Helinho: Fazer o que for preciso! Print
Written by Administrator   
Saturday, 08 August 2015 01:33

Olá fãs do automobilismo,

 

Esta minha vida aqui pelos Estados Unidos está sendo uma experiência muito interessante, uma vez que acabei por abrir um novo leque de clientes com os pilotos que correm nas categorias locais. Só que enquanto o hemisfério norte está todo praticamente em férias, aproveitando o verão, o meu consultório está funcionando das 9 às 19!

 

No meio de tanta gente e de tantas categorias, de duas e quatro rodas, acabei optando por dividir com vocês, queridos leitores, como foi uma consulta que fiz fora do consultório, na viagem que fiz a convite do meu colega de site, Helinho Castroneves, para conversarmos e assistir a corrida em Mid-Ohio. É muito chique ter um piloto como ele sendo colunista como eu!

 

Como trabalhei até tarde na sexta-feira, só consegui chegar em Mid-Ohio no sábado pela manhã, graças a um providencial voo noturno. Ainda bem que eu durmo como uma pedra no avião. Caso contrário, acho que dormiria até nos boxes, sem me importar com barulho dos carros, que nem é tão alto.

 

Helinho nos recebeu (meu marido, claro, foi junto) com aquele sorriso de galã de sempre e disse que estava muito animado com o acerto do carro nos treinos livres e achava que conseguiria conquistar uma boa posição para a largada. Como ele mesmo disse em sua coluna, agora era a hora de arrancar para o título.

 

 Por onde anda, Helio Castroneves é um imã que atrai fãs e espalha simpatia mo final de semana.

 

Foi neste ponto que aproveitei para retomar nossas conversas do final do ano passado, quando ele e Will Power disputaram o título e o Helhinho acabou mais uma vez com o vice-campeonato em um ano – mais um – que o título parecia estar apenas esperando por ele.

 

Ele falou que este ano as coisas estão complicadas... começando dentro da equipe que agora tem quatro pilotos como são as outras grandes equipes, a Ganassi e a Andretti. Seu patrão, Roger Penske, contratou o francês que sempre andou bem nos protótipos, Simon Pagenaud para compor a equipe, que ainda conta com o campeão Will Power e com Juan Pablo Montoya ainda mais readaptado à categoria.

 

O venezuelano ganhou as 500 Milhas de Indianápolis, lidera o campeonato e tem o mesmo equipamento que ele. Não bastasse isso, algumas coisas que não deram certo em algumas corridas anteriores o deixaram mais longe do líder na pontuação. Senti um Helio tenso, cobrando-se muito mais do que vi quando estive em Fontana.

 

 Para 2015 o desafio aumentou com a chegada de mais um piloto na equipe, além das feras que já estavam por lá.

 

Apesar de tudo, a “positividade” que Helio traz com ele é algo que “desafia a Psicologia”, creio eu que da mesma forma ele desafia os limites do carro. Nem sempre nossas expectativas são irreais, mas é necessário colocar reflexão em cima e pensar bem sobre porque queremos aquilo. As maiores decepções decorrem dos sonhos “mal pensados”, aquelas coisas que “queremos porque queremos”, ainda mais quando há um motivo muito claro e racionalizado. Lidar com a não realização é um fardo pesado para qualquer um e, há 15 anos Helio vem tendo que lidar com isso.

 

A quarta posição para a largada deixou-o animado. Conversamos bastante sobre expectativas, contas, estratégia, mas principalmente em como usar aquela situação para enxergar a meta final, mas focando em dar um passo de cada vez, em trabalhar aquele momento para que toda a sua “positividade” fosse canalizada.

 

 Em momentos mais pessoais, é possível ver um Helio sem sorrir, com uma fisionomia mais tensa.

 

Na manhã do domingo, Helinho estava muito animado, como sempre, distribuindo simpatia e fazendo a alegria dos fãs. O problema é que a equipe errou na estratégia, que no caso da Fórmula Indy mais parece um jogo de adivinhação do que propriamente lógica. O resultado final, um 15º lugar para quem andou no pelotão da frente mais da metade da prova foi frustrante.

 

Para os jornalistas, como é sua postura, Helinho procurou passar aquela imagem otimista que sempre passa, mas para quem analisa com os olhos de um profissional, posso dizer que podemos lançar mão de técnicas e principalmente, mecanismos mentais, para potencializarmos a autodisciplina e vencermos parte desses momentos negativos. Contudo, isso não nos tira da realidade.

 

Helio, como sempre, procurou ser otimista quanto às possibilidades de dar uma virada no campeonato. Estando 58 pontos atrás do líder, ainda é possível reverter o jogo, especialmente com o fato de termos mais uma corrida com pontuação dobrada nas 500 Milhas de Pocono. Contudo, é preciso que as coisas realmente venham a dar certo. Entre os seis primeiros da classificação do campeonato, Helio é o único que ainda não venceu este ano.

 

 Com Roger Penske pode estar a solução para se encontrar o caminho da virada nas provas finais.

 

Dentro da equipe, Helio conta com algo que é um diferencial: ele tem o dono do time, Roger Penske, trabalhando diretamente com ele na estruturação do planejamento de corrida, na análise das possibilidades e tanta experiência assim pode realmente fazer a diferença nas duas corridas finais. Contudo, a cabeça de ambos precisam estar em sintonia e a do Helio, funcionar como um instrumento de precisão para que o carro tenha um acerto competitivo ao longo de todas as voltas.

 

Helio sabe que o tempo está passando e que será muito frustrante terminar mais uma temporada sem conquistar seu grande sonho de ser campeão, tendo que começar toda a caminhada, mais uma vez, em 2016. Talvez apenas quando este momento chegar ele consiga a tranquilidade para conquistar a quarta vitória nas 500 Milhas de Indianápolis... e a próxima é a 100ª edição!

 

 Se tem uma coisa da qual não duvido é que Helio jamais desistirá do sonho de ser campeão da Fórmula Indy.

 

Domingo à noite, antes de retornar para San Diego, conversamos mais uma vez e Helio já estava mais consciente do que havia se passado nas horas anteriores e mais tranquilo para falar. Ele disse saber exatamente o que precisa ser feito, sem confusão ou dispersão. Com auto-organização para não se perder em meio as mil variáveis que surgem ao longo da corrida e que vai se manter firme e forte fazendo o que precisa ser feito.

 

Assim como ele, também farei o que precisa ser feito: estar ao seu lado em todos os momentos e torcer muito!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares