Helinho: motivação em cima! Print
Written by Administrator   
Tuesday, 27 September 2016 20:42

Olá fãs do automobilismo,

 

Era quase final do verão aqui nos Estados Unidos e eu  fui para Sonoma, convidada por Roger Penske, para assistir o encerramento da temporada 2016 da Fórmula Indy, em um circuito muito bonito, mas que infelizmente estava praticamente vazio.

 

O Mr. Penske é mesmo uma pessoa muito gentil e eu e meu maridão, que surpreendentemente não reclamou do programa de final de semana, sentiu-se bastante à vontade com o tratamento que recebemos. Desta vez nada de ficar acampado na van como foi em Indianápolis. Ficamos muito bem instalados num hotel não muito distante do autódromo e com um carro à disposição.

 

Diferente dos dirigentes da Mercedes na Fórmula 1, não houve cobrança, perguntas ou uma sugestão pra se fazer uma terapia de grupo. Afinal, três dos quatro pilotos da equipe são meus pacientes e justamente o que não é, estav com as duas mãos na taça... e não a deixou escapar.

 

Diante de tudo o que vi, sabia que ia ter trabalho no decorrer da semana, com consultas com Juan Pablo na terça, Will na quarta e Helio na quinta. Como o Helinho é nosso colunista, é brasileiro e eu sou sua fã declarada, optei por partilhar com vocês, queridos leitores, como foi a nossa conversa pós-temporada. Uma temporada que não foi fácil para nosso piloto, sem conseguir vencer nenhuma corrida, apesar da equipe ter conquistado 10 vitórias em 16 corridas (5 com Simon Pagenaud, 4 com Will Power e uma com Juan Pablo Montoya).

 

 

Helinho chegou pontualmente às 13 horas. Gentil como sempre, trouxe flores para o vaso que minha secretária mantém na sala de espera e por mais que tentasse abrir aquele sorriso que é uma de suas marcas registradas, este não foi – mais uma vez – um ano para muitos sorrisos. Pelo contrário. Passar um ano inteiro sem vencer e assistir seus três companheiros de equipe conquistarem êxitos ao longo da temporada é algo frustrante.

 

Ele foi logo perguntando o que eu tinha achado da corrida e eu disse que tinha ficado frustrada com a falta de público no autódromo, que não imaginava uma decisão de campeonato com as arquibancadas vazias como estava. Ele disse que também ficou surpreso e, talvez, o fato de não ter um piloto norte americano com chances de ser campeão pode ter pesado.

 

 

Uma das coisas que mais aprecio em Helinho é a sua sinceridade e como ele é direto em sua forma de pensar e nas respostas que dá. Logicamente ele demonstrou-se frustrado por não ter conseguido ao menos levar a disputa pelo título até o final. Analisando prova a prova, Helinho foi comentando as coisas que deram certo e dar errado ao longo do campeonato e comentando cada uma.

 

A que mais chamou a minha atenção foi a forma como ele mudou o tom de voz ao falar das 500 Milhas de Indianápolis... e eu estava lá. Vi tudo. Vi como ele ficou contrariado ao final da corrida depois de ter ficado fora da disputa pela vitória após ter o carro atingido por JR Hildebrand já na parte final da corrida, obrigando-o a uma parada extra.

 

 

Eu pensei que ele ficaria mais chateado com aquele acidente perigosíssimo que aconteceu nos boxes em Pocono, quando o carro de Alexander Rossi passou por cima do seu em uma das paradas de troca de pneus e reabastecimento. Da forma que aconteceu o pior poderia ter ocorrido. Foi uma questão de centímetros! Foi uma corrida pra jogar no lixo e de infortúnio em infortúnio, a distância para o líder só aumentava.

 

Uma das coisas mais interessantes na personalidade de Helio Castroneves é a sua aparentemente infinita fonte de automotivação. Quem pensa que ele vai baixar a cabeça e deixar se abater pelo que aconteceu este ano está muito enganado. Podem esperar um Helinho supermotivado para 2017, buscando as vitórias que não vieram em 2016, especialmente em Indianápolis, que seria a quarta vitória, algo que o colocaria no mesmo platamar dos maiores vencedores da centenária corrida.

 

 

Reinventar-se é uma palavra que, vez por outra Helinho usa em nossas sessões e depois de 19 temporadas (confesso que tomei um susto quando ele lembrou que 2017 vai ser a vigésima temporada na Fórmula Indy), ou o piloto se reinventa e coloca a motivação lá em cima, como um novato, ou é melhor ir pra casa e procurar fazer outra coisa da vida.

 

E a quem interessar possa, Helinho não pensa em parar!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares