Kimi: o prazer é que importa! Print
Written by Administrator   
Tuesday, 28 July 2015 01:28

Olá fãs do automobilismo,

 

O endereço eletrônico do nosso site recebeu muitos emails nestes últimos dias para saber se a minha próxima coluna seria com algum membro da família do Jules Bianchi. Por uma consideração especial aos pais e irmãos dele, optei por não publicar nada sobre nossas últimas conversas. Da mesma forma que todos na redação, também estou muito sentida.

 

Interessante foi o que li sobre alguns pilotos depois da corrida onde, antes da largada, foi feita aquela homenagem ao Jules com os pilotos em círculo, abraçados... e depois a grande quantidade de incidentes de pista com carros se tocando e uma incrível declaração de Felipe Massa sobre “seu emocional talvez ter se sido afetado” e influenciado no seu rendimento na corrida, desde o erro na posição de largada... é algo que precisaremos conversar nas próximas sessões.

 

A Fórmula 1 vai entrar de férias e aqui em San Diego o verão está bem confortável, com a temperatura não chegando aos 30 graus, apesar dos dias ensolarados. Sem atividade na pista e com agenda superlotada no consultório. Até que andava “sumido” decidiu vir aqui na costa oeste americana para dar um “Hello Doc” para mim.

 

A corrida da Hungria é mais do que o marco inicial das "férias" da Fórmula 1. É de agenda cheia no consultório!

 

Entre os que não procuram meus serviços regularmente, mas que eu adoro quando ele aparece, foi o meu último paciente da agenda da quarta-feira. Acho que não preciso falar que o Kimi não é um mestre da oratória e que é um pouco difícil para ele “se soltar”, especialmente com pessoas não muito próximas, mas eu fiquei feliz em revê-lo.

 

Como não é um paciente regular, precisei “criar um horário” para ele, depois da agenda normal. Já havia até dispensado minha secretária. Ele foi muito pontual, como sempre e até sorriu quando chegou, o que para mim foi um bom sinal e vi aquilo como uma possibilidade de termos uma conversa mais produtiva.

 

Perguntei para ele como foi a viagem, como estavam as coisas em casa e ele logo perguntou a qual casa eu me referia, se a de Mônaco ou a da Itália e aí ficou claro o motivo pelo qual ele quis vir conversar: a situação na Ferrari não está confortável e ele está incomodado.

 

Nem sempre as pessoas entendem "o jeito Kimi" de ser... mas ele não está muito preocupado com isso.

 

Depois de tudo que lemos nos anos em que Felipe Massa teve que estar na equipe junto com Fernando Alonso e o quanto ele foi cobrado, até mesmo massacrado pela imprensa italiana, por conta de “não estar à altura” de sentar em um carro da Ferrari e não andar no mesmo nível do seu companheiro de equipe.

 

Ao longo do ano passado, Kimi Raikkonen também não conseguiu andar no mesmo nível de eficiência e regularidade de Fernando Alonso, mas nem por isso foi “caçado” e cobrado como a mesma imprensa fez com Felipe Massa. Este ano, contudo, parece que os jornalistas perderam a paciência e a cobrança começou.

 

O ambiente na Ferrari está muito melhor este ano do que foi nos anos anteriores... 

 

A questão é que a cobrança foi colocada de forma duramente explícita por ninguém menos que seu próprio chefe, Maurizio Arrivabene. E isso levou nossa conversa para dentro de Maranello e Kimi foi bem direto no que diz respeito ao tipo de relacionamento que há hoje dentro da Ferrari.

 

Para ele, o nível de entendimento aumentou, o nível profissionalismo aumentou e o nível de interação entre os membros da equipe aumentou. Contudo, ele acha que ainda não achou o “ponto ideal” no seu relacionamento com o carro. Ele se cobra, achando que pode fazer mais e que, a seu modo, ele está buscando isso.

 

Segundo a imprensa italiana, o chefão Maurizio Arrivabene já mostrou "o caminhoda rua" para Kimi Raikkonen.

 

Quanto ao que a imprensa diz, divertidamente ele pergunta se são eles que pagam seu salário e responde que não, então não tem muito o que ficar dando atenção as coisas que eles falam e escrevem. Eles tem que ganhar seu dinheiro e para isso tem que escrever e falar, serem lidos e ouvidos.

 

Apesar de todo seu esforço, as vezes acontecem coisas que estão fora do alcance do piloto, como quando alguma coisa no carro para de funcionar, o que já aconteceu em outras corridas e que, especificamente nesta, na Hungria, impediu a equipe de fazer uma dobradinha depois daquela largada espetacular de ambos.

 

O problema no sistema de recuperação de potência que provocou o abandono deixou-o muito chateado.

 

Situações como estas, sim, o deixam incomodado. Afinal, estava tudo correndo dentro do planejado e ele tinha uma estratégia para um ataque no trecho final da prova, agora que a equipe não os obriga mais a evitar uma disputa. Segundo ele, um outro ponto que mudou na equipe este ano, além de ter um entendimento bem melhor com Sebastian do que tinha com Fernando.

 

Quando fala sobre futuro, Kimi é bem vago... diz que vive a vida fazendo algumas das coisas que mais gosta, como pilotar um carro. Seja no gelo e na neve, em seu país natal, seja numa prova de rally, seja num Fórmula 1 e seus prazeres, enquanto ele os tiver, ninguém vai tirar dele.

 

Maurizio Arrivabene reconheceu a grande corrida que ele fez até o problema aparecer.

 

Agora vou pedir uma licença para a minha colega Maria da Graça e usar uma de suas marcas registradas dizendo que hoje meu marido fará parte da coluna porque, depois da nossa sessão, fomos para um Sports Bar bastante conhecido aqui em San Diego na companhia de “um certo gorila”.

 

Uma das coisas que o Kimi mais gosta nos Estados Unidos é poder sair sem ser reconhecido nos lugares onde vai!

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares


Last Updated ( Tuesday, 28 July 2015 01:41 )