Olá fãs do automobilismo,

Há algumas semanas todos nós, fãs brasileiros, recebemos a péssima notícia do rompimento do contrato de Luiz Razia com a equipe Marussia após 23 dias de contrato e uma sessão de treinos pré-temporada.

Confesso que fiquei muito preocupada com a reação dele em seguida ao anúncio do rompimento do contrato. Poucos dias antes ele declarou (após a equipe divulgar um ‘release’ informando que Max Chilton iria continuar no carro nos testes pré-temporada de Barcelona por conta dos problemas que enfrentou em Jerez) que o real motivo de sua exclusão dos testes havia sido o não pagamento da segunda parcela (de seis) que seus patrocinadores pessoais teriam que fazer à equipe para que o brasileiro pudesse disputar a temporada a temporada deste ano.

Como, acredito, todos esperavam, foi feito o anúncio do rompimento do contrato poucos dias depois. Após um pequeno período para tentar ‘realinhar’ as ideias, Luiz falou para a imprensa sobre os fatos que levaram a equipe a desistir de mantê-lo como piloto, da necessidade de se levar dinheiro para se ter a chance de correr na Fórmula 1, agradeceu – numa grande humildade – a todos... e sumiu!

Há um velho ditado que várias vezes ouvi do meu avô: “o silêncio é de ouro!” Na humilde sabedoria daquele sertanejo de pouca escolaridade, mas de grande vivência, estava a resposta – ao menos de momento – que Luiz poderia dar a todos que acompanhavam sua carreira, preservando-se ao invés de se expor.

O silêncio é de ouro. A melhor coisa que Luiz Razia pode fazer no momento é evitar declarações e lamentações na mídia.

Uma vez que ele já havia estado aqui no consultório, tomei a liberdade de entrar em contato com ele e me coloquei à disposição para, na hora que ele achasse mais conveniente, ou interessasse, viesse conversar comigo. Demorou um pouco, mas Luiz agendou horário para esta semana.

Ao entrar no consultório, senti falta daquele sorriso lindo e fácil que cativa todos que o veem. A expressão abatida do jovem que via ali seu sonho de infância frustrado era algo de cortar o coração, mas o profissional não pode deixar transparecer sentimentos e precisa fazer o seu paciente encontrar suas próprias respostas.

A maior angústia de Luiz é a mesma de centenas de jovens pilotos espalhados pelos quatro cantos do planeta, todos com o mesmo sonho: ser um piloto de Fórmula 1! Cada um destes jovens, assim como Luiz, tem capacidade e talento para assumir o volante de um Fórmula 1. O problema é: o quanto isso vai custar?

Na primeira rodada de testes da pré-temporada da F1 de 2013, Luiz Razia andou muito bem, superando os adversários das nanicas.

Por mais articulações que os procuradores e empresários que cuidam hoje das carreiras dos pilotos o custo de um lugar em um cockpit tem se tornado maior a cada temporada... e os donos das equipes não tem muito o que fazer, uma vez que os custos estão cada vez maiores e o poder financeiro tem sobrepujado talentos... e Luiz tem o seu talento mais que reconhecido.

O chefe da equipe Marussia , John Booth, declarou que as portas da equipe estão abertas para Luiz e que lamentava a sua saída... mas nestas horas há que se pensar: será que vale a pena? As portas estarão abertas, sim, mas a que custo? A equipe vai continuar precisando do dinheiro que os pilotos levam.

Um dos grandes complicadores para Luiz é que, na altura em que ele desligou-se da Marussia, as opções mais próximas (GP2 e World Series) estavam praticamente fechadas, com as vagas nas principais equipes ocupadas, deixando poucas opções no sentido de colocar-se em um monoposto.

John Booth, chefe da equipe Marussia defendeu o brasileiro e foi só elogios à sua capacidade técnica e as informações passadas. 

Tentar o caminho da Fórmula Indy, a esta altura da vida seria praticamente virar as costas para a Fórmula 1, a menos, claro, que Luiz conseguisse chamar tanta atenção como conseguiu fazer Juan Pablo Montoya, que de desprezado prlas equipes, passou à condição de cobiçado, tendo corrido por Williams (quando esta era grande) e McLaren, chegando a disputar o título em 2003.

O mais importante é que você, Luiz, deve ter a consciência de que seu valor como piloto, tecnicamente falando, é considerado e respeitado na Fórmula 1 e isso ninguém vai tirar de você.

Esta semana, um outro paciente que também ficou sem espaço por falta de recursos financeiros. Kamui Kobayashi vai correr no mundial de endurance, pela equipe Ferrari (não oficial, a AF Corse). Antes dele, Bruno Senna também já avia assinado com a equipe da Aston Martin, ambos na categoria GT PRO. Existem várias vagas abertas na categoria Protótipos 2. Quem sabe não seja esse um caminho? Lembre-se que Raul Boesel foi campeão do mundo em 1987 neste  campeonato.

Não perca o seu brilho, não deixe de sorrir, trabalhe e confie. Todos nós sabemos da sua capacidade, Luiz.

O mais importante, Luiz, é que você não perca a sua essência, não deixe seu brilho diminuir. Retire-se, refaça-se, fortaleça-se, busque refazer os caminhos para o sucesso, caminho que você conhece e não permita que nada, nem ninguém, ofusque ou roube o seu sorriso!

Beijos do meu divã,

Catarina soares