Campeonato Brasileiro de Stock Indoor Print
Written by Administrator   
Saturday, 08 November 2014 14:14

No primeiro domingo do mês tivemos uma verdadeira “overdose” de automobilismo, com corridas do Mundial de Endurance, da Blancpain Sprint Series, Fórmula 1, NASCAR (esta com direito a MMA) e, aqui no Brasil, duas das categorias da VICAR (O “Brasileiro de Turismo” e a Stock Car), que fez a sua antipenúltima etapa no tradicional e veloz circuito de Tarumã, em Viamão.

 

Como eu trabalho todos os domingos, uma vez que para corretor de imóveis este é o dia em que as pessoas saem atrás de novas moradias e, com isso, fica complicado assistir as corridas “ao vivo”. Tenho que gravar tudo e ir vendo ao longo da semana quando dá tempo.

 

Eu sou fã assumido do circuito de Tarumã, construído numa época em que corrida de carros era coisa pra “piloto de verdade” e que os autódromos eram verdadeiros desafios para estes caras que cravavam a bota atrás do volante, faziam curva de lado e que neblina e chuva eram um desafio a mais. Basta vermos os traçados de Tarumã, Cascavel, Guaporé e Curitiba, construídos num intervalo de 6 a 8 anos entre o final dos anos 60 e início dos anos 70.

 

Quando chego na casa do meu primo, Fernando, para comer o que sobrou do almoço, lá pelas 3 da tarde, fico sabendo que teve problemas na Stock Car por causa da chuva e recebo o “relato”, logo constatado ao ver a gravação, de que um acidente na prova preliminar e a chuva constante havia encerrado a corrida do ”brasileiro de turismo” e estavam pensando até em cancelar a prova da Stock Car e fazer a etapa cancelada no sábado, em Curitiba, no encerramento do campeonato.

 

 

Foi vendo as cenas gravadas que pude perceber que, apesar da chuva constante e da drenagem pouco eficiente, não se faz mais piloto como antigamente. Onde que os Nobres do Grid, os maiores pilotos deste país, deixariam de acelerar por causa daquela chuva?

 

Nem eles e nem a geração que veio a seguir, com Clovis Moraes, Ingo Hoffmann, Paulão Gomes, Andreas Mattheis, Marcos Troncon, Toninho da Matta, Alfredo Guaraná Menezes, Cesar Pegoraro, tudo piloto fera e eu ainda deixei de falar de mais uns 20 para não alongar o parágrafo.

 

Na corrida preliminar, vi um dos acidentes mais estúpidos da minha vida, com um dos carros enchendo a traseira de um carro de socorro na pista e depois, outro que saiu derrapando e foi pra cima de um dos membros da equipe de resgate... ambos de forma inconsequente!

 

Na preliminar, no Brasileiro de Turismo, os pilotos pareciam não saber que havia um safety car na pista.

 

O primeiro acidente, já com o “Safety Car” na pista, o carro que parecia ser o líder da corrida seguia o carro de segurança em velocidade moderada quando entra no enquadramento da tela o carro seguinte... acelerando como um louco, como se estivéssemos com a disputa em bandeira verde.

 

Cadê a equipe e o rádio pra comunicar que estava em bandeira amarela e com “Safety Car” para avisar o piloto? Será que as lições do acidente do Jules Bianchi não serviram de nada? Cadê o preparo do piloto? Quando ele viu os obstáculos à frente, tentou frear e, claro, com a pista molhada e o pé cravado no freio ele ‘aquaplanou’ como motorista inexperiente.

 

Na volta seguinte, os carros que vinham mais atrás fizeram o mesmo, com o agravante de vir na linha de trajetória usada no seco, onde a borracha acumulada com a água diminui naturalmente a aderência e vai diminuir a capacidade de frenagem... e assim quase vimos um socorrista ser atropelado.

 

Os carros da Stock chegaram a ir pra pista e antes da corrida e fazer o grid... mas não largaram com a pista molhada.

 

Como assumir os erros cometidos é algo cada vez mais difícil de se ver e buscar a todo custo apontar uma razão diferente para algo que não correu bem, a organização da corrida e os pilotos disseram que havia uma perda de aderência na reta do circuito por conta de um produto químico – o VHT – que é aplicado no asfalto para aumentar a aderência do asfalto para as provas de arrancada ali disputadas e que, com a pista molhada, o produto causa o efeito inverso.

 

A Administração do Autódromo Internacional de Tarumã tratou de desmentir a “informação oficial” comunicando que não há, na reta dos boxes, qualquer tipo de produto químico usado em outras pistas para maior aderência em provas de arrancadas.

 

Segundo a nota distribuída à imprensa, diferentemente do que estava sendo comunicado por pilotos e presentes na etapa da Stock Car não há possibilidade de terem permanecido resíduos no asfalto do produto chamado VHT e que teriam dificultado a aderência dos carros do Brasileiro de Turismo e teriam causado o acidente na Curva 1 uma vez que o produto em questão não é usado no “Racha Tarumã” pelo fato das disputas serem realizadas à noite, e que este produto perde sua capacidade de gerar aderência em função do orvalho da noite.

 

E mais um dos nossos autódromos ganha uma "chicane de segurança" para reduzir as velocidades dos carros.

 

Não bastasse isso, foi feita uma “chicane” antes da chegada na “curva do laço” para que os pilotos “não se enforcassem” ao chegar em alta velocidade numa curva que tem uma reduzida (quase nenhuma, na verdade) área de escape, como era comum em algumas curvas no passado e que são uma constante em outro circuito gaúcho: Guaporé.

 

Mas se todos os pilotos sabem que a curva está lá, que é fechada e que não tem área de escape, porque não reduzir antes e fazer a curva como deve ser feita? Será que os pilotos de hoje não sabem mais pilotar e, para colocá-los “nos eixos” é preciso sair fazendo “chicanes” nos autódromos, como fizeram a “chicane do milhão” lá na curva do café, em Interlagos?

 

A organização da prova esperou e contou com a parada da chuva e a pista praticamente secar pra ter a corrida.

 

É lógico que a “imprensa especializada” foi logo espraguejando a CBA, mas o comunicado e as entrevistas durante a transmissão da “não corrida” mostrava que a construção da tal chicane teria sido um pedido dos pilotos da categoria, para aumentar a segurança!!! Cautela e caldo de galinha não faz mal pra ninguém, como dizia minha falecida avó, que nunca tirou carteira de habilitação.

 

Se dentro da pista teve tudo isso, do lado de fora, a VICAR, promotora da corrida, proibiu que tivesse lugar uma das maiores tradições do automobilismo no Rio Grande do Sul: as famílias irem para o autódromo e assarem aquela costela de chão ou mesmo na churrasqueira, com o carro colado na grade da pista nas áreas onde não são montadas arquibancadas, além de uma limitação de idade para o público.

 

Acima o WTCC, abaixo o DTM, categorias de turismo, ambas correndo sob chuva. Tem alguma coisa errada por aqui! 

 

O que será que eles querem com isso? Que as pessoas não vão mais para o autódromo? É por isso que a Fórmula Truck, onde o cheiro de churrasco começa a ser sentido ainda na sexta-feira, leva mais público com seus “caminhoneiros” dos que os ex-pilotos da Fórmula 1 e Fórmula Indy que correm na Stock Car.

 

Eu tenho uma sugestão para a VICAR usar no próximo ano, agora que fizeram este calendário unificado, com todas as categorias correndo juntas, se “empilhando” no autódromo: cobre com uma tenda e transforma em kart indoor! Assim, mesmo que chova a pista vai estar seca, vai estar tudo organizadinho, pode colocar umas lanchonetes de franquias famosas credenciadas para vender lanche com gosto de papelão e transformar a corrida quase num autorama.

 

Em competições de Kart Indoor não tem chuva. A pista é coberta. Quem sabe não é o caso de cobrirmos as pistas? 

 

Depois ninguém sabe porque não chegam mais pilotos brasileiros na Fórmula 1, porque nosso automobilismo está minguando e porque um argentino vai no WTCC e, no primeiro ano, detona com todas as feras da categoria e ganha o campeonato.

 

Abraços,

 

Maurício Paiva