Felipe, o forte! Print
Written by Administrator   
Sunday, 07 December 2014 17:23

Olá fãs do automobilismo,

 

Este final de ano está sendo muito especial para mim. É muito gratificante para qualquer terapeuta ver seus pacientes crescendo e se fortalecendo, redescobrindo sua essência e fazendo aquilo a que se propôs fazer na vida com alegria e a competência que sempre tiveram.

 

Logo que voltou ao Brasil, depois da última etapa do campeonato mundial de Fórmula 1, em Abu Dhabi, Felipe ligou perguntando se teria como mudar o horário da sua consulta, por conta de alguns compromissos comerciais. Como ele era o penúltimo paciente do dia, propus fazermos no início da noite, o que até facilitaria sua vinda, uma vez que a malha aérea não colabora muito pra quem quer vir à Cuiabá.

 

Ele chegou um pouquinho atrasado, pediu desculpas, mas foi tão bom ver aquele brilho nos seus olhos que mesmo que ele tivesse atrasado três horas teria valido a pena. Em todos estes anos em que ele tem feito este trabalho de acompanhamento comigo, nunca o vi com uma expressão tão positiva no rosto e na voz.

 

Como de costume, perguntei como estava o Felipinho, seus pais, mas ele estava mesmo disposto a falar sobre o final da temporada, especialmente sobre a corrida de encerramento, onde a possibilidade de uma vitória, com as Mercedes (ao menos uma) na pista e andando normalmente, foi real!

 

O pódio no GP de Monza foi um divisor de águas no ano de Felipe Massa.

 

Acabamos fazendo uma avaliação da temporada como um todo, que no início, apesar da velocidade e do potencial do carro, as coisas pareciam insistir em dar errado. O pior momento foi aquele pedido – absurdo – para que ele deixasse o Bottas, seu companheiro de equipe, ultrapassá-lo nas voltas finais do GP da Malasia.

 

Felipe tem consciência que metade dos problemas que teve ao longo das provas em que não conseguiu atingir os objetivos dele e da equipe se deram por fatores alheios à sua vontade ou à sua capacidade de pilotagem. Se, pelo menos aos olhos do público, não havia pressão e sobrava confiança em seu trabalho na equipe, a cobrança pessoal que Felipe, como qualquer atleta ou profissional de ponta, fazia sobre si mesmo era enorme!

 

O Pódio no GP do Brasil, atrás apenas das Mercedes, foi reconhecido pelo público como uma vitória.

 

A “virada” começou a vir com o pódio na Itália. Monza sempre foi um lugar mágico para ele, não apenas por ter corrido por tantos anos na Ferrari. Na verdade, foram 7 das 9 últimas corridas em que ele mostrou “a verdadeira face de Felipe Massa”, mesmo quando a equipe errava na estratégia, como aconteceu nos Estados Unidos e que o fez perder a posição para Daniel Ricciardo.

 

Desde 2008 que Felipe não fazia um GP do Brasil como o que fez este ano. Não tinha como sonhar em disputar a vitória contra as Mercedes, mas ser “o melhor dos outros” – e principalmente o ‘melhor da equipe’ – era algo que Felipe chegou em Interlagos disposto a por em prática... e eu testemunhei isso. O foco na sua expressão facial foi algo que eu só tinha visto na decisão do campeonato em 2008.

 

No Brasil, mais do que em qualquer lugar, Felipe mostra toda sua paixão.

 

Havia um outro ponto que o incomodou bastante ao longo da temporada: o fato de estar atrás do companheiro de equipe na pontuação do campeonato por todo o ano. Valteri é um piloto rápido e competente, mas Felipe tinha confiança em si mesmo de que, em condições normais, poderia ser mais rápido que ele, independente de um ou outro ter algum tipo de problema.

 

A corrida de Abu Dhabi foi um verdadeiro “descarrego da alma”. “Foi como se todo o peso do mundo fosse retirado dos ombros”, nas suas palavras, mesmo tendo sido superado pelo companheiro na classificação. Uma coisa que Felipe fez muito bem ao longo do ano foi largar e, na largada, quase passa, inclusive, uma das Mercedes.

 

Fechar o ano como foi a corrida em Abu Dhabi foi simplesmente fantástico. Foi o melhor de Felipe para se ver.

 

A performance em ritmo de corrida foi, em sua opinião, melhor do que a conseguida na Áustria, onde ele conseguiu a única pole position não estabelecida por um carro da Mercedes em todo o ano. E quem fez foi ele, e não o veloz companheiro de equipe.

 

Atitudes como as que Felipe teve ao longo do ano, para além das performances, foram a garantia da renovação de seu contrato por mais dois anos e – melhor ainda – o “não, muito obrigado, já temos nossos pilotos para o próximo ano” que foi dado à Fernando Alonso quando seu empresário procurou a equipe para tentar colocá-lo em um carro competitivo em 2015.

 

O reconhecimento - de todas as partes - está na celebração do 2º lugar na corrida de encerramento da temporada.

 

Na cabeça de Felipe, 2015 já começou. A disputa começa com um objetivo: a se continuar o domínio da Mercedes, que o terceiro lugar na classificação seja seu! Se eles falharem em alguma coisa, que seja ele a vencer e – mais importante de tudo – lutar para não ter que depender do fracasso dos outros para conquistar vitórias!

 

Que assim o seja, Felipe.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

p.s. As próximas duas colunas serão de assuntos e sessões que ocorreram ao longo dos 10 primeiros dias de dezembro. 2015 será um ano de grandes mudanças para mim, a começar pelo próximo dia 21. Depois de dois anos de noivado, estarei me casando e apostando fundo em um grande projeto.

Em janeiro estaremos nos mudando para os Estados Unidos, onde meu amado vai trabalhar e eu pretendo fazer um aprimoramento profissional. O retorno ao Brasil não é certo, mas hei de conseguir uma boa farinha de milho para fazer minhas polentas!