Viva a mulherada boa de braço de verdade Print
Written by Administrator   
Sunday, 10 March 2019 21:53

Comecei a escrever esta coluna precisamente no dia 8 de março, dia internacional da mulher. Eu sou um fá faz mulheres. Se não fossem elas, a humanidade não teria sobrevivido e não falo isso apenas pelo sentido biológico – uma vez que homem não pode engravidar – mas pela fortaleza que o sexo nada fraco tem.

 

E foi justamente por isso que decidi, mais uma vez, mostrar a minha indignação com a Federação Internacional de Automobilismo que decidiu dar dedo pra prosa nesse projeto da criação da “Fórmula Girl” (digamos que é assim que estou chamando esta categoria que criaram exclusiva para mulheres).

 

As mulheres que tem lutado tanto e há tantas décadas por igualdade  entrarem numa dessas é, pra mim, um retrocesso sem tamanho e uma auto segregação que pode trazer mais prejuízo do que ganho no final das contas. Pensem bem: a pilota vai e ganha o campeonato da categoria em 2019... e aí, vai correr de que e aonde em 2020? Vamos colocar ela na Prema, ao lado de Enzo Fittipaldi, que deve fazer dois anos na categoria, e chegando junto com o Gianluca Petecof, que vai ter terminado seus dois anos de Fórmula 4 pela Academia da Ferrari.

 

O que mais me deixa indignado é que a idealizadora do campeonato – Michelle Mouton – competiu contra homens por mais de uma década nas provas de Rally na Europa e chegou a vencer uma etapa do WRC ao lado da italiana Anna Cambiaghi partir para um projeto de segregação como esse. Posso até morder a língua daqui há alguns anos, mas acho que esse é o caminho errado.

 

 

Em minha defesa, tenho as imagens e a prova de que, dando-se condições semelhantes, uma pilota pode fazer bonito e competir de igual para igual com qualquer homem. Vejam o que fez a a inglesa Katherine Legge no campeonato de camburões elétricos de luxo da Jaguar no México. Marcou a pole position, largou bem, tomou a ponta e de lá não saiu até receber a bandeira quadriculada... e sob pressão do companheiro de equipe.

 

Ao longo dos 25 minutos de corrida, sempre pressionada por Bryan Sellers, seu companheiro de Rahal Letterman Lanigan, por toda a prova. Sellers teve que se contentar com a segunda posição ao final da prova, após muito pressionar Legge, terminando 0s404 atrás da companheira de equipe. Após a realização de duas corridas, Katherine Legge lidera a temporada do campeonato, somando 27 pontos, um a mais em relação a Simon Evans, Sergio Jimenez e Bryan Sellers, todos com 26 pontos. 

 

 

Antes da coluna ser publicada, tivemos ainda a etapa em Hong Kong e Katherine Legge deu outro show nas ruas molhadas. Largou em quinto e ganhou duas posições na largada com aquela banheira movida a pilha em um traçado onde poucos pontos permitiam que dois carros ficassem lado a lado. Ela terminou a corrida em segundo lugar e é a vice-líder do campeonato.

 

Além deste campeonato, a inglesa competiu nas 24 Horas de Daytona em um time 100% feminino, com Christina Nielsen, Simona de Silvestro e a brasileira Bia Figueiredo (Além destas a pilota e sócia da equipe, Jackie Heinricher), todas pilotas de grandes categorias internacionais, com grandes resultados e correndo de igual para igual contra os homens como fizeram em Daytona. Sem segregação e numa visão arrojada da Meyer Shank Racing.

 

 

Não bastasse isso, foi nas mãos de Bia Figueiredo que o time classificou o MSR Acura NSX GT3 na pole position da categoria que elas estavam disputando nas 24 Horas, mostrando que mulher tem braço forte e pé pesado para segurar um carro com mais de 600 cv na pista e fazendo a marmanjada “comer poeira”.

 

Mas, é claro, para isso tem que ser pilota, e não um rostinho bonito e uma língua de sogra como aquela espanhola [Carmen Jordá], que não saia do fundo do pelotão e foi ser “piloto de testes” da Lotus na Fórmula 1... testar o quê? É tão ruinzinha que nem para disputar a Fórmula Girl ela foi selecionada. Ouvi dizer que ela era modelo... talvez devesse voltar pra passarela.

 

 

Falando seu mesmo idioma – o espanhol – a Colombiana Tatiana Calderón, depois de uma temporada com resultados razoáveis na GP3 (que a partir deste ano vai se chamar Fórmula 3), ao invés de ir buscar um “lugar seguro”, continuou buscando seu sonho de chegar à Fórmula 1 como fizeram Divina Galica, Giovana Amati e Lella Lombardi e vai disputar o campeonato da Fórmula 2 pela equipe Arden.

 

Aos 25 anos, ela que também é pilota de testes da Sauber desde o ano passado na Fórmula 1, ela que já pilotou o carro Sauber durante sessão no Autódromo Hermanos Rodríguez, no México. Em 2018 ela teve sua melhor temporada, das três que disputou na GP3. A colombiana esteve no top 10 em nove das 18 etapas do campeonato, sendo um sexto lugar em Monza, na Itália, o melhor resultado. Terminou o campeonato em 16°. Muito melhor que a Carmen Jordá, que teve como melhor resultado um 17° lugar em uma corrida que apenas 17 carros cruzaram a linha de chegada.

 

 

Mulher pode mostrar competência ao volante como mostrou a Danica Patrick, que sempre andou bem, tanto na Fórmula Indy como na NASCAR, e que em 2008 venceu com autoridade as 300 milhas de Montegi no Japão. Ela sempre foi muito respeitada nas duas categorias em que correu no automobilismo norte americano e poderia – eu diria, merecia – ter uma chance em alguma equipe média da Fórmula 1 para mostrar do que era capaz.

 

Nessa prosa toda, fico pensando se, como está aparecendo em alguns outros esportes essa figura do “trans” e não vai aparecer piloto deixando o cabelo crescer, tomando hormônio e colocando silicone para conseguir chamar a atenção e “ser mulher nas pistas”. Caso isso aconteça, nesse dia eu paro de assistir corridas!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva