Um renascer para Felipe Print
Written by Administrator   
Sunday, 09 February 2014 19:40

Olá fãs do automobilismo,

 

Enquanto os pilotos estiveram fora das pistas, nas diversas categorias pelo mundo, ao contrário dos autódromos, meu consultório esteve sempre cheio, principalmente com os pacientes regulares, que a vida de viagens e compromissos profissionais por vezes os deixam “irregulares”.

 

Este ano eu não tive o prazer de poder estar com Felipe Massa no Desafio Internacional das Estrelas. Meu noivo comprou um pacote de viagem para Fernando de Noronha “coincidentemente para o mesmo período”. Acho que ele não se sentiu muito à vontade com meu entusiasmo de torcedora e fã do ano passado.

 

Em fim, isso apenas postergou o meu encontro com Felipe este ano. Um Felipe renovado estava na sala de espera do meu consultório quando cheguei (um pouco atrasada por conta do caótico trânsito na região da ‘Arena Pantanal’). Sabem aquela expressão de serenidade no olhar que uma pessoa estampa quando se sente aliviada por tirar um peso dos ombros, deixar algo que a incomoda para trás? Esta era a expressão nos olhos do Felipe.

 

Ele me saudou com um sorriso que há muito eu não via em seu rosto e brincou com meu “bronzeado manga rosa” dos dias de sol que tem feito aqui na cidade. Eu disse que ele parecia uma outra pessoa, que transparecia tanta felicidade que, se eu não soubesse que ele é muito bem casado com a Rafaela, diria que ele estava de “amor novo”.

 

O sorriso diz tudo: Felipe está de bem com a vida na nova equipe.

 

E foi justamente isso que ele disse! Disse que estava de amor novo... um amor chamado Williams! Felipe confessou que a saí da Ferrari teve, sim, os seus traumas. Foi uma relação muito longa, com grandes momentos e emoções vividas, mas que nos últimos anos parecia ter “perdido uma parte da química”.

 

Perguntei se esta “química” não começou a se perder naquela mangueira rompida em Singapura, um erro da equipe que contribuiu para a perda do campeonato daquele ano, a maior chance que Felipe teve de ser campeão do mundo de Fórmula 1. O olhar dele mudou instantaneamente. Aquilo era uma resposta que dispensava palavras.

 

Mas o que mais contribuiu para a mudança na vida de Felipe dentro da Ferrari foi a chegada de Fernando Alonso. O estilo “competidor agressivo” do espanhol não “encaixava” com o temperamento conciliador de Felipe, que procurou fazer de tudo para que uma atmosfera pesada não se formasse em volta da relação dos dois, nem dentro nem fora da pista, mas coisa como aquela “ultrapassagem” no acesso aos boxes na China e aquela “ordem de rádio na Alemanha” foram coisas não digeridas até o último dia em Maranello.

 

Tratado como um filho no seio da Ferrari, os últimos anos foram de poucas alegrias na casa que o acolheu.

 

Com 13 anos de ligação com a Ferrari – direta ou indiretamente – um novo ambiente não seria algo aparentemente simples de se encontrar e se adaptar. Outro fator que pesava era o fato de Felipe ser um piloto bem remunerado e equipes com lugares disponíveis para se trabalhar, pilotar e receber salário eram raros e pouco vantajosos.

 

Felipe sempre foi um piloto confiante, desde os tempos de kart e a situação só deixava para ele duas opções: ou “virava a página” da Fórmula 1 em sua vida e buscava outra categoria para correr ou encarava um desafio daqueles que poucos pilotos com a sua história seriam capazes de ver não como um retrocesso, mas como um meio de renascimento, de reinventar-se como competidor.

 

Felipe sabia que apostar na Williams, outrora grande e vencedora, era uma decisão arriscada. Em 2013 a equipe inglesa ficou em antipenúltimo lugar na classificação do mundial de construtores, à frente apenas das minúsculas Caterham e Marussia. Contudo, um conjunto de coisas poderia mudar tudo.

 

Os anos de pista e simulador vai ser algo de grande importância. A sintonia com os engenheiros vai ser vital.

 

Primeiro, o novo motor – Turbo, produzido pela Mercedes – que junto com toda a enorme mudança no regulamento para este ano poderia dar a chance que a equipe precisava para se reinventar como equipe de competição. Afinal, a estrutura da Williams como empresa na Inglaterra é grandiosa e seus recentes resultados de pista são, no mínimo, antagônicos à tudo que se vê quando visita-se a sede da equipe.

 

O resultado dos testes em Jerez de la Frontera encheram Felipe de esperança. Não apenas pelo resultado do último dia, que contou com a pista úmida por conta da chuva. Contudo, marcar o melhor tempo do dia ante ao “amigo” Fernando Alonso teve um sabor muito especial, mas mais especial do que o posicionamento ou o cronômetro foi perceber que a equipe pode ter realmente “acertado“ no projeto do carro desta temporada, como foi em 2012 onde Pastor Maldonado conseguiu vencer a corrida de Barcelona e tanto o venezuelano quanto o brasileiro Bruno Senna conseguiram fazer boas corridas ao longo do ano.

 

Apesar da confiança no bom trabalho e na boa equipe técnica que Frank Williams reuniu para este ano, Felipe não pode dizer que a Williams é o “mundo perfeito”. Primeiro porque este conceito não existe, especialmente no meio onde ele trabalha. Segundo, por dentro da equipe estar uma pessoa que, durante muito tempo ele considerou como uma pessoa que o prejudicou: Pat Simmonds!

 

O resultado nos testes de Jerez foi importante. Nem tanto pelos tempos obtidos, mas por sentir o carro bem.

 

O engenheiro, para quem não lembra (se é que alguém não lembra), esteve diretamente envolvido naquela manobra da corrida de Singapura onde, junto com Flavio Briatore, arquitetaram aquele “acidente” de Nelsinho Piquet para favorecer Fernando Alonso. Uma pessoa que ele criticou por muito tempo, por muitas vezes e que agora ele terá que conviver, trabalhar e que seu sucesso passará, diretamente, pelas mãos dele.

 

Mas se tem um mal do qual Felipe não padece é o medo de não conseguir extrair o máximo possível do equipamento que está usando e há anos não o via tão confiante. Nem mesmo o fato de ter como companheiro de equipe um “queridinho” como Valteri Bottas, que conta com o apoio de Totó Wolff, que tirava treinos  das sextas-feiras de Bruno Senna e que andou regularmente à frente de Pastor Maldonado no ano passado (o que gerou protestos do venezuelano), tem sido motivo para grandes preocupações.

 

Valteri Bottas foi um calo na sapatilha de Pastor Maldonado no ano passado... Felipe precisa se cuidar.

 

Felipe está confiante como há muito tempo não o vejo e a chama acessa do sonho do título não se apagou dentro dele, pelo contrário, parece mais acesa do que nunca. Este é o espírito de Felipe para esta temporada de 2014: pensando grande! O novo regulamento pode “criar singularidades” como o que aconteceu em 2009 com a Brawn.

 

Força Felipe. Estamos todos com você.

 

Beijos do meu Divã,

 

Catarina Soares

 

 

 

 

 

Last Updated ( Sunday, 09 February 2014 20:28 )