O REINO MÁGICO DE ORESTE BERTA Print
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Wednesday, 15 April 2009 08:13

 

 

Vista Aérea do Complexo de Oreste Berta. 

 

Tudo parecia corroborar a nosso favor.

A chegada a Córdoba, cerca das oito e meia da manhã veio acompanhada de um dia perfeito, sem uma nuvem no céu, uma agradável temperatura de 24ºC e a presença, por sorte de Marcelo Cammisa, Assessor de Imprensa do Grupo Oreste Berta S.A. na cidade, o que nos propiciou, além da carona, a primeira parte da entrevista que será publicada em breve.

 

 

 

De Córdoba até o complexo, a fortaleza como muitos chamam, mas que preferimos chamar de “O Reino Mágico de Oreste Berta”, seguimos pela “Ruta 5” (como se fosse a nossa BR, mas com asfaltos mais bem cuidados) por cerca de 25 quilômetros até chegar aos portões. No caminho, voltei a insistir num assunto do qual Marcelo veio se esquivando durante os últimos dias: Se seria possível ter a atenção do Mago por alguns minutos. Educadamente ele não quis dizer que não... mas falou que seria muito difícil e aquilo foi meio como uma ducha de água fria. Contudo, já com “el espírito de Periodista” (Jornalista em espanhol), alimentei dentro de mim o pensamento de que, de alguma forma, o encontro com Oreste Berta seria possível, seguindo as sábias palavras de um grande mestre que tive na vida, o Comandante André Sabatié Fonseca, que dizia que sempre devemos cultivar os pensamentos positivos.

Durante o trajeto falamos sobre o desenvolvimento do automobilismo Argentino e traçamos um breve comparativo com o automobilismo Brasileiro... e parece que estamos seguindo o caminho dos nossos hermanos, com o fortalecimento de categorias nacionais se tornando cada vez maior, contudo, estamos longe de ter o apoio e o retorno que eles tem.

  

Quando o Homem se fez Mito.

 

 

De roupa mais escura, ao centro, Oreste Berta ainda adolescente.  

 

Meio século atrás, um rapaz franzino pedalava em alta velocidade pelas ruas da pequena Alta Grácia. Ele era o mais rápido de todos. Num dia uma bicicleta equipada com um motor passou rapidamente por ele e aquele novo equipamento mostrou-se como o desafio a ser superado. Logo ele conseguiu um motor, mas era sistematicamente vencido por aquele primeiro oponente. Um dia ele, depois de ficar amigo do seu oponente, em um momento de distração deste, sacou de um transferidor e mediu o ângulo do motor do outro! Foi para casa e trabalhou o seu motor e derrotou o seu oponente pela primeira vez!

E assim ele começou a preparar motores e corria com um nome falso (Pedro Faria) para que seu pai não descobrisse.

 

 

 

Depois disso ele passou a preparar motores motocicletas e corria de bicicletas com motores... mas em uma cidade pequena era meio difícil de esconder e seu pai até comentava: “Como anda bem este tal de Pedro Faria”.

 

 

 

Durante muito tempo, isso ainda nos anos 50 pois começara adolescente, ele viveu da preparação de motores de motocicletas, sem sequer passar por sua cabeça entrar nos motores de carro. Berta dominava técnicas de fundição e fundia os cilindros e trabalhava-os, preparava os motores e os vendia! Seu avô materno tinha uma loja de ferramentas e máquinas de campo. Dominava o ofício, fazendo – as vezes – ele mesmo as ferramentas e com seu avô aprendeu todos os processos que eram úteis a seu negócio.

 

 

 

Seu pai era concessionário, vendia carros da Renault e vendo o progresso do filho nesta área conseguiu que ele fosse fazer um curso de mecânica, de preparação, nos Estados Unidos. Lá ele disputou corridas de moto tendo até feito um 3º lugar em Daytona, com uma Ducatti.

 

 

Oficina Mecânica de Oreste Berta nos anos 60.

 

 

 

Depois que voltou a Argentina, seu pai, que ainda tinha o mesmo emprego na Renault levou para Oreste um cliente, precisando fazer o serviço em um motor de um carro para correr. Era um Gordini e Berta o fez! Ele já era famoso por preparar motores de moto e o Gordini andou tão bem que logo vieram mais encomendas de trabalho... até que, um dia, o famoso piloto Eduardo Cupello procurou por seus serviços. A esta altura Berta estava trabalhando na Fábrica da Renault e esta preparava os motores dos carros... e Cupello, com o motor preparado por Berta, passou a derrotar – sistematicamente – os carros com motores preparados por Berta. Isso provocou tamanho problema que Berta foi chamado à chefia e foi informado de que estava proibido de preparar motores para o certame nacional. Podia preparar apenas para corridas ali na região de Córdoba.

 

 

 

Ele acatou a posição da empresa, mas partiu para a construção de um carro totalmente fabricado na Argentina: O Torino. Havia uma disputa interna na Renault porque os carros eram feitos em Córdoba, mas quem os preparava eram as oficinas, que ficavam em Buenos Aires. Então os técnicos de Córdoba fizeram uma proposta: cada um preparava o seu e vamos testar aí no autódromo de Buenos Aires. Quem anda mais rápido... o Torino ganhou fácil!

 

 

 

No ano seguinte, disputando a categoria Turismo Carretera, este carro venceu 17 das 35 provas disputadas e ficaram com as três primeiras posições no campeonato. Após a primeira vitória, o carro que estava encalhado nas concessionárias, passou a ser procurado e vendido.

 

 

 

E assim, de um motor de bicicleta e um transferidor começava a se erguer este nome que é conhecido em todo o mundo.

 

 

  

A Fortaleza do Mago.

  

 O portão de entrada, apesar do canal, não tem "ponte elevadiça"!

 

 

 

Longe do barulho das grandes cidades, ergueu-se um castelo. Uma fortaleza. Cerca de 3 Km da pequena cidade de Alta Gracia, uma antiga estância Jesuíta que teve como morador ilustre ninguém menos que Ernesto Che Guevara e que possui cerca de 45 mil habitantes acabou por ser também escolhida para receber o complexo da Oreste Berta S.A. Toda a área é um local impecavelmente bem cuidado. Da poda das árvores, ao aparado do gramado como a limpeza das áreas externas e principalmente internas. Em alguns aspectos parecia mais um hospital do que uma fábrica de motores.

 

 

 

 

Na sala de espera, ampla e bem decorada, temos cinco painéis de fotos, de cada uma das décadas da trajetória do Mito e dois quadros enormes, com o Berta LR, o Protótipo desenvolvido por ele para os 1000 Km de Nurburgring e o F-5000, carro com a primeira suspensão totalmente desenhada por computador, em 1974! Duas provas incontestes da visão adiante do seu tempo que este Grande Homem, de porte franzino e olhar sereno, mas com um ar de tenacidade perceptível ainda hoje, foi capaz de fazer.

 

 

 

Acima, o Protótipo Berta RL. Abaixo, o F-5000 em testes no ano de 1974.

  

 

 

NdG: Marcelo, porque a equipe Berta não continuou no mundial de protótipos?

 

 

 

M. Cammisa: Porque não havia patrocínios. A situação estava complicada aqui na Argentina àquela altura e o governo, que prometera dar este apoio e patrocinar a equipe acabou por não fazê-lo. O mais complicado foi que, confiando no apoio do governo, foi investido muito dinheiro no projeto, na compra de equipamentos, material, etc. e o dinheiro acabou não vindo.

 

 

 

NdG: Foi então, poderíamos dizer, uma vitória nas pistas e uma derrota fora delas?

 

 

 

M. Cammisa: Exatamente. Foi investido muito dinheiro. Foi comprado um computador moderníssimo na época e este carro foi o primeiro carro projetado por computador na Argentina e provavelmente no mundo. Além do que, investiu-se em se desenvolver coisas revolucionárias para época e o desenvolvimento é algo que custa caro.

 

 

 

NdG: Mas foi uma espécie de “volta por cima” pelo que fizeram com o Torino alguns anos antes, não?

 

 

 

A cima: Berta comemora a vitória (na pista) em Nurburgring; um dos Torinos na pista.

Abaixo: Um dos Torinos no Museu Fangio (em Balcarce); Fangio e Berta antes da prova na Alemanha.

 

 

 

 

M. Cammisa: A punição dada depois da vitória espetacular. Foi uma verdadeira missão. Foram 3 carros e 12 pilotos para este desafio.

 

 

 

NdG: Aqui ao lado, temos o F-5000 projetado por Berta. Neste tempo, em 1974, alguns historiadores no Brasil falam que havia uma verdadeira competição entre brasileiros e argentinos para lançar um carro e uma equipe nacional de Fórmula 1. Isso era muito por conta das disputas de supremacia no continente dos dois governos na época. Se tivessem trabalhado juntos, talvez tivéssemos hoje uma equipe sulamericana na F1, não?

 

 

 

O Motor V8 desenvolvido por Berta para o protótipo: Mais forte que o Cosworth.

 

 

 

 

 

 

M. Cammisa: Pode ser que sim... inclusive Wilson Fittipaldi chegou a oferecer o motor Ford DFV que ele tinha para que equipássemos este carro e o colocássemos em uma prova de Fórmula 1... mas acabou não se concretizando. Este F-5000 tem uma suspensão revolucionária, toda desenhada em computador. Foi algo totalmente novo.

 

 

 

Aqui os Sonhos se Tornam Reais.

 

Um dos diversos setores da planta. Neste, a montagem de motores. 

 

 

 

 

Vamos entrar agora no parque de trabalho e desenvolvimento de motores. Temos a parte de projetos, com o trabalho de aperfeiçoamento dos componentes e ali, do outro lado, as oficinas de estudo do comportamento dos motores.

 

 

 

Aqui temos na primeira parte da oficina, onde se faz a parte de desenvolvimento, estamos hoje debruçados sobre os novos motores da TC 2000. Estes motores são motores de 2300cc capazes de gerar 310 CV. Para este ano, o grande desafio foi baratear os custos de produção e manutenção e conseguimos fazer um motor com a mesma potência por menos da metade do preço do ano anterior, devido aos novos materiais e técnicas aplicadas. Eles hoje custam 25 mil dólares a unidade e possuem ainda, como grande vantagem uma autonomia de uso de 5.000 Km. São motores que não precisam ser revisados aqui com tanta freqüência como os anteriores. Claro que todo motor novo tem seus problemas e no momento estamos muito ocupados em revisar todas as unidades utilizadas na 1ª etapa da TC 2000, domingo passado aqui no circuito de Córdoba. E como essas unidades foram entregues praticamente 7 dias antes desta abertura do campeonato, como se poderia esperar, alguns problemas aconteceram e por isso todas os motores estão passando por uma inspeção rigorosa.

 

 

 

Esta parte da fábrica é – tecnicamente – dividida em 3 seções: A de Investigação, a de produção e a de ensaios.

 

 

 

 

Acima, a "oficina convencional", ao lado um dos equipamentos computadorizados. 

Abaixo, um motor pronto para o teste de bancada e ao lado o dinamômetro de rolo.

 

 

 

Na parte de investigação são feitos os estudos os testes os cálculos e “mecanometria” de todo projeto. Na parte de produção temos onde temos a metalurgia, a montagem dos componentes mandados ser feitos, a parte de usinagem, tudo com precisão nanométrica para que o motor não gere vibrações indesejáveis. Essa área mescla tecnologia e mecânica tradicional onde temos um corpo técnico de bastante experiência, alguns com 30 e até 40 anos trabalhando conosco, e que são capazes de fazer os ajustes necessários, se necessário nas peças que são produzidas em série. Veja que temos partes onde a mão humana é a ferramenta mais importante e outras onde temos maquinário que opera sem necessidade do operador por sequer a mão na máquina. O terceiro setor, este é o setor mais novo e que está sempre em regime de rápida evolução, que é o setor de ensaio, onde tudo que é desenvolvido e fabricado é testado para ver se os resultados empíricos são alcançados na prática e que todos os componentes foram perfeitamente concebidos. Esta evolução constante nos permite ganhar tempo e eficiência. Um exemplo está aqui, onde o sistema de comando de válvulas dos cilindros é feito. Eram necessárias 350 horas para se fazer uma etapa de cilindros... agora levamos apenas 7!

 

 

 

 

 

Acima: O V6 da Top Race e o motor da Top Race jr. Abaixo: O F3 Sudam e o da TC 2000.

 

 

 

 

 

 

Nas salas de montagem de motores ainda se usa muito da habilidade manual, mas todo o processo é checado e testado pelos equipamentos eletrônicos.

 

 

 

 

Aqui vemos a equipe que trabalha com os motores V6 da Top Race e que estará no Brasil para a etapa em conjunto com a Fórmula Truck. Mesmo sem ter uma equipe oficial, sendo a Berta S.A. a fornecedora dos motores uma equipe será deslocada para dar todo o suporte às equipes lá presentes. E aqui temos os motores da categoria principal, de 3000cc e que gera 345 CV e os da categoria Junior, com 4 cilindros, com 2300cc e que gera 263 CV, limitados. Aqui temos os motores da F3 Sulamericana, que gera 257 CV.

 

 

 

Setor de Ensaio: Aqui o que foi montado é testado. 

 

 

 

Vamos agora para o setor de ensaio. Aqui temos três bancadas onde temos o motor e todos os sensores para mapear praticamente todos os componentes e onde as leituras são dadas diretamente para o terminal de computador que fará a comparação entre o previsto de projeto e o teste inicial, se for o caso, e comparativamente os testes de bancada subseqüentes. Também fazemos o ensaio de veículos, onde nesta sala colocamos o carro em escala normal e geramos com esta turbina e o sistema de rolo para os pneus, que seria o dinamômetro de rolo e é dotado de isolamento acústico. Este sistema funciona gerando um fluxo de ar para o motor de 160 Km/h e assim testamos o funcionamento dos seus componentes. A mesa possui 60 canais para medição do que se estar testando e também se fazem as alterações as quais se submetem os motores e assim poder verificar as alterações sofridas durante o processo e os esforços aos quais submetemos o carro e o motor. Aqui também fazemos estes testes para outros tipos de motores, motores de indústrias e outros veículos de formas que também existe um aspecto comercial.

 

Túnel de Vento.

 

A maquete do Túnel de Vento.  

 

Este túnel de vento foi um projeto muito ambicioso e audacioso de Berta. Foi feito um grande investimento aqui e levamos seis anos até torná-lo uma realidade. Fazer um túnel como esse, hoje, implicaria em um investimento da ordem de quatro a cinco milhões de dólares. ele funciona assim. O ar é puxado por esta turbina e passa por todo este conduto e agora, olhando dentro da câmara, você pode ver a tela de 70 mil pontos tecidos a mão que fazem com que o ar aspirado pela turbina seja todo laminado e entre por aqui, passando pela câmara onde a laminação de ar precisa ser perfeita e é onde se coloca o modelo. Esta técnica permite que tenhamos a leitura do comportamento e das pressões de ar sobre cada ponto do carro, medido através de uma balança eletrônica de altíssima precisão e que nos permite analisar todas as possibilidades e a real eficiência de todos os componentes aerodinâmicos, escolha de asas, e demais apêndices... Tudo isso seria muito útil, mas quando fizemos o túnel, o regulamento da TC 2000 proibiu as alterações na parte aerodinâmica! Contudo, ele ainda é muito útil por ter diversas utilizações. Mas tudo é investimento. Uma modelo como esta aí na câmara custa não menos que 30 mil dólares.

 

 

 

 

 

Acima, o Túnel de Vento. Ao centro, a Turbina e a tela de laminação do ar.

Abaixo, o modelo do carro em escala e diferentes aerofólios traseiros. 

 

 

 

 

Esta mentalidade revolucionária do Mago propiciou que muitos avanços fossem frutos daqui. Não apenas do túnel de vento mas de todos os pontos do complexo. O primeiro câmbio seqüencial montado na Argentina foi feito aqui. O primeiro sistema de injeção multi válvulas também. Ele está sempre pensando adiante.

  

A Pista de Provas.

 

 

 

 

 

Além de todo o complexo de estudos e desenvolvimento em laboratórios e oficinas, Oreste Berta possui uma magnífica pista de testes, com um sistema utilizado nas grandes montadoras, o “Double Skid Pad”, que são dois círculos de raios diferentes e com algumas pequenas variações, com as quais é possível se submeter um carro a todos os esforços exigidos em um autódromo para pneus, suspensões... a Fórmula 1 utiliza muito este sistema.

 

 

 

Aqui existem dois tipos de piso: um asfalto de alta abrasividade e de excelente qualidade e uma variante com placas de cimento para testar a aderência neste tipo de piso. A pista tem um sistema de irrigação, para fazer uma chuva artificial e todo um sistema de drenagem para evitar poças.

 

 

 

 

Entrada para a Pista de Provas e vista da circunferência de raio maior. 

 

 

 

 

Além dos testes, são feitos eventos com os patrocinadores e pequenos shows onde, inclusive, eles são convidados a participar, dentro dos carros que, mesmo neste pequeno traçado, chegam a 140 Km/h.

 

 

 

Depois das corridas, os carros da equipe são trazidos para a pista de provas e dão umas voltas para ser feitas algumas verificações.

 

 

 

Além dos trabalhos que são feitos para os interesses próprios, também são feitos trabalhos para parceiros, clientes... como recentemente, onde foram feitos testes para a Pirelli, cursos de direção defensiva para a YPF, testes de fábricas de amortecedores, e mesmo elementos de eletrônica para veículos são testados com êxito nesta pista.

 

 

 

Foi mais um excelente investimento feito por Berta, uma vez que não se faz necessário levar um carro a um autódromo, onde se gasta muito tempo, dinheiro, o carro e nem sempre os resultados são os desejados. E isso, considerando que o autódromo de Córdoba fica cerca de 10 Km da fábrica (tem dois traçados, um de 4.005 metros e outro de 2.600 metros).

 

 

 

Esta pista está à disposição de qualquer equipe de qualquer categoria para ser usada (mediante pagamento, claro) em testes privados. Assim, além de servir aos interesses pessoais de seus donos, ela é um útil bem à comunidade automobilística.

No momento está em fase de planos uma ampliação da pista para poder proporcionar outros tipos de teste.

   

O Momento com o Mago!

 

 

 

Já estávamos terminando a visita ao complexo e daí, estaríamos seguindo para a sede da equipe Berta Motorsport. A força do pensamento positivo se fez valer mais uma vez.

 

 

 

Estávamos de volta a parte central da planta, passando pelas oficinas de montagem e eis que o Mago em pessoa estava lá! Não estava de terno ou roupas finas como normalmente vemos a imagem de elegância dos nossos vizinhos... estava de jeans e camiseta e transpirava aquela simplicidade das pessoas que não esquecem todos os desafios que precisou enfrentar na vida e de como foi duro vencê-los.

 

 

 

Marcelo fez as honras e apresentou-me ao grande mestre dizendo quem somos e o que fazemos no Brasil.

 

 

 

NdG: Senhor Berta, é um prazer sem tamanho poder estar aqui com o senhor e quero aproveitar para mandar um grande abraço dos seus amigos no Brasil, Luiz Pereira Bueno e Anísio Campos, pessoas que sempre estão conosco nos encontros que promovemos.

 

 

 

O. Berta: Bem, fico feliz em saber que os bons amigos no Brasil ainda se lembram de mim (risos) e eu tenho um carinho muito especial por eles. Com Anísio ainda trocamos um email vez por outra. De Luiz, fazia tempo que não tinha notícias. Como ele está?

 

 

 

NdG: Ele é o Padrinho dos Nobres do Grid, está bem, forte como um touro, graças a Deus, e está em atividade! Ele é o Consultor de uma equipe que disputa o campeonato paulista de automobilismo na categoria de carros clássicos com motores V8. Mavericks! Inclusive, um deles com aquela pintura da Equipe do Anísio e que tinha o seu motor...

 

 

 

O. Berta: (Rindo) Não diga!?! Então ele ainda vai aos boxes...

 

 

 

NdG: Sim... todos os meses ocorrem etapas. A próxima é dia 02 de maio. Como ele tem passe permanente da CBA para entrar no autódromo, é possível que ele vá ao evento conjunto da Top Race V6 com a Truck. Caso o senhor vá, vai ser um grande encontro.

 

 

 

O. Berta: Vai ser meio difícil...

NdG: Bem, em outubro teremos um dos nossos encontros no qual homenagearemos a Equipe Willys, do Greco.  Vai ser dia 24 de outubro.

 

O. Berta: Ah, sim... o Marcelo falou-me sobre essas homenagens. Eu gostava muito do Greco. Ele veio aqui mais de uma vez e era sempre bom estar com ele. Você chegou a conhecê-lo?

 

 

 

NdG: Sim, nos anos 80. As filhas dele (Adriana e Ornella) sempre vão aos nossos eventos.

 

 

 

O. Berta: E a equipe, como está?

 

 

 

NdG: O Fabio está cuidando da equipe. Sempre estão em Interlagos.

 

 

 

O. Berta: Isso é bom, mantém o nome da família nas pistas...

 

NdG: Acredito que o Marcelo tenha dito ao senhor que o nosso trabalho é o de resgatar e manter viva a memória do automobilismo brasileiro e não podíamos deixar de vir aqui uma vez que boa parte das raízes do nosso automobilismo estão na Argentina... desde as Carreteras!

 

O. Berta: Mas então vocês fazer um automobilismo para velhos? (risos) 

 

NdG: De forma alguma: Fazemos para todos e principalmente para os jovens que não puderam ver e mal conhecem a história de uma geração que foi a mais brilhante do nosso automobilismo. 

 

O. Berta: Isso é algo importante e muito bonito. Eu tenho um carinho muito grande por Luizinho. Ele é uma pessoa maravilhosa. Vinha aqui sempre, ficava por semanas. Ia até minha casa jantar comigo. Tivemos uma parceria de anos. Ele foi um dos primeiros brasileiros que veio aqui na Argentina. Fico muito feliz e parabenizo a vocês por este trabalho. Quando você voltar ao Brasil, por favor mande um abraço grande para ele e que o amigo aqui não esqueceu do amigo lá.

 

 

NdG: Gostaríamos também de parabenizar o Senhor pela sua história de vida, por todos os desafios vencidos e, caminhando e conhecendo a planta com Marcelo, foi vendo que sua mente ainda está muito ativa, que o senhor esta sempre pensando adiante... e por pensar assim, adiante do seu tempo, não posso deixar de perguntar: O que seria um desafio hoje para se enfrentar, para se buscar? 

 

O. Berta: Fazer daqui o que é hoje, já é um desafio diário... fazemos hoje os motores das principais categorias de automobilismo na Argentina... 

 

NdG: Mas o senhor tem um nome não só aqui e no Brasil... seu nome é conhecido e respeitado em todo o mundo. Agora, com os custos sendo reduzidos na Fórmula 1, quem sabe um V8 Berta equipando uma equipe? O Emerson Fittipaldi está como Manager da equipe Brasileira da A1 GP... quem sabe não sai uma parceria? 

 

O. Berta: Honestamente, eu já perdi este encanto, a paixão por este caminho já terminou. No passado tivemos projetos e tudo, mas hoje em dia não me vejo mais pensando neste platamar. Nos anos 70 os Fittipaldi faziam por lá e nós por aqui. Se tivéssemos juntado forças poderia ter saído algo bom... mas o momento era aquele. Se hoje ele está nesse meio é porque deve ter muita mulher bonita por perto (risos gerais!). Lembro bem dele nos tempos de Fórmula 1. Sua esposa (Maria Helena) era muito bonita, mas sempre havia muito assédio aos pilotos. 

 

NdG: Emerson está sempre em contato conosco. Vamos reeditar uma foto histórica de 40 anos atrás e ele está empolgadíssimo em fazer a foto. Não teremos – infelizmente – o Pace (Jose Carlos) e o Greco (Luiz Antônio), mas vamos preparar algo inesquecível, como gostamos de fazer. Será uma imensa honra caso o senhor possa ir e vir a encontrar com os seus amigos do Brasil. Os de outros tempos e os novos... porque a partir de hoje o senhor também é um dos Nobres do Grid. Tanto o é que trouxemos uma camisa dos Nobres do Grid para o senhor.

 

 

 

 Oreste Berta (dir) e Marcelo Cammisa (esq). Mais dois Nobres do Grid!

 

O. Berta: Eu não posso prometer que vou. Vai ser difícil, mas fico honrado e feliz com o trabalho de vocês e agradeço o presente e o prazer de ter tido notícias dos meus amigos de tanto tempo no Brasil. 

 

NdG: O prazer é todo nosso, agradeço muito por estes minutos que o senhor nos disponibilizou e simplesmente não temos palavras para agradecer e homenagear alguém tão grande como o senhor. Muitíssimo obrigado mais uma vez.  

 

No próximo artigo: A Berta Motorsport e a categoria TC 2000 – “A Stock Argentina.”

 

 

 

 

Para conhecer mais sobre a Oreste Berta S.A. Clique aqui:

 

 

Last Updated ( Thursday, 28 October 2010 19:46 )