Felipe: Com os pés no chão! Print
Written by Administrator   
Monday, 29 June 2015 20:40

Olá fãs do automobilismo,

 

Estas últimas duas semanas foram de muitas emoções, tantas que precisei reenviar as pressas o texto da coluna deste mês com algumas alterações por conta deste, sem trocadilhos, eletrizante final de semana que vivi, indo pela primeira vez a uma corrida da Fórmula Indy como enviada do site dos Nobres do Grid para Fontana, que fica aqui na Califórnia.

 

E meu coraçãozinho quase saiu pela boca ao ver os acidentes da corrida com meus próprios olhos, tudo em 3D, com o barulho dos pneus cantando, o impacto dos carros batendo e a aflição a te ver que os pilotos estavam saindo bem dos destroços dos seus carros.

 

Para completar, poder me emocionar com a vitória do meu cliente mais introspectivo e querido (desculpem os outros) sendo campeão do mundo, dando a volta por cima com a conquista do primeiro campeonato da “Fórmula do Futuro”, a categoria dos carros elétricos.

 

Mas, voltando aos assuntos do consultório, chega desta polarização de sessões envolvendo os integrantes da equipe Mercedes. Antes de viajar para a corrida da Fórmula Indy, o primeiro paciente do dia foi o nosso Felipe Massa, que chegou com um sorriso no rosto como há tempos eu não via.

 

Foram 9 meses entre esta cena, em Abu Dhabi e a nova comemoração e o retorno ao pódio na Áustria.

 

Quando um paciente chega ao consultório em estado “quase eufórico” todo terapeuta de bom senso fica com um pé atrás, mas sem dar na vista. Um dos aspectos mais comuns da chamada “bipolaridade” é justamente este. É preciso ter cuidado, mas não era o caso de Felipe. Sua felicidade estava no que ele conseguiu fazer na última corrida, disputada na Áustria.

 

Há algum tempo Felipe comentou em uma das nossas sessões que pretendia “interagir mais com seu público”. Daí surgiu o programa que ele faz na internet, o “face to face com Felipe Massa”, fazendo uso de uma rede social. Uma forma interessante de lidar com o público uma vez que na Fórmula 1 chegar perto dos pilotos é algo que poucos privilegiados conseguem. Muito diferente da Fórmula Indy, onde o público realmente chega perto dos pilotos.

 

É bom ver Felipe sorrido e não sisudo diante das câmeras e microfones no autódromo.

 

Felipe tinha alguns bons motivos para estar feliz. No ano passado, nesta altura do campeonato, ele acumulava cerca de 1/3 dos pontos do seu companheiro de equipe, Valtteri Bottas e este ano a diferença entre eles é de apenas 5 pontos, sendo que Felipe está num grau de confiança excepcional.

 

Ele comentou que, apesar de ler muitos comentários pouco educados com relação ao fato de Valtteri estar à sua frente na pontuação do campeonato, mas que isso, de certa forma, serve mais como um desafio para mostrar a estes que desdenham de sua capacidade, apesar de que, como escreveu Renato Russo (o cantor, não o piloto), Felipe não precisa provar nada para ninguém.

 

A relação com Valtteri Bottas é muito mais de parceria do que de competição dentro do time.

 

O que tem mesmo angustiado meu paciente é a evidente perda de terreno da equipe em reação às suas rivais mais diretas: a Mercedes, que fornece os motores e que Felipe colocou-se numa complicadíssima “saia justa” ao afirmar que os motores fornecidos para a Williams não são iguais aos que equipam os carros da equipe alemã, tendo sido obrigado a tentar consertar o que foi dito, e a Ferrari, que reconstruiu seu motor e conta com um carro bem melhor que o do ano passado.

 

A corrida da Áustria de 2014 foi a que a Williams mais deu trabalho aos carros prateados. Com Felipe Massa marcando a pole position e uma disputa forte entre os quatro carros por um bom tempo da corrida, tendo Valtteri Bottas terminado bem perto dos carros da Mercedes. Este ano, o abismo é grande. A diferença no cronômetro dobrou... e só não foi maior porque não houve disputa pelos carros da Mercedes.

 

Trabalhando juntos em todos os treinos, Felipe e Valtteri se ajudam para ajudar a equipe.

 

Depois de 14 temporadas na Fórmula 1, Felipe sabe que precisaria de uma “conjunção astral” para poder voltar a disputar o título mundial com reais possibilidades como foi em 2008, um assunto ainda não muito bem resolvido em sua mente e que, volta e meia vem à tona nas nossas sessões, mas tem plena consciência que só poderá ter alguma chance se conseguir se manter competitivo.

 

Fazer com que a equipe consiga, até o final do ano , superar a Ferrari no mundial de construtores não está parecendo um desafio fácil, pelo contrário, Sebastian Vettel tem hoje praticamente o somatório dos pontos da Williams e vem mantendo uma regularidade entre as 5 primeiras posições no final das corridas, mas faltando 11 etapas, o final da disputa ainda está longe.

 

Depois da bandeirada, com a pontuação ao lado, Fellipe mostra que está feliz com ele mesmo.

 

Felipe sabe que a Williams conta com sua experiência para fazer com que o carro melhore em performance neste final de temporada, mesmo sendo uma luta desleal, diante do poderio financeiro da Ferrari, algo que a Williams de hoje não tem.

 

Felipe falou também sobre como esta proximidade do companheiro de equipe na tabela de pontos está fazendo bem para ele. Apesar de ter tido problemas que o fizeram ter más corridas na primeira metade da temporada, este ano ter o companheiro, mais jovem e menos experiente à frente da pontuação mais uma vez é menos desconfortável e mais desafiador.

 

Não há dentro da equipe um clima de competição desgastante como ele viveu com Fernando Alonso. Logicamente que há disputa e nenhum dos dois quer ficar para trás, só que neste caso as coisas acontecem de forma aberta, limpa, com troca de informações e ambos trabalhando para o bem da equipe, sem “privilégios”, mas com respeito.

 

Que este seja o primeiro de outros pódios no restante da temporada.

 

É este respeito que Felipe busca reconquistar junto a boa parte da torcida brasileira, que engoliu atravessado as ordens de equipe dadas na Ferrari por uma década e meia e que há 6 anos não vê um piloto brasileiro no ponto mais alto do pódio na Fórmula 1.

 

Ainda não é a hora, mas Felipe acredita que este dia pode chegar. Com trabalho e pés no chão.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares