Bruno: Correndo em busca da felicidade Print
Written by Administrator   
Friday, 27 February 2015 15:16

Olá fãs do automobilismo,

 

Confesso que em pouco mais de um mês aqui em San Diego já estou completamente adaptada ao estilo de vida dos locais. Do meu consultório consigo ver o mar e a cada por de sol no oceano sinto que deveria ter nascido numa cidade litorânea, não no interior.

 

O mar faz bem e a consulta que irei relatar nesta quinzena é de um paciente que estará por aqui pelos Estados Unidos “de costa à costa” como eles dizem. Afinal, serão duas etapas da Fórmula E por aqui. Uma em Miami e uma em Long Beach, que eu irei assistir pessoalmente, a convite do Bruno, que é um amor de pessoa.

 

Ele pediu imensas desculpas por não ter ido ao meu casamento, mas ainda estava na Inglaterra tratando de assuntos relativos ao seu futuro... e que felizmente deram certo! Bruno irá fazer parte da equipe de pilotos de Gran Turismo da McLaren, devendo pilotar os modelos 650S Sprint e o 650S GT3.

 

A confirmação e a assinatura do contrato só aconteceram no início do mês, mas era apenas uma questão de detalhes, alguns dos quais ainda não estão definidos, como, por exemplo, que corridas Bruno irá disputar com a equipe ao longo da temporada de 2015. Além das corridas, há todo um programa de testes e desenvolvimento que, além de desenvolver o carro, serve também como aprimoramento do piloto.

 

Desde a metade do ano passado, nossas sessões tem sido mais positivas. No início de 2014 Bruno estava um tanto quanto cabisbaixo, até mesmo insatisfeito de como as coisas no meio do automobilismo estava se apresentando para ele, até a confirmação de um lugar na Fórmula E.

 

Depois de muitas incertezas, a "maré" de Bruno Senna começou a mudar... primeiro com a F-E, agora com a McLaren.

 

Uma coisa que viemos trabalhando ao longo destes anos de terapia foi aquela sensação que as vezes temos de ter estado nos lugares certos... mas nos momentos errados! Bruno nunca falou explicitamente, com estas palavras, sobre o assunto, mas deixou isto transparecer mais de uma vez em nossas conversas.

 

Quando fez os testes na equipe Honda – ao final de uma temporada simplesmente trágica em termos de performance para a equipe japonesa – e que saiu-se muito bem, as coisas poderiam ter tido um outro caminho em sua vida caso Ross Brawn, que comprou a equipe e sagrou-se campeão do mundo no ano seguinte com Jenson Button, tivesse apostado na sua juventude e não na experiência como o fez quando optou por manter Rubens Barrichello no time.

 

As passagens pela Williams e pela Lotus também foram marcadas por mais dissabores do que por momentos de alegria. Ver as equipes ter temporadas brilhantes como teve a Lotus em 2013 e a Williams no ano passado deixam, certamente uma sensação de que a carreira poderia ter tomado outro rumo se não fosse tudo acontecer “na hora indevida”.

 

Este é o McLaren 650S, o carro que Bruno Senna pilotará em 2015. Não apenas em corridas, mas no desenvolvimento.

 

Mas Bruno é uma pessoa tão alto astral que mesmo no momento mais difícil um sorriso e um brilho de esperança pode ser visto e seu rosto. Mudança mesmo eu só vi quando ele ficou sabendo que sua mãe tinha ido até Cuiabá fazer algumas sessões comigo. Foi um ar de espanto!

 

Todos nós sabemos o quanto é competitivo – as vezes muito mais fora da pista do que dentro – este meio do automobilismo e Bruno sentiu isso na pele nos anos de Fórmula 3 inglesa e GP2, especialmente nesta última, onde os pilotos dão tudo para conseguir aparecer e conseguir dar o passo adiante.

 

Ele sempre teve plena consciência de que o seu sobrenome era, ao mesmo tempo, a chave para abrir portas e o fardo a ser carregado por conta de cobranças e até uma forçada semelhança física que as fotos mostram, mas que não é tão grande assim como alguns costumam afirmar.

 

Longe da Fórmula 1, Bruno Senna mostrou que não é um sobrenome e andou bem no Europeu de Endurance em 2009. 

 

Logicamente que esta “chave” proporcionou boas possibilidades, como foi o primeiro contato com os carros de endurance em 2009 e que Bruno conseguiu ótimos resultados, mesmo nunca tendo disputado uma corrida com este tipo de carro. Foi uma demonstração de um talento nato, algo de DNA, se é que isso existe para se ser piloto ou não.

 

O ambiente da Fórmula E é mais leve, menos tenso do que qualquer outra categoria que Bruno competiu. Logicamente que há competição e que todos estão ali para dar o máximo de si e vencer, mas há o aspecto da inovação tecnológica e da descoberta de um carro totalmente novo e diferente para todos. Isso deixa o piloto e principalmente o ser humano mais relaxado. Esta sensação faz bem!

 

Bruno pretende continuar focado na Fórmula E que este ano está sendo apenas a primeira de muitas temporadas, que a categoria vai crescer muito e que, logicamente, a competitividade vai aumentar... mas isto é algo que o piloto tem no sangue e Bruno tem isso no sangue desde criança!

 

Desde setembro do ano passado, Bruno Senna vem acelerando para o futuro competindo na Fórmula E.

 

A McLaren ainda não definiu quais as corridas de quais campeonatos Bruno irá participar, mas certamente pelo menos um deles terá sua presença como temporada completa. Isso permitirá que ele dispute realmente o título do campeonato, tudo o que ele quer!

 

Bruno sabe que é preciso voar com as próprias asas e tem a certeza de que pode fazer isto, independente do quanto as pessoas a sua volta e os saudosistas da mídia insistam em amarrar a sua imagem à do tio. Ele precisa ser, antes de tudo, Bruno. Vai ser vencendo como Bruno que ele se fará Senna.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

p.s. Antes de ir embora ele abriu a pasta e me deu uma foto dele, ainda criança, num porta retrato muito fofo... amei! Lembro de umas imagens dele ainda menino com o tio, mas ter uma foto assim, foi especial.

 

 

Fiz uma “foto da foto” antes de pedir que ele a autografasse. A foto eu divido com vocês... o autógrafo é só meu!


Last Updated ( Friday, 27 February 2015 16:45 )