Felipe, o confiante! Print
Written by Administrator   
Friday, 06 March 2015 02:28

Olá Fãs do automobilismo,

 

Quando vocês estiverem lendo esta coluna, a corrida de abertura do Campeonato Mundial de Fórmula 1 já terá terminado. Assim, será como uma viagem no tempo para vocês e uma experiência interessante em saber como as pessoas estavam pensando antes da corrida e como estão pensando agora.

 

Depois dos testes em Barcelona, Felipe (os dois Felipes) retornaram ao Brasil antes de seguir para a corrida. Para ir do Brasil para a Austrália, é mais fácil cruzar o oceano pacífico do que dar a volta inteira no planeta, mas Felipe Massa acabou fazendo um trajeto diferente: ele veio até San Diego!

 

A cara de sono que ele estava na manhã da segunda-feira passada foi de dar dó. Achei que ele acabaria cochilando no meu divã durante a sessão. Ele falou que a viagem foi longa e turbulenta, que mal conseguiu dormir durante o voo entre São Paulo e Los Angeles.

 

Perguntei se apenas o voo vinha tirando seu sono... ele riu! O semblante no rosto de Felipe era de serenidade, não apenas sonolência. Ele estava feliz e confiante com as perspectivas que sua segunda temporada na equipe Williams e mais ainda com os resultados nas três sessões de testes pré-temporada.

 

Foi logo começarmos a falar sobre as perspectivas para a temporada deste ano que o sono parecia ter passado... rápido como um carro empurrado por um motor Mercedes! Felipe falou sobre a evolução do conjunto da Williams em relação ao carro da temporada passada e que toda a equipe está muito excitada com uma real possibilidade de vitória, embora ele ache que ainda há uma distância até os carros da Mercedes.

 

Na apresentação do FW37, os dois pilotos da equipe mostraram confiança na evolução do trabalho de 2014.

 

Felipe falou também sobre o bom ambiente que há dentro da equipe e no quanto a família Williams tem dado suporte a ele e ao seu trabalho desde o ano passado, apesar de todos os problemas enfrentados, acidentes e com as pressões que a necessidade por resultados se impõem aos pilotos.

 

Confesso que fiquei esperando o momento quando Felipe tocaria na relação com Valtteri, seu companheiro de equipe, que andou mais rápido do que ele na maior parte da temporada. Tem horas que o terapeuta tem que deixar o paciente – por iniciativa própria – tocar em algum ponto que possa, de alguma forma, estar incomodando, ou ter incomodado.

 

Na pista, Felipe mostrou que o carro tem um grande potencial e pode ir mais longe que seu antecessor.

 

Não demorou muito para que ele falasse sobre o último dia de treinos, onde Valtteri marcou o melhor tempo e mostrou, o quanto o carro era rápido, além de confiável e que ele estava confiante de que, este ano, sem problemas como os que enfrentou no ano passado, andaria na frente do seu companheiro de equipe.

 

Era a “deixa” que eu precisava para tentar avaliar o quanto meu paciente tinha evoluído desde o segundo semestre do ano passado para cá. Se meus queridos leitores se lembram, Felipe estava bem transtornado com a situação de estar andando constantemente mais lento que Valtteri Bottas nas corridas antes das férias de agosto.

 

Depois da interrupção, com as baterias recarregadas e o espírito renovado, Felipe mostrou uma recuperação dentro da equipe e em relação ao seu companheiro no time. Como eles mesmos dizem, “é o primeiro adversário na pista a ser superado: aquele com um carro igual ao seu”.

 

O primeiro grande desafio de qualquer piloto é superar seu companheiro de equipe... e Felipe sabe bem disso. 

 

Dentro da estruturada equipe, todos tem uma grande confiança na bagagem que Felipe acumulou e que pode transmitir dentro da área de desenvolvimento. Apesar de toda a informatização dos dias de hoje, o piloto ainda é importante. Do contrário, o carro estaria vazio e um engenheiro operaria um console de dentro dos boxes ou mesmo da fábrica!

 

Felipe procurou deixar claro o quanto sua presença foi importante no ano passado e continua sendo neste início de atividades. Andando muito, testando tudo, cumprindo o programa planejado e analisando o desempenho dos seus adversários. Depois de 14 anos na categoria, a experiência permite ver, andando atrás de outro carro, por exemplo, como ele se comporta e o quanto o adversário está “escondendo o jogo”, caso esteja.

 

Com uma década e meia de F1, Felipe conta com a confiança do corpo técnico da equipe.

 

Quando eu menos esperava, ele voltou o assunto para a situação interna da equipe. Falou que tem confiança no que pode fazer, mas também foi claro quanto ao que aconteceu na primeira metade da temporada passada. Enfaticamente, ele disse que “o raio não pode cair no mesmo lugar este ano”, que andar na frente de seu companheiro de equipe é algo que ele precisa fazer para estabelecer não apenas a “hierarquia” dentro do time, mas também para poder usar dos  privilégios de se estar na frente na pontuação no campeonato.

 

Felipe ainda tem contrato até 2016 e motivação para correr por mais uma década se depender dele. Contudo, ele sabe que a renovação de contrato com a Williams no próximo ano vai depender não apenas do que ele venha a ser capaz de produzir em termos de evolução para o carro, mas também de seus resultados e um segundo ano, ou mesmo um terceiro atrás do companheiro de equipe não vai ser nada bom.

 

Este é o Felipe de 2015: confiante, com a "faca entre os dentes", pronto para qualquer desafio.

 

Com o espírito guerreiro e determinado de sempre Felipe seguiu para a Austrália, confiante e preparado, focado no que estabeleceu como objetivo para esta temporada: ser, no mínimo, o melhor dos classificados entre os pilotos que não estarão nos carros oficiais da Mercedes. Vitórias? Quem sabe... como já ouvi muitas vezes, desde os tempos em que meu pai corria em velocidade na terra, em corrida tudo pode acontecer entre a largada e a bandeira quadriculada.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares