A Jiripoca vai piar... espero que por muitos anos Print
Written by Administrator   
Monday, 08 July 2019 20:12

Se tem uma coisa que eu adoro são esses ditados populares, principalmente quando a maioria das pessoas não fazem a menor ideia do que algumas delas significam ou de suas origens. Aí fica mais engraçado.

 

“Jiripoca vai piar” é uma expressão popu-lar tipicamente brasileira, normalmente utilizada no sentido de “comportamento acirrado”, “algo inesperado”, “intenso” ou “forte”. 

 

Popularmente, esta expressão ainda é relacionada com o ato sexual intenso. Por exemplo: “A namorada do fulano está na cidade. Já vi que hoje a noite a jiripoca vai piar!”.

 

Mas, ao contrário do que se possa pensar, não se trata de uma ave. A jiripoca ou jurupoca é um peixe de água doce bastante característico nos rios das regiões Norte e Centro Oeste do Brasil.

 

Este ditado popular surgiu a partir de um comportamento típico deste peixe que, normalmente, costuma nadar na superfície dos rios e emitir um som bastante semelhante ao pio de um pássaro. Assim, criou-se a expressão “a jiripoca vai piar”... e vai piar muito longe do Brasil. Na verdade, já vem piando faz tempo.

 

Max Verstappen e Charles Leclerc. No calor da batalha, os dois jovens pilotos vão de roda em roda. A porta ficou ligeiramente aberta, uma investida por dentro e... todo mundo sabia no que ia dar: contato e posteriormente confusão, protestos, recursos, comissários reunidos, uma decisão que podia mudar o resultado da corrida. Esta era a certeza de que não vai ser a última polêmica envolvendo esses dois.

 

    Charles Leclerc x Max Vertappen: uma disputa que tem quase 10 anos na pista, desde o kart.

 

E não foi. Afinal, não estou falando sobre o Grande Prêmio da Áustria de 2019. Não. Esta é a Copa do Mundo 2011 da KF3, o evento blue riband do júnior karting. E foi Verstappen quem teve boas razões para se sentir ofendido naquele dia, o contato de seu rival monegasco, em última análise, forçando-o não só na batalha pela liderança, mas fora da corrida.

 

No Youtube, há um vídeo feito pela “TKartMagazine”, datado de 2012, logo após esse incidente em Nantes. Um jornalista se aproxima dos dois pilotos, quando Max reclama amargamente da ação de Charles:

 

“Ele não agiu corretamente. Eu estava liderando e no final ele me acertou e me deixou fora da pista, ele não esteve bem”, disse o holandês.

 

Então o repórter pergunta a versão de Leclerc, que olha a câmera com sangue frio e diz que “foi apenas um incidente de corrida”.

 

   Ao longo dos anos de kartismo, os dois pilotos disputaram diversas competições, dividindo títulos por alguns anos.

 

Max Verstappen e Charles Leclerc tinham origens muito diferentes em suas corridas. Ambos os filhos dos antigos pilotos, Verstappen começou o kart aos quatro anos e meio. Leclerc chegou relativamente atrasado, aos oito anos de idade, mas ambos fizeram sua estreia no kart internacional no KF3 em 2010. Apesar de Charles ter apenas 16 dias a menos do que Max, Verstappen tinha mais de três anos de experiência que o garoto que se tornaria seu rival.

 

Em 2010, Verstappen venceu a Copa do Inverno de Garda do Sul e voltou para casa em segundo lugar na Copa do Mundo, perdendo para o “novo Príncipe Bira” Alex Albon, mais experiente. Leclerc levou a Taça do Mônaco. Em 2011, Verstappen levou a Euro Series enquanto Leclerc, depois daquele contato controverso, levou o Mundial. Em 2012, eles seguiram juntos para a KF2, com Verstappen vencendo o South Garda e o Masters. Leclerc, conquistou o campeonato europeu.

 

 

 

Em 2013 e após uma mudança para o KZ, Verstappen realmente encontrou sua forma, dominando a temporada e vencendo praticamente tudo que valesse a pena. Na Copa do Mundo, seu velho adversário, Charles Leclerc, voltou para casa em tendo que engolir o sucesso do adversário, mas não tão de longe. Os dois terminaram o campeonato respectivamente em primeiro e segundo.

 

Mas enquanto Leclerc, gerenciado pelo toque tranquilo de Nicolas Todt, forjou um caminho firme para a F1, enfrentando a Fórmula Renault em 2014, Fórmula 3 em 2015, GP3 em 2016 e F2 em 2017, sendo coroado campeão nos dois últimos, Verstappen subiu de forma rápida, arriscada e onde as coisas poderiam ter dado errado... mas não deram. Apenas foram se tornando o “bom menino” e o “bad boy” que conhecemos hoje.

 

   Verstappen durante a temporada da Fórmula 3 em 2014. Terminou em 3º, mas conquistou uma vaga na Toro Rosso em 2015.

 

Verstappen testou seu primeiro monoposto em Pembrey, 2013. De um teste de inverno na Fórmula Renault, ele fez sua estreia competitiva na Florida Winter Series, patrocinada pela Ferrari, no início de 2014. Ele entrou imediatamente na Fórmula 3 Europeia e terminou a temporada em terceiro (o vencedor foi Esteban Ocon). Mas o estilo do “bad Boy” chamou a atenção de Red Bull e Mercedes. Os alemães tem toda uma formalidade pra promover seus pilotos (vejam o caso do Ocon e do George Russel). Na Red Bull as coisas andam mais rápido – para o bem ou para o mal – e foi esse o caminho tomado. Ele fez sua estreia na F1 em março de 2015, ainda menor de idade.

 

   Fazendo o caminho mais longo, subindo degrau por degrau, Leclerc foi campeão da GP3 e da Fórmula 2.

 

Charles Leclerc, o “bom menino”, tomou um caminho diferente e convencional. Aprendeu suas lições e formou seu estilo em categorias de fórmula, com a mão de Nicholas Todt no ombro e os olhos dos chefes de equipe da Fórmula 1. Mas isso não o fez um piloto sem erros, sendo acusado de dirigir, às vezes, com força. Teve seus perrengues, entre erros na pista e a perda do mentor, Jules Bianchi. No meio da temporada de F2, ele perdeu o pai. Mas ele manteve o foco, segurou a onda e foi campeão.

 

Oito anos depois, o “bad boy” e o “bom menino” voltam a tocar rodas. Uma porta ligeiramente aberta, uma investida por dentro e... todo mundo sabia no que ia dar: contato e posteriormente confusão, protestos, recursos, comissários reunidos, uma decisão que podia mudar o resultado da melhor corrida da temporada. Dessa vez o “bad Boy” levou a melhor e o “bom menino” foi quem reclamou.

 

   Quantas disputas como essas teremos? Esperamos todos que muitas. Esta é a nova rivalidade da Fórmula 1.

 

Quando eles vão bater rodas novamente? Espero que todas as corridas! E que os “comissacos” (palavra criada pelo meu parceiro Shrek) não ousem atrapalhar a disputa e deixem a jiripoca piar.

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva 
Last Updated ( Wednesday, 25 September 2019 02:21 )