fórmula Indy e na NASCAR, lojas de equipamentos automotivos... ele tem a sensibilidade necessária para fazer a coisa certa.

 

Da mesma forma, Helinho sabe da boa relação que tem com a “Família Penske” desde o final da década passada e que um ambiente de trabalho como este que ele tem não se encontra em qualquer lugar, ainda mais se colocarmos na balança três vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis, algo que – pelo que se fala na rádio Paddock daqui – vai estar garantido, mesmo que Helinho deixe a categoria para correr o campeonato de endurance, para que o sonho da quarta e até mesmo de uma quinta conquista venha a acontecer. Este ano “bateu na trave”.

 

 

Helinho está tranquilo, focado no desafio de superar seus adversários e conquistar o campeonato que ainda não conseguiu tornar realidade. São quatro vices e isso é uma das poucas coisas que faz Helinho diminuir o tamanho do sorriso. A confiança neste ano parece estar maior do que nos anos anteriores e estamos trabalhando para que possamos comemorar muito este título.

 

Com a corrida final sendo em Sonoma, estarei presente para comemorar este título junto com ele!

 

Beijos do Meu Divã,

 

Catarina Soares