Nico e a abóbora prateada Print
Written by Administrator   
Tuesday, 13 May 2014 21:03

Olá fãs do automobilismo,

 

Depois de 3 semanas sem corrida de Fórmula 1, eu sabia que minha secretária aqui no consultório ficaria louca de tanto atender telefonemas... desde a sexta-feira, quando começaram os treinos.

 

Além dos pacientes regulares, outros ligaram buscando uma consulta extra e mesmo quem já tinha consulta marcada, mostrou uma certa aflição para estar presente e ser recebido, mesmo sabendo que eu nunca cancelei uma consulta na vida!

 

Como vocês devem imaginar, a semana foi muito agitada e, dentre todas as consultas, decidi falar de uma em especial pelo momento que, se para muitos não seria um problema, para o meu paciente é algo realmente de tirar o sono.

 

Imagine-se você, querido leitor, ser filho de um Rei! Um verdadeiro príncipe. Herdeiro da bravura, da velocidade e vindo no pacote uma beleza estonteante. Vamos combinar, aqueles cabelos dourados e aquele sorriso derrete qualquer geleira da Lapônia. Eu fico muito chateada quando leio as brincadeiras dos meninos aqui na redação chamando-o de “Paquito”.

 

 

Lindo, maravilhoso, educadíssimo, Nico Rosberg mais parece um Príncipe do que um piloto.

 

Nico chegou cedo... com aquele cabelo lindo, impecável, aquele sorriso maravilhoso, que estava tirando a concentração da minha secretária e vai tirar o meu noivo do sério quando ele ler a coluna. Estava aparentemente tranquilo, mas olhando no fundo daqueles olhos de anjo, percebi a angústia escondida, disfarçada naquele sorriso permanentemente à mostra.

 

Aquele ditado de que “filho de peixe, peixinho é” aplica-se muito bem para o Nico. Ele mostrou talento e velocidade desde muito pequenininho nos tempos de kart. Foi um vitorioso em praticamente todas as categorias que passou, contando sempre com todo o apoio do pai coruja e sensível ao perceber que tinha um herdeiro talvez até melhor do que ele.

 

 

Desde muito cedo Nico mostrou que tinha um enorme talento para o automobilismo/

 

Consolidada a carreira no kart e iniciada nas categorias de Fórmula, em 2004 Nico proporcionou um momento em que, mesmo sendo muito menino, foi convidado para um período de testes com a Williams, na época, andando bem, com a parceria com os alemães da BMW.

 

Como colega de testes, um outro herdeiro de sobrenome famoso: Nelsinho Piquet. Está certo que Nico tinha uma maior quilometragem, com um ano a mais de experiência em monoposto, mas a forma como ele se impôs frente ao moreno alto bonito e sensual... e, interessante, ambos são alemães de nascimento.

 

 

Em 2004, em um programa de testes feito pena Williams-BMW, Ele foi o melhor piloto em performance.

 

A confirmação de que Nico era um talento real veio no ano seguinte, quando foi criada a GP2, com o objetivo de se tornar a grande categoria de acesso e formação de pilotos para a Fórmula 1. Foi um campeonato equilibrado, mas que o jovem herdeiro do clã Rosberg conquistou e abriu, definitivamente a sua estrada para a categoria mais importante do mundo.

 

E foi justamente na Williams que Nico estreou na Fórmula 1... mas a equipe já não contava com os motores BMW e o nível de performance da equipe já não permitia aos seus pilotos sonhar com vitórias. Mas a conquista de dois pontos na corridade estreia arrancou elogios do chefão da categoria, o Bernie Ecclestone.

 

 

A conquista do campeonato da GP2 em 2005 abriu para Nico as portas da Formula 1, na mesma Williams.

 

Depois de sua penosa passagem de quatro temporadas pela Williams, Nico foi a aposta de juventude na nova equipe Mercedes, em 2010, com todo o apoio da montadora, pelo fato de ser alemão e também com um grande desafio: ter como companheiro de equipe um ídolo, uma lenda e um verdadeiro “triturador de companheiros de equipe – Michael Schumacher!

 

Nico não se intimidou e foi ele que impôs-se ao heptacampeão. Não apenas marcou mais pontos, andou na frente e mesmo chegou a vencer uma corrida. Ele mostrou que era um piloto de um novo tempo, de uma nova Fórmula 1 onde ele era uma das maiores estrelas da categoria. Na primeira temporada, fez praticamente o dobro de pontos do companheiro famoso, dominou-o também nas seguintes e a vitória na China em 2012 empurrou Schumacher de volta para a aposentadoria.

 

 

Depois de quatro anos correndo para os ingleses, Nico é convidado para ser a grande aposta da Mercedes na F1.

 

O problema é que, por vezes, as coisas da vida se repetem em ciclos e, em alguns casos, traz não apenas coisas boas, mas também dificuldades. E a dificuldade que Nico enfrentaria viria dos tempos de kart, um “cavaleiro negro” com uma armadura forte, disposto a desafiar o nobre príncipe, vindo do outro lado do canal da mancha.

 

Nos primeiros anos de competições em nível continental, Nico teve como companheiro de equipe de kart o seu atual companheiro de equipe: Lewis Hamilton. A equipe era do seu pai – Keke – e Lewis contava com o apoio de Ron Dennis. Nos anos em que correram juntos, Lewis conseguiu melhores resultados que Nico, mas isso não era nenhuma garantia de que isso se repetiria no futuro. Exemplos disso não faltam.

 

 

No início do Kart, Nico encontrou uma "pedra no sapato" chamada Lewis Hamilton... a quem voltou a encontrar na F1.

 

Contudo, Lewis chegou com todo o apoio de Niki Lauda na equipe no ano passado, e mesmo Nico tendo vencido uma corrida a mais do que Lewis, no final do campeonato o inglês terminou a temporada à sua frente. Estaria a história se repetindo? Nico queria crer que não.

 

 

Desde 2013 na mesma equipe, Hamilton vem obtendo melhores resultados do que Nico e isso está incomodando.

 

O ano de 2014 mudou tudo: era uma nova Fórmula 1, com um regulamento que levou todas as equipes a partir do zero em seus projetos. Nico apostava no bom desempenho nos testes antes da temporada, e a vitória incontestável na corrida de abertura da temporada o empolgou.

 

O que Nico não esperava era a forma como Lewis reagiu. Se no ano anterior o inglês sofreu com a degradação dos pneus, este ano, com pneus mais duros, o problema diminuiu e Lewis venceu as últimas quatro corridas, sempre com a dobradinha, mas com a pontuação acumulada, Lewis é agora o líder do campeonato e Nico sabe que precisa reagir.

 

 

A grande missão do jovem Rosberg é encontrar os décimos de segundo para superar Lewis... e não vê-lo de luneta!

 

A reação precisa ser rápida, decisiva e principalmente libertadora. O passado não pode aflorar novamente e ver o companheiro de equipe por uma luneta é tudo que Nico não pretende deixar repetir. Afinal, caso isso aconteça, será como naquela famosa estória do conto de fadas, onde a carruagem da princesa (ou futura princesa) transforma-se em uma abóbora.

 

Beijos do meu divã,

 

Catarina Soares

 

Last Updated ( Thursday, 15 May 2014 10:04 )