Campo Grande - MS Print
Written by Administrator   
Saturday, 05 February 2011 08:03

 

A foto aérea, tirada ainda antes da reforma de 2009, durante uma etapa da F. Truck, mostra o autódromo lotado. 

 

Um pouco sobre a história. 

 

O Autódromo Internacional Orlando Moura, localizado a 15 Km do centro da cidade de Campo Grande, Estado do Mato Grosso do Sul é um dos três autódromos brasileiros localizados na região centro-oeste do país. Dentre eles é o mais recente, tendo sido construído no ano de 2001. 

 

Não se pode falar sobre o autódromo de Campo Grande sem que se fale no nome da pessoa que não apenas dá o nome ao autódromo, mas que dedicou-se como poucos neste país à construção do mesmo. E não só isso, é um dos principais responsáveis – senão o maior – pelo que Campo Grande tem a oferecer aos praticantes do esporte a motor. 

 

 

A placa da inauguração do autódromo não trás seu nome, mas o empresário Orlando Moura é protagonista desta história. 

 

O senhor Orlando Moura, um paranaense que, como alguns, enxergaram no Mato Grosso euma nova fronteira de oportunidades, tinha no amor e prática do automobilismo uma de suas grandes motivações na vida. Seriamente empenhado em fazer crescer o esporte a motor no estado, cedeu no final dos anos 80 / início dos anos 90 o terreno onde está construído o Kartódromo Internacional de Campo Grande, onde já foram realizadas duas etapas do campeonato brasileiro da categoria. 

 

Na verdade, a intenção de Orlando Moura, já naquela época, era construir um autódromo naquele terreno. Contudo, as dimensões do mesmo não iriam permitir que se fizesse um autódromo de bom tamanho e qualidade. Mesmo sentindo-se feliz em ver nascer o kartódromo da cidade, o empresário não se deu por satisfeito. 

 

Com o firme propósito de ter um autódromo na cidade que adotara, Orlando Moura adquiriu outro terreno, desta feita no lado oposto da cidade, cerca de 15 Km do centro, às margens da BR 262. Contudo, fazer um autódromo não é uma tarefa simples, muito menos barata e era preciso encontrar parceiros. 

 

 

A construção envolveu um verdadeiro exército de operários para que o sonho do povo do Mato Grosso do Sul virasse realidade. 

 

A Petrobras, que teve ativa participação na construção de outros autódromos era a melhor opção para se estabelecer uma parceria. Só que a estatal do petróleo não estabelece parcerias neste sentido com um bem privado. Era preciso “costurar” um acordo com a prefeitura da cidade. Assim, foi feita a doação do terreno ao município e este passaria a ser, para efeitos legais, o dono da área e com isso a Petrobras faria o investimento necessário para a construção do autódromo. Foi aí que – mais uma vez – surgiu o nome de outro grande empreendedor do automobilismo do estado: Andre Puccinelli, então prefeito de Campo Grande. 

 

Orlando Moura, claro, não poderia sair “com as mãos abanando” no final de tudo. Na parte do acordo que lhe cabia, além da administração do autódromo, coube ao idealista uma compensação por parte dos dois órgãos oficiais e alguns postos de combustível na cidade foram licenciados em seu nome. 

 

 

O esforço não coube a apenas uma pessoa: a dedicação dos idealistas locais recebeu o apoio de um outro. Aurélio B. Felix. 

 

Ainda assim, mesmo com todo envolvimento oficial, foi preciso, no final a entrada de um outro personagem que deixará para sempre seu nome na história do automobilismo brasileiro: Aurélio Batista Felix!  

 

O idealizador da Fórmula Truck no Brasil teve uma participação decisiva na reta final da construção do autódromo, com investimentos próprios para que a obra fosse concluída. Um retrato claro disso é a estrutura dos boxes, com um pé direito (termo técnico da construção civil que define a altura de piso a teto de um pavimento) alto o suficiente para que um caminhão pudesse ser acomodado dentro dos mesmos sem qualquer dificuldade. 

 

 

A ineuguração foi um espetáculo, com a Fórmula Truck fazendo - literalmente - a cidade de Campo Grande parar! 

 

Na sexta-feira, 04 de agosto de 2001, após meses de trabalho árduo sob sol e chuva e as bruscas variações climáticas do período em que foi feita a construção, o “Autódromo Internacional de Campo Grande” foi oficialmente inaugurado, recebendo naquele final de semana, uma etapa justamente da Fórmula Truck. 

 

Se havia expectativas quanto à presença de público e à recepção da novidade na cidade, estas foram superadas – para a felicidade dos amantes do automobilismo e preocupação das autoridades policiais. Não que tenham acontecido problemas de ordem pública, mas não se esperava que tanta gente fosse à inauguração. A BR 262 simplesmente fechou no sentido São Paulo – Campo Grande. O congestionamento ia desde o centro de Campo Grande até a entrada do autódromo. Foi uma deliciosa loucura! 

 

 

Chegar no autódromo é muito fácil. Ficando às margens da BR 262, o acesso é simples e rápido. Mas não há placas na cidade.  

 

Inaugurado em grande estilo, o autódromo sul matogrossense passou a receber etapas das principais categorias do país e do continente, mas nem tudo seriam flores nos anos seguintes.  

 

Responsável pela administração do autódromo, Orlando Moura tina a sua visão pessoal de como o autódromo deveria ser administrado, que nem sempre era compartilhada com a forma de visão administrativa de pessoas ligadas à federação e à prefeitura municipal. Os atritos foram se tornando uma coisa constante e com isso, o maior prejudicado acabou sendo o automobilismo local e o próprio autódromo. 

 

 

Na chegada ao autódromo, o público é bem orientado a seguir na direção que precisa para acomodar-se nas arquibancadas. 

 

A disputa entre as partes acabou por culminar no afastamento de Orlando Moura da administração do autódromo. O conflito acabou por afastar alguns eventos e o passar do tempo e, conseqüentemente, a necessidade de reformas do autódromo acabaram por desencadear todo o processo. Contudo, não se pode negar a grande contribuição de Orlando Moura para o automobilismo do estado e, porque não, do Brasil. Tanto que, ainda em vida, como homenagem e reconhecimento o autódromo passou a ter o seu nome sendo esta uma homenagem ainda em vida. 

 

 

Durante os grandes eventos, a prefeitura disponibiliza linhas de ônibus especiais para que os torcedores cheguem bem. 

 

Em 2009, quando a prefeitura municipal de Campo Grande assumiu por inteiro a administração do autódromo, este passou por importantes reformas, com o recapeamento da pista com o asfalto que tem a mesma tecnologia do asfalto utilizado em Interlagos. Contudo, alguma coisa aconteceu (a empresa que fez o serviço ainda está estudando o caso) que, na volta da Stock Cars à Campo Grande naquele ano, o asfalto apresentou problemas em duas curvas e foi preciso utilizar uma parte original do circuito para que a prova acontecesse. Refeito o problema, a obra ainda ficou aquém do esperado e o administrador do autódromo, Sr. Milton Pupim afirmou que ainda se está na busca de uma solução definitiva. 

 

Uma estrutura invejável. 

 

Estando o autódromo às margens de uma rodovia federal, a BR 262, na saída da cidade (assim como é em Cascavel – PR e Caruaru – PE), o acesso ao autódromo é bastante facilitado. Contudo, para um turista sair do centro da cidade em direção ao circuito, ele precisará saber que direção seguir, uma vez que na cidade não existe nenhuma placa indicando a direção do autódromo. 

 

 

O aspecto geral do autódromo pode ser considerado muito bom, com tudo sendo muito bem cuidado, limpo e organizado. 

 

Chegando na BR 262, aí tudo fica fácil, inclusive para quem vier de outros estados e cruzar a fronteira SP/MS pela barragem da hidrelétrica de Jupiá. Em ambos os sentidos é possível vermos as placas indicando a aproximação do autódromo e da rodovia, podemos ver a torre e os boxes do Orlando Moura. 

 

A sinalização na chegada é bem simples e eficiente. São dois portões de acesso, um para o local onde são montadas as arquibancadas nos grandes eventos (o portão 02) e o outro (o portão 01) que dá acesso aos boxes e paddock para os VIPs. No muro que limita o terreno, bem recuado em relação ao acostamento da BR 262, com uma área designada para o estacionamento de linhas de transporte público que são disponibilizadas em dias de eventos. 

 

O portão 02 tem acesso tanto para quem vem com seu próprio carro e o coloca no estacionamento, junto às arquibancadas desmontáveis, bem como quem chega com transporte coletivo, aliás, uma excelente ação por parte da prefeitura, pois, como não é um local onde há população nas circunvizinhanças, não existem linhas de transporte regular. 

 

 

As instalações dos boxes são ótimas. os boxes são amplos e, mesmo sem portas, estão entre os melhores do país. 

 

Os profissionais que vão até o Autódromo Internacional Orlando Moura, ao cruzar o portão 01 e seguir em direção ao paddock certamente terão a mesma visão que tivemos: o autódromo de Campo Grande é um exemplo de como se deve cuidar de uma praça de esportes! Grama bem aparada, tudo limpo, tudo arrumado, cercas bem cuidadas, tudo bem pintado... um primor! 

 

Estacionamos no paddock próximos ao escritório do Sr. Milton Pupim, o administrador do autódromo, e – após as apresentações – começamos o trabalho de registro fotográfico das instalações. A área na parte de trás dos boxes é ampla, com bastante espaço tanto para trânsito bem como para a manobrabilidade das carretas que normalmente trazem o material das equipes. 

 

Além do amplo espaço, existe ainda uma grande área de estacionamento interno para estas carretas se instalarem dentro do perímetro do circuito com acesso fácil e próximo aos boxes. 

 

 

A área de tráfego do Paddock é bastante ampla, com muito espaço para a manobra das carretas das equipes. 

 

Os 28 boxes, apesar de não terem portas (que está no projeto para este ano de 2011, lembrando que fizemos a nossa visita no final de 2010), estão em excelente estado de conservação, tanto esteticamente falando como funcionalmente, com suas instalações elétricas todas funcionando e com caixas de disjuntores individuais. O espaço é amplo o suficiente para qualquer equipe se acomodar confortavelmente e poder trabalhar sem nenhum tipo de aperto. 

 

O autódromo conta com um bom posto médico, claro que, quando da nossa visita, estava completamente vazio, mas nos dias de competições é possível se montar toda a estrutura necessária para fazer o melhor atendimento a qualquer pessoa no autódromo. Além disso, ao lado deste, apesar de não estar demarcado um heliponto, há espaço suficiente para um pouso de um helicóptero em caso de extrema necessidade. Campo Grande é servida de bons hospitais e nos dias CE corrida, UTIs Móveis são disponibilizadas. 

 

 

A estrutura de posto médico e banheiros para atender tanto ao público como aos profissionais está muito bem cuidada.

 

 

Existem dois conjuntos de banheiros fixos na área do paddock, com divisão para homens e mulheres, inclusive contando com chuveiros para os mecânicos. O estado de conservação está excelente, um dos melhores que vimos até agora. Em dias de grandes eventos, ainda são disponibilizados banheiros químicos. 

 

O paddock também conta com um restaurante, capaz de atender um grande público, inclusive podendo dobrar de tamanho se necessário devido a área anexa. No dia da nossa visita estava fechado. Ele só abre em dias de eventos, como normalmente é em todos os autódromos, exceto em Tarumã, onde o Tala Larga funciona de segunda a segunda. 

 

 

O restaurante só abre em dias de eventos e tem um bom tamanho. Já a sala de imprensa, é pequena comparada ao resto.

 

A sala de imprensa é pequena. Para eventos grandes como a Stock Cars certamente a VICAR deve fazer uso de outro espaço para atender a mídia que acompanha o circo. Para eventos menores, resolve. Uma ampliação ou nova construção certamente seria bem vinda. Espaço não falta. 

 

A torre de controle e cronometragem foi, como a pista, beneficiada com a última reforma. No projeto inicial, a escada passava por dentro das salas, tirando espaço e bagunçando o trabalho de secretaria, comissários e até do diretor de prova. Foi construída uma escada metálica, externa à torre, facilitando o acesso e aumentando as salas. As instalações elétricas são novas e a visibilidade da pista é muito boa. 

 

A torre de controle foi uma das partes reformadas. Alta e com uma escada externa, pode atender bem a todos. 

 

Do alto da torre de controle, fazendo a foto panorâmica, pudemos constatar que é possível se ver o circuito praticamente em sua totalidade, o que facilita em muito as transmissões de televisão e o trabalho do diretor de prova.

 

 

 

Do alto da torre, as câmeras de TV podem cobrir praticamente toda a extensão do autódromo. Um ponto muito positivo. 

 

Lá de cima também pudemos ter uma boa visão da enorme área ao lado da reta oposta onde são montadas as arquibancadas e o estacionamento para os torcedores. No local são credenciados ambulantes para alimentação e instalados banheiros químicos. Não existe nenhuma estrutura permanente no local. 

 

O espaço ao lado da reta oposta, onde são montadas as arquibancadas tem espaço de sobra... mas nenhuma estrutura. 

 

Os camarotes sobre os boxes são enormes! Extremamente espaçosos e em boa parte pré divididos, tem inclusive dois que são completamente isolados, podendo até ser um deles utilizado como sala de imprensa. Um destes é para as autoridades locais e convidados. O espaço é totalmente coberto, com as laterais abertas, garantindo a ventilação.

 

O espaço para os convidados VIPs é muito bom, podendo receber um grande público, mas os camarotes não tem banheiros. 

 

O único ponto que poderia ser melhorado seria a colocação de mais uma ou duas passarelas de acesso. Com apenas uma, o público tem que ser paciente e, caso haja uma emergência, pode ser um problema ter apenas uma rota de saída, apesar de que existem duas escadas de serviço nas extremidades. 

 

Uma volta no circuito. 

 

Na reta , nos posicionamos para mais uma paciente volta no circuito, com o “velocitocócus” devidamente sob controle e sem riscos de acelerarmos mais que devemos, muito pelo contrário, o Milton [Pupim] foi bastante paciente com o nosso “para-e-anda” costumeiro. 

 

 

Recapeado recentemente, o asfalto do autódromo pode ser considerado bom, mas não ficou como a administração queria. 

 

A condição do asfalto em Campo Grande é muito boa, apesar dos problemas nas duas curvas onde o recapeamento sofreu alguma degradação. Não há buracos, rachaduras ou desgaste excessivo, mesmo sendo a reta dos boxes utilizada nos festivais de arrancada promovidos pela FAMS. A mureta está dentro do padrão da FIA e há uma boa área lateral do lado esquerdo, hoje com cobertura de vegetação onde já foi um terrível “barreirão”, que sujava a pista com o vento. 

 

 

A curva 1 foi uma das partes que mais sofreu com o problema surgido no asfalto novo. Este é um desafio para os administradores. 

 

A freada no final da reta dos boxes é dura – Os freios são bem exigidos em Campo Grande. A direita tem raio constante e praticamente 180º, com uma suave inclinação. Os pontos de aproximação (200; 100; e 50 metros) são bem visíveis e as zebras são lisas, com pouca inclinação, não oferecendo muito apoio.  

 

 

Espaço para uma "escapada" não é problema na curva 1. A área de escape é tão grande que dispensa muros externos. 

 

A primeira curva é uma das quais o asfalto apresentou problemas e tanto o responsável pela obra como a administração do autódromo estão buscando uma solução. Ainda assim, quem faz a curva por dentro, no trilho, não encontra grandes problemas. A área de escape é imensa, dispensando a presença de guard rails e barreiras de pneus, mesmo sem uma caixa de brita para parar os carros desgarrados. Neste aspecto Campo Grande, ao lado de Caruaru e Fortaleza, mostrou ter sido projetado de forma muito inteligente.  

 

 

A curva 2 até tem um guard rail... mas bastante longe da pista e que nem precisa de barreiras de pneus como reforço.

 

 

Na saída da curva, mais uma zebra “pra inglês ver”, que apenas permite que se saia mais forte da curva e se tome uma pequena reta até a  curva seguinte, outra curva de quase 180º, mais fechada que a primeira. Ali existe um guard rail de duas lâminas e a área de escape é de barro bem compactado com uma pequena camada de brita na parte mais externa. Devido a velocidade do contorno, dificilmente um carro chega rápido nas lâminas. 

 

 

A curva 3, como a curva 1, tem muito espaço... mas o posto de trabalho do fiscal de pista... dá pra fazer melhor.

 

 

Saindo da curva 2, uma outra pequena reta leva a uma outra curva à esquerda em mais este circuito de sentido antihorário, esta mais rápida, com uma zebra interna em sua entrada e quase nenhuma inclinação. Na saída, uma zebra um pouco mais inclinada com uma “zona de tolerância” de asfalto para permitir um pouco de abuso da parte dos pilotos. Neste ponto, assim como na primeira curva, a área de escape é enorme. 

 

 

A curva de acesso à reta vai encontrar a primeira barreira de pneus do autódromo... trançados. Modernizar é preciso.

 

 

Neste ponto da pista, nos chamou a atenção uma manilha de esgoto colocada na posição vertical, cercada por pneus. Perguntando ao Milton Pupim o que era aquilo e ele respondeu ser o posto do fiscal de pista, o glorioso bandeirinha. Mesmo com toda a distância da pista até a posição, este foi um ponto precário na estrutura da pista. Os pneus não tem qualquer sistema de fixação. 

 

 

Com 12 metros de largura, a reta oposta do Autódromo Internacional de Campo Grande é uma das maiores do Brasil.  

 

Na saída desta terceira curva, mais uma pequena reta até chegarmos na curva de entrada da reta oposta. Com uma zebra interna em praticamente todo o seu contorno, é fundamental para que se entre na reta de motor cheio. Na saída da curva, uma zebra de apoio dá aquela margem extra para os pilotos e antes de se chegar no seu final, começa-se a ver a barreira de pneus – trançados – que acompanha toda a reta oposta na sua parte externa, Antes de chegar-se a tela. 

 

A curva depois da reta oposta também tem uma grande área de escape, sem necessidade de barreiras de segurança. 

 

A reta do autódromo de Campo Grande é uma enormidade... são 960 metros com 12 metros de largura. Espaço suficiente para uma ultrapassagem no final dela. Toda extensão da reta possui área de escape em ambos os lados, com barreiras de pneus nos limites exteriores. Há também uma passagem entre as duas retas e com proximidade de acesso aos boxes para uma intervenção rápida de um carro de serviço e/ou do safety car em caso de necessidade. No final, a regressiva de aproximação é de fácil visibilidade. 

 

 

A curva no final da reta ainda permite que se entre nela com alguma velocidade, apesar da freada no final da reta, mas trata-se de uma curva longa e o piloto não pode errar na mão – e nem no pé – para não ir para a área de escape. Esta tem parte em asfalto, parte em terra e grama e um espaço quase sem fim. Neste ponto o asfalto, fora do trilho, também mostra os mesmos problemas da curva 1. Sendo uma curva longa e com uma zebra interna para se dar uma referência ao piloto antes de se chegar no que era a curva mais lenta do circuito. 

 

 

A curva seguinte era mais fechada, diminuindo demais a velocidade média de volta. Foi um dos pontos alterados na reforma. 

 

A curva a seguir foi alterada na última reforma para permitir um contorno melhor e mais rápido da mesma. Contudo, na volta da Stock em 2009, foi justamente onde o novo asfalto apresentou os maiores problemas. Em 2010, apesar da reforma não ter ficado à contento, pode se utilizar o novo traçado. Quando estivemos lá, estava sendo feito uma chamada para um evento do final de semana e que seria veiculado no telejornal local de uma das TVs do estado. 

 

 

A nova curva é mais ampla, mais rápida, mas foi um dos pontos onde o asfalto também apresentou problemas.

 

 

Trata-se de uma curva de 180º, fechada, à esquerda como 6 das 9 curvas do autódromo. Dificilmente um piloto vai errar ali e sair da pista e, depois do curvão seguinte à reta oposta, não tem como se recuperar a velocidade. Assim sendo, a área de escape – que não é tão grande quanto em outros pontos – acaba por ser mais que suficiente. É possível se ver bem ambos os traçados e suas junções. 

 

 

A curva que antecede o complemento da volta tem na sua entrada a tomada para os boxes, que é bastante longa. 

 

A penúltima curva do autódromo, uma direita também lenta, tem na sua saída – à direita – a entrada para os boxes. Este trecho sinuoso tem sua importância na precisão do contorno para que se entre forte na reta dos boxes. 

 

 

No final da curva que antecede a reta dos boxes, tem um guard rail externo na sua parte final, mas a área de escape é boa.

 

 

A entrada para os boxes é longa, estreita como costuma se ver nos autódromos de diversos países, sinuosa e que exige paciência do piloto. O pit lane tem uma ótima largura e um bom posicionamento para os chefes de equipe se posicionarem junto à tela que os separa da reta. Uma mureta – baixa – separa a posição das cabines da faixa de rolamento dos boxes. 

 

 

A entrada lenta dos boxes nos leva a uma boa configuração de pit lane, com uma boa faixa de rolagem e espaço para trabalhar. 

 

Para fechar a volta, a última curva tem um pequeno “S”, para dificultar a vida do piloto e permitir que o carro que vem atrás do carro da frente consiga contornar a curva e sair colado na reta dos boxes, que não é muito longa. Tanto que as competições de arrancada são feitas na distância de 201 metros, para ter espaço de frenagem no final. A área de escape é compatível com a velocidade de contorno e há, neste ponto, um guard rail de duas lâminas.  

 

Com a palavra, Milton Pupim, administrador do autódromo. 

 

Entrando pela reta completasse a volta nos 3433 metros do Autódromo Internacional Orlando Moura. Como já dissemos, um exemplo de conservação e apresentação para todos os administradores do país. Por falar em administrador, depois da volta completa e de uma água gelada (o calor estava forte), fomos conversar na sala da administração com o senhor Milton Pupim, o responsável pelo belo trabalho que tem sido feito em Campo Grande. 

 

NdG: O Autódromo Internacional de Campo Grande é um bem público, mas ele foi fruto de uma empreitada privada, do Sr. Orlando moura. Como foi que se deu este processo de mudança administrativa? 

 

 

"Nestes quase dois anos de administração do autódromo conseguimos fazer um bom trabalho e tivemos o reconhecimento disto". 

 

Milton Pupim: Ele passou para as mãos do município em 2009. Na verdade, o processo foi bem complexo, pois envolveu diversas partes e houve também a perda de capacidade do modelo de gestão, o que houve foi um processo de permuta entre ele, que era o proprietário do terreno, a prefeitura municipal e a Petrobras. O Orlando teve alguns problemas com seus negócios na região e acabou por afastar-se definitivamente em julho de 2009. 

 

NdG: Um autódromo é um empreendimento que requer investimentos constantes em sua manutenção, reformas, funcionários... e sendo um bem público, custa o dinheiro dos contribuintes. Como é que sociedade local, a opinião pública, vê esta aplicação de verbas em um bem que tem um uso, digamos, restrito, que ocupa uma grande área e cujo o retorno costuma ser altamente questionável? 

 

Milton Pupim: Aqui em Campo Grande não temos este tipo de problema. O esporte automobilístico aqui na cidade passou por momentos difíceis, cerca de 15 anos atrás. Foi a construção do autódromo que levantou novamente o ânimo da população com automobilismo. Quando inauguraram o autódromo, vieram quase 50 mil pessoas para a etapa da Fórmula Truck em 2001. A questão do custo não é problema. O Autódromo Internacional de Campo Grande é autosuficiente. Ele se paga. Agora, para chegar neste ponto foram investidos um milhão e trezentos mil reais para que se recapeasse toda a pista, inclusive usando a mesma cobertura que é usada em Interlagos, reformássemos totalmente a torre de cronometragem. Apesar de ter gente em Campo Grande que não sabe nem onde fica o autódromo, o povo da região gosta de automobilismo, tanto que comparece quando temos corridas por aqui. Poderia até vir mais gente, se a divulgação fosse maior e melhor. 

 

NdG: Quando o senhor fala que “o autódromo se paga”, isto quer dizer que, o número de eventos que aqui ocorrem geram receita suficiente para pagar as contas sem que nenhum real do orçamento anual do município precise ser investido aqui? 

 

Milton Pupim: Exatamente isso. Agora, obras grandes como foi a reforma de 2009 é outra história. Fazer o que fazemos hoje aqui, de manter a grama aparada, de ter a grama que vocês devem lembrar das primeiras corridas aqui onde vinha muito barro, muita terra para a pista e isso hoje não ocorre mais, zebras pintadas, camarotes sem goteiras, limpeza geral, pagamento de funcionários... tudo isso é pago com a receita gerada aqui. 

 

NdG: Isso quer dizer que o autódromo de Campo Grande é um local ativo... quantos eventos por mês acontecem aqui?  

 

 

"O problema do asfalto é algo que ainda não encontramos a resposta. A empresa que fez o trabalho também está buscando respostas". 

 

Milton Pupim: Praticamente todos os finais de semana temos eventos aqui. Temos eventos nacionais grandes como a Stock Cars, a Fórmula Truck e a Fórmula 3 Sulamericana. Além desses eventos maiores temos o campeonato regional, os festivais de arrancada, temos a motovelocidade, onde já tivemos etapas do brasileiro, além dos eventos que não são de corrida propriamente dito, como os campeonatos de som. Fora isso, também temos provas de ciclismo e de corridas a pé. 

 

NdG: Quando fizemos o caminho do centro de Campo Grande até o autódromo, só viemos encontrar a primeira placa indicando a direção do autódromo quando já estávamos na BR 262. faltavam 8 Km para chegarmos aqui. Dentro da cidade não vimos nenhuma placa indicando que o autódromo ficava nesta direção. Uma vez que é um bem do município, a prefeitura poderia fazer com que as pessoas que vivem e/ou visitam a cidade ao menos tivessem uma indicação de como chegar aqui, não acha? 

 

Milton Pupim: É uma observação boa esta de vocês. A gente tem muito pouco tempo de administração de autódromo. Essa coisa de mostrar o caminho é algo que podemos melhorar. A gente como é da cidade, lida com o autódromo, vem aqui todo dia, talvez não percebesse este tipo de falha. Uma pessoa de fora, que não conhece a cidade sentiria isso e foi muito bom vocês falarem isso. Vou levar esta questão adiante. 

 

NdG: Quantos funcionários trabalham aqui no autódromo? 

 

Milton Pupim: De forma permanente e efetiva, além de mim, tem apenas o zelador do local, que é funcionário de uma empresa terceirizada que presta serviço para o autódromo. Esta empresa que temos sob contrato é quem também fornece a mão de obra que faz a limpeza, o corte da grama, os cuidados de manutenção. Nós pagamos um valor e eles tem um contrato a cumprir. Daí quantas pessoas eles enviam para cá é com eles. O serviço sendo feito a contento como tem sido feito, está tudo bem. Fora isso, quando precisa ser feito alguma preparação de evento, a prefeitura cede a mão de obra para a preparação do local conforme é assinado o contrato com os promotores.  

 

NdG: Este caso de preparação está mais para os eventos maiores como os três que vem de fora, certo? 

 

 

"Quando temos grandes eventos, os promotores tratam de montar a estrutura para atender o grande público". 

 

Milton Pupim: Exatamente. Os contratos de locação exigem que entreguemos o autódromo dentro do que houver de exigência no mesmo, assim como os promotores tem que devolver o autódromo ao final do evento exatamente como receberam, sem nada quebrado, tudo limpo e arrumado. 

 

NdG: Vimos aí fora uma ambulância de prontidão, certamente por conta da filmagem que estava acontecendo esta manhã aqui no autódromo. Esta ambulância é algo que fica por conta do organizador do evento ou é algo que providenciado pelo autódromo e é colocado como “parte do pacote” no caso da locação? 

 

Milton Pupim: Esta ambulância até 2010 foi terceirizada. A partir de 2011 o autódromo passará a ter uma ambulância da prefeitura e nela trabalham dois bombeiros, contratados pelo organizador. Pelas diretrizes da CBA, no autódromo não pode haver nenhuma atividade sem que haja uma ambulância de prontidão.  

 

NdG: Após a volta que demos para fazer as fotografias percebemos que o autódromo está muito bem cuidado, com o asfalto, as zebras, as áreas de escape e ficamos muito felizes com isso. Este é um mérito seu, da administração do autódromo. Mas o senhor mesmo falou durante a volta que demos na pista sobre alguns pontos a melhorar. Um deles foi o asfalto, que não atingiu o resultado esperado. O que aconteceu? 

 

Milton Pupim: É... quando fomos buscar uma empresa para fazer a obra de recapeamento, buscamos fazer aqui a colocação do mesmo tipo de asfalto que foi colocado em Interlagos para a Fórmula 1 e que é um exemplo para todo o mundo. Só que alguma coisa aconteceu aqui e ainda não se descobriu. A empresa que fez o serviço e nós temos procurado estudar e entender o que houve e, no caso, encontrar uma maneira de refazer o trabalho e conseguir o resultado que queremos. Na verdade o problema está concentrado em duas curvas e vai ser refeito. Inclusive, a VICAR já fez a solicitação de que o serviço seja feito antes da etapa de 2011 para que a Stock Cars venha para cá.  

 

NdG: A parte externa do autódromo, as indicações para o trânsito de quem vem trabalhar e quem vem assistir um evento são bem visíveis. A área da reta oposta, onde são montadas as arquibancadas para o público, como é feito o atendimento a este público? O que é oferecido ao torcedor que vem ao autódromo de Campo Grande? 

 

 

"Como a administração do autódromo é da prefeitura, nos dias de eventos toda uma estrutura de apoio é oferecida ao público". 

 

Milton Pupim: Como vocês poderão ver e já viram alguma coisa, temos uma boa área de estacionamento e bastante espaço para a montagem de arquibancadas. Naquele lado também são instalados banheiros químicos, barracas de comidas e bebidas. Mas esta estrutura e credenciamento é todo feito pelo promotor do evento. 

 

NdG: Quando são feitos os eventos regionais, é necessário montar arquibancada, há público para isso?  

 

Milton Pupim: Nos eventos regionais nós liberamos o paddock e o espaço aqui acima dos boxes é suficiente para atender o público que vem nas etapas de arrancada e dos regionais de velocidade e motovelocidade. A nossa estrutura do paddock é muito boa. 

 

NdG: Estes boxes que existem aqui são os boxes originais, desde o início do autódromo? 

 

Milton Pupim: Sim. São 28 boxes muito bons, espaçosos e altos. Pode se colocar um caminhão aí embaixo sem problemas e quando falo isso falo dos caminhões de apoio da Fórmula Truck, porque os de corrida são mais baixos. Os caminhões com altura normal eu acredito que só aqui em Campo Grande é que eles podem ficar dentro de algum Box. Bem, foi o Aurélio [Batista Felix] quem concluiu as obras do autódromo então ele tratou de fazer a coisa de formas que atendesse a categoria dele. É uma pessoa que nunca será esquecida e que o automobilismo brasileiro vai ter sempre uma dívida com ele. 

 

NdG: Vimos que o posto médico tem espaço suficiente para ser bem aparelhado, mas não vimos um heliponto... foi uma falha nossa ou não tem um heliponto aqui no autódromo? 

 

Milton Pupim: Ter um local demarcado e sinalizado não temos, mas ao lado do posto médico temos um local, asfaltado que, em caso de necessidade, pode ser utilizado como heliponto. Como vocês devem ter percebido, espaço não é problema por aqui. Por exemplo, o restaurante aqui do paddock, que funciona nos dias de evento. Ele pode dobrar de tamanho se for necessário. Tem uma área anexa a ele que permite a montagem de uma tenda e assim atender o dobro de pessoas. 

 

NdG: depois da construção, além do asfalto, foi preciso fazer mais alguma reforma no autódromo?  

 

 

"Precisamos fazer com que o automobilismo no MS se fortaleça. Temos que ter mais carros nos grids dos regionais". 

 

Milton Pupim: Foi feita a escada externa da torre. Antes a escada era interna e se passava por dentro de cada sala... isso era muito ruim. Agora não, com a escada de aço, externa, que até serviu como amarração da edificação que é a torre este problema acabou e se ganhou mais espaço do lado de dentro das salas e mais espaço para trânsito.  

 

NdG: O que a atual administração pensa em termos de futuro para o autódromo internacional de Campo Grande? 

 

Milton Pupim: Estamos trabalhando e nos estruturando para podermos trazer outras grandes categorias para correr aqui na nossa cidade, no nosso autódromo, oferecendo um local de espetáculo de qualidade e com conforto para quem vem trabalhar. Sabemos que estamos mais longe do que outros autódromos em relação às sedes das equipes, mas que a qualidade do nosso autódromo seja um atrativo para eles virem para cá. Com isso, esperamos estimular os nossos pilotos locais para que eles venham correr, para que tenhamos grids maiores e mais gente venha ao autódromo. 

 

 

Last Updated ( Monday, 14 March 2011 17:16 )