Tudo por dinheiro! Print
Written by Administrator   
Wednesday, 11 March 2015 02:48

Para quem não acredita em milagre, o ‘Bom Velhinho’, aquele de vida e poder eternos, acima até das leis da física e dos homens, conseguiu protagonizar um que nem os mais crédulos dos seus seguidores acreditava que ele seria capaz de conseguir: por 20 carros no grid da temporada de abertura, fazendo da moribunda – na verdade, tecnicamente morta – Marussia um verdadeiro “Lázaro sobre rodas”.

 

Principal investidor da Manor Marussia, o empresário Stephen Fitzpatrick afirmou que simplesmente não poderia ver a equipe desaparecer, depois de todo o esforço e dos dois pontos conquistados em 2014. O irlandês de 37 anos é fundador e diretor-executivo da empresa inglesa Ovo, que tem como foco o fornecimento de energia.

 

Aquele ditado de que “o amor é cego” está mais uma vez provado como verdadeiro. Vou mais além, dizendo que o amor é louco, porque só sendo louco para entrar numa roubada dessas como a Manor, Marussia ou sei lá que nome eles quiserem usar este ano. O cara é empresário, bem sucedido, ganha dinheiro (honestamente, até que alguém prove o contrário)... e vai “jogar as Libras pela janela”. Chama o Pinel!

 

StephenFitzpatrick e o seu "OVO". Uma empresa que dá dinheiro... que pode ser investido à fundo perdido.

 

Aí o cara declara que “Até novembro do ano passado eu estava no lado errado do muro da F1”... estava do lado errado do muro, sim... do muro do hospício! Será que ele, tão fã, tão apaixonado por corridas não lê os noticiários e vê que equipes mais fortes do que a dele... bem mais fortes, diga-se a realidade, como a Sauber, a Force India e a “Nega Genii” estão todas “com o pires na mão” diante do ‘Bom Velhinho’?

 

Tá parecendo as coisas do futebol aqui do Brasil, em que os times vão lá na emissora de televisão pedir adiantamento das “cotas de TV” do brasileirão pra pagar as contas penduradas. Só que a coisa está tão feia que o ‘Bom Velhinho’ resolveu adiantar as grana das equipes à beira do abismo antes que as mesmas rolem ribanceira abaixo e o grid fique com 10 ou 12 carros. O problema é que isso é um “tapa buraco” para que as equipes não enfrentem dificuldades no começo da temporada.

 

Graeme Lowdon vai ter que operar um milagre para a Marussia não ficar ainda mais distante do restante do grid.

 

O rolo vem desde a metade do ano passado, quase descambou para a tragédia quando o “Grupo das Excluídas”, antagonistas do “Grupo de Estratégia”, quase deflagrou um boicote no GP dos EUA, o que certamente provocaria um inferno na vida do ‘Bom Velhinho’ muito pior do que aquel do fiasco dos pneus Michellin em Indianápolis.

 

O grupo continuou conversando e durante o GP Brasil as coisas ainda estavam longe de se acertar. A dificuldade para fechar as contas permanecia grande e assim como Caterham e Marussia tinham ido para o buraco, as outras três poderiam ir também em 2015. Como de burro o ‘Bom Velhinho’ não tem nada, tratou de arrumar as melancias na carroça antes que a carroça virasse na estrada. O adiantamento vai – em teoria – aplacar a ira dos fornecedores e dar um “ar” para que as equipes consigam administrar o restante da temporada, conseguindo mais recursos... extorquindo seus pilotos e respectivos patrocinadores, provavelmente, vendendo espaços nos carros ou mesmo vendendo aquele espaço onde o piloto coloca a bunda. Apesar disso, a revista alemã 'Auto Motor und Sport' noticiou que as três 'pobrinhas' ainda não pagaram à Pirelli pelo fornecimento de pneus e que o 'papagaio' seria de 2 milhões de Euros...

 

No GP dos EUA, o "Grupo das Excluídas" estve perto de deflagra um boicote que seria péssimo para a F1 por lá.

 

Neste ponto a “Nega Genii” fez “a jogada do ano”. Alguém aqui já tinha ouvido falar em Carmen Jordá antes do anúncio da pilota como nova integrante da equipe de pilotos de teste da equipe (ao lado do chorão engomadinho Jolion Palmer)? Nem mesmo quem acompanhava a GP3 no meio da madrugada no “Sportv 15” ouvia falar da mocinha, com carinha de anjo, corpinho de modelo... e munheca de pau!

 

Na temporada do ano passado na GP3 a piloto fez, regularmente, o último tempo da classificação em TODAS as sete corridas que disputou. Andou sempre no final do pelotão em ritmo de corrida e, como se bastasse, tomando tempos como se estivesse pilotando o pior carro do grid, enquanto seu companheiro de equipe lutava pelas primeiras posições.

 

No Brasil, as conversas continuaram, mas o impacto caso eles não alinhassem seria politicamente menor.

 

Como é que um piloto que, no ritmo de classificação, anda da forma como ela andou, vai conseguir contribuir com alguma coisa em termos de desenvolvimento técnico do carro?

0,5s p/ penultimo colocado e 3s para o pole na Espanha.

1,5s p/ penultimo colocado e 3s para o pole na Áustria.

2,5s p/ penultimo colocado e 8,6s para o pole na Inglaterra.

1,7s p/ penultimo colocado e 4,3s para o pole na Alemanha.

2,7s p/ penultimo colocado e 5,1s para o pole na Hungria.

1,7s p/ penultimo colocado e 7,5s para o pole na Bélgica.

1,7s p/ penultimo colocado e 3,2s para o pole na Itália.

Ela ficou de fora nas corridas da Russia e Abu Dhabi.

 

Eu tento assimilar as palavras do diretor da equipe, Matthew Carter, afirmando que Carmen Jordá “vai levar uma perspectiva nova ao time”. As únicas perspectivas que consigo enxergar são o acúmulo de fotógrafos clicando a bonitinha e o tamanho da mala de dinheiro que ela levou. Aliás, aprender o que o carro pode fazer é que mais se questiona sobre sua capacidade, apesar de que, antes de sentar no cockpit a mocinha deve ter que dar o equivalente a “algumas voltas no planeta” na instalação de simulação em Enstone. Mas será que isso vai ser suficiente?

 

A contratação de Carmen Jordá como Piloto de Testes da 'Nega Genii' causou um "apedrejamento" pela web.

 

Agora, esperar que os resultados no sistema sejam capazes de gerar algum benefício com suas observações e contribuições no desenvolvimento do E23 levou o mundo da F1 e suas categorias de acesso às gargalhadas... ou não. Entre as piadas nas redes sociais estavam também a subliminar revolta dos pilotos que deixaram de ocupar aquela vaga, por excesso de talento e falta de fundos.

 

Outro caso emblemático é o que ocorre na Williams, onde sob a influência do então acionista da equipe, Toto Wolff, dois pilotos foram levados para lá: Um de verdade – Valtteri Bottas – e outro... no caso outra que era a sua esposa: Susie Wolff.

 

Mais esperta foi a Susie Stoddart, que casou com Toto Wolff e garantiu uma condição privilegiada na F1.

 

Quando solteira, Susie Stoddart (não é filha nem parente do ex-dono da Minardi, Paul Stoddart) nasceu na Inglaterra. Pilotou por lá e antes de tornar-se piloto de testes na F1, chegou a andar no DTM. Contudo, resultados consideráveis sempre passaram longe das loiras madeixas da mocinha, que acabou casando-se com o poderoso homem da Mercedes.

 

Há dois anos Susie Wolff é piloto de testes na Williams... desde que a equipe passou a usar motores alemães. No ano passado, dividiu o tempo de testes com o brasileiro Felipe Nasr... mas seus tempos de volta em comparação aos demais pilotos e aos pilotos da equipe eram muito mais lentos. Apesar disso, dias de treinos continuam designados para ela, mesmo com Toto Wolff tendo reduzido sua participação acionária para apenas 5%.

 

Onde é que fica aquela tabelinha hipócrita da FIA nessa estória?

 

A Manor (ex-Marussia) vai ter como pilotos Will Stevens e Roberto Merhi. Fiz uma conta com a tal da tabela da FIA para ver se os dois pilotos conseguiram os tais 40 pontos necessários em três anos correndo em categorias de acesso com direito a pontuação. Nada mais justo, afinal, como a decisão do Conselho da FIA foi tomada com a equipe fora do campeonato e sem pilotos, a regra deveria valer para os novos contratados.

 

Dependendo de dinheiro, muito dinheiro, a Manor "vendeu" seus assentos pela melhor oferta.

 

Se assim o fosse... RÁ! Adivinhem? Nenhum dos dois poderia estar na categoria. Vejam os resultados de Will Stevens e Roberto Merhi nos últimos três anos:

 

Will Stevens.

2014 – World Series by Renault – 6º Colocado: 05 Pontos

2013 – World Series by Renault – 4º Colocado: 10 Pontos

2012 – World Series by Renault – 12º Colocado: 00 Pontos

Total: 15 Pontos.

Roberto Merhi.

2014 – World Series by Renault – 3º Colocado: 15 Pontos

2013 – DTM – Categoria não Elegível: 00 Pontos

2012 – DTM – Categoria não Elegível: 00 Pontos

Total: 15 Pontos.

 

A favor de Merhi pode pesar o fato dele ter, em 2011 vencido o Europeu de F3, o que pela tal tabela daria os 40 pontos que ele precisaria para conseguir a Super-Licença. Contudo, se a regra fala em três anos, são os três anos anteriores... e aí entra o “jeitinho, né”?

 

Entre tapas e beijos, o 'Baixinho Narigudo' e o 'Bom Velhinho' tem mais em comum do que um contra o outro.

 

Ou seja: é só teatro! A coisa funciona mesmo é impulsionada pelo dinheiro e dane-se o bom senso, a responsabilidade e Jules Bianchi continua em coma no hospital!

 

Abraços,

 

Mauricio Paiva

 

 

 

Last Updated ( Thursday, 12 March 2015 02:54 )