Corrida de simulador não é brincadeira Print
Written by Administrator   
Monday, 13 April 2020 17:39

Eu já falei para vocês que sou corretor de imóveis? Acho que umas cem vezes, no mínimo. O trabalho dos profissionais da minha área tem entre suas características o contato com o público, no caso, o chamado “público-alvo” e este é o comprador daquilo que estamos vendendo (casas, apartamentos, galpões, terrenos, etc).

 

Com essa porcaria (a palavra não era bem essa...) de coronavírus, não tem mais “público-alvo” nas ruas. Está todo mundo – ou quase todo mundo – enfurnado dentro de casa para tentar não se contaminar e assim, fazer plantão em empreendimentos à venda aqui na região da grande BH virou um tempo de incerteza financeira para quem depende de comissões para comprar comida e por na panela de casa.

 

De uma forma ou de outra, todo mundo no mundo todo está tendo seu trabalho e sua vida afetada pelo coronavírus. Uns mais, outros menos, as pessoas estão tendo que encontrar formas novas de passar o tempo e também de tentar ganhar dinheiro pra pagar as contas. Então nós criamos na nossa associação o “corretor virtual”! A gente está fazendo lives e mandando para potenciais clientes uma visita filmada com apresentação e comentários dos imóveis que estamos vendendo. Meu problema é que apesar da minha competência profissional, nos vídeos eu fiquei ainda mais feio do que sou pessoalmente. A foto aí em cima diz tudo!

 

Agora que eu já enrolei bastante para caber a foto, vamos falar de outras pessoas que estão usando os computadores, smartphones e as redes sociais para fazer alguma coisa e não só passar o tempo, mas manter vivo o interesse naquilo que acaba sendo seu trabalho e muitos promotores de categoria, ou mesmo grupos de pilotos estão fazendo competições no meio virtual para se exercitar, divertir o público e interagir com seus fãs. É o caso do que a Fórmula 1 está fazendo com a “F1 e-sports”. Um campeonato virtual com “carros atuais” da F1.

 

  Há algum tempo a F1 faz um campeonato virtual, mas agora o campeonato está send feito com os pilotos "de verdade".

 

Já tem algum tempo que eu vi uma reportagem na televisão sobre essas competições de jogos eletrônicos e mostrou o sucesso que isso faz com essa geração que não jogou futebol de botão, rodou pião ou brincou com bola de gude na rua. Eu tenho dois exemplos disso em casa! Outro dia eles passaram uma tarde de sábado inteira assistindo a final de “sei-lá-o-que” que foi transmitido ao vivo (ou era VT, sei lá). Tinha milhões de pessoas assistido pela TV ou pela internet e no programa que vi na televisão, a tal competição era em um ginásio lotado, com mais de 20 mil “torcedores” acompanhando ao vivo a disputa. Segundo a reportagem, é um negócio bilionário! Desculpem-me os que gostam, mas nem as corridas – que é algo que eu gosto – eu consegui assistir, imaginem essas outras “coisas”? Acho que estou velho e ranzinza como nosso Véio Zuza lá de Sampa, o Carranca lá em Santos ou o Matusaleme, que se aposentou da TV.

 

Nessa última corrida virtual que a própria 1 está promovendo (pelo menos a que eu fiquei sabendo antes de fechar meu prazo para a coluna, sendo cobrado com um estilete pela nossa editora, a Smurfette) a corrida teria sido a segunda etapa do campeonato, tendo como palco o circuito virtual de Melbourne (Austrália). A prova foi vencida por Charles Leclerc – o Pequeno Príncipe – da Ferrari. No grid, alguns dos pilotos da “Fórmula Kids” (coluna que escrevi recentemente), como o inglês Lando Norris (McLaren) e o canadense Nicholas Latifi (Williams). Nessa etapa tivemos a “estreia” do anglo-tailandês Alexander Albon (Red Bull) e o inglês George Russell (Williams). Os pilotos mais veteranos continuam fora dessa (alguém consegue imaginar o Kimi ‘tomo todas’ – o apelido não é bem esse – fazendo parte disso? Imaginem o que iria no conteúdo da “hidratação”...).

 

   Entre os pilotos da corrida virtual, as caras mais novas e alguns convidados. O pessoal mais experiente ficou de fora.

 

O restante do grid foi completado por pilotos de teste da categoria, como Pietro Fittipaldi, pilotos das categorias de acesso como Christian Lungaard e também contou com a participação do campeão mundial Jenson Button correndo pela McLaren. E os fãs mais novos da categoria – e talvez alguns não tão mais novos – foram mais de 180 mil acompanhando a corrida que está usando carros de 2019.

 

O campeonato virtual usará o videogame oficial para computador F1 2019, desenvolvido pela Codemasters. Para aumentar o equilíbrio entre os participantes, devido à grande discrepância nos níveis de habilidade entre os pilotos, as configurações do jogo terão desempenho igual dos carros, com regulagens fixas, danos reduzidos nos carros, além de freios ABS e controle de tração opcionais para os menos familiarizados com o jogo.

 

  A NASCAR também colocou seus pilotos nos simuladores de suas casas para corridas virtuais e movimentar seus fãs.

 

Essas competições virtuais tem alguns aspectos diferenciados. Uma delas é que dependendo do “jogo”, há uma certa “flexibilidade” nas regras e na capacidade dos carros em “resistir a adversidades”, algo que nos carros de turismo pode permitir alguns abusos. O que acontece ou pode acontecer nas corridas virtuais em relação as corridas reais foi algo que não se vu recentemente, quando na corrida de Bristol, na NASCAR, Clint Bowyer e Bubba Wallece tiveram um daqueles entreveros típicos da NASCAR.

 

Bubba deu um toque na traseira do Bowyer na saída de uma curva, este deu um toque no muro, conseguiu recuperar o controle vindo para a parte de baixo da pista, seguiu em frente, contornou a curva seguinte por baixo enquanto Wallace o fazia na parte de cima junto ao muro, e na saída de curva seguinte deu o troco no Bubba, colocando seu próprio carro fora de controle rodando mais uma vez, sendo atingido por outro carro e chegando a tocar no muro.

 

  Mas o tal do Bubba Wallace fez papel de bobo e em uma atitude impensada no mundo virtual, sofreu um baque no mundo real.

 

Quem acompanha a NASCAR sabe que nos rádios os pilotos falam com suas equipes e reclamam do que acontece na pista, mas o que não acontece é um piloto fazer o que Bubba Wallace fez: Ele simplesmente desconectou seu simulador e ainda ficou reclamando no Twitter! Isso – em uma corrida real – seria como o piloto entrar nos boxes e seguir direto para as garagens, abandonando a corrida!

 

O engraçado (pelo menos pra mim, quando li a coluna do Gargamel aqui no site) é que o ‘piti’ no mundo virtual gerou consequências no mundo real. O patrocinador associado (não principal) da Richard Petty Motorsports, Blue-Emu, que apoia a equipe desde 2005, via Twitter, depois de ler as postagens do piloto que criticou a corrida, anunciou que continuaria patrocinando o outro carro da equipe (o de Landon Cassill) mas não mais patrocinaria o de Bubba Wallace! Por essa certamente ele não esperava.

 

O que será que pode acontecer nas próximas corridas? Vou acabar assistindo alguma só pra ver se teremos algum tipo de barraco.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva