Próxima a completar dois anos de mandato, a gestão de Waldner Bernardo à frente da Confederação Brasileira de Automobilismo tem buscado trazer novidades para o cenário do automobilismo nacional. Entre louváveis, questionáveis e originais (não adianta, sempre haverá algum tipo de contestação sobre o que quer que seja), na quinta-feira que antecedeu a etapa decisiva da Stock Car de 2018, após o briefing dos pilotos, os mesmos, juntamente com os representantes das suas equipes (chefes, mecânicos chefes e proprietários) foram convidados a participar da primeira (de muitas, segundo os planos da Confederação) “Dinâmicas de Grupo”.

O objetivo do órgão máximo do automobilismo nacional é implementar um processo de interação junto aos pilotos e equipes para buscar a melhoria no trabalho das autoridades técnicas e desportivas (Comissários e Diretores de Provas), não apenas na Stock Car, mas em todas as categorias do automobilismo brasileiro. Neste processo, buscar o ponto de vista dos pilotos e equipes é fundamental, explicou o Assessor de Imprensa da CBA, Emerson Souza.

 A sala de briefing do Autódromo Internacional de Interlagos foi palco de uma novidade apresentada pela CBA.

Nesta primeira dinâmica, que foi conduzida pelo Presidente da Associação Brasileira de Pilotos de Automobilismo, Felipe Giaffone e Alfredo Tambucci, Presidente da Associação Desportiva Nacional de Oficiais e Comissários de Competição (ADNOCC). Este projeto vinha sendo discutido no âmbito da Confederação Brasileira de Automobilismo e com os promotores de categorias nacionais há alguns meses e o planejamento era dar início a este trabalho em 2019, mas a pedido de Carlos Col, a primeira dinâmica foi antecipada para este final de semana decisivo da Stock Car.

Numa busca de deixar o processo ainda mais acessível e divulgado para o conhecimento do público, a assessoria de imprensa da CBA convidou três integrantes da mídia para não apenas assistir a apresentação do processo, mas também participar da dinâmica como se fosse um piloto ou membro de equipe presente. Os convidados foram Fernando Silva, do portal Grande Prêmio, Flávio Pinheiro, do portal Nobres do Grid e Tiago Mendonça, do portal Auto Mais.

 A ADNOCC, através de seu presidente, a CBA e a ABPA convidaram os presentes a participar de uma inversão de papéis.

Na apresentação inicial, Alfredo Tambucci e Felipe Giaffone explicaram qual era o objetivo do processo, que haverá uma série de outras dinâmicas como esta e que naquele momento eles estavam sendo convidados tomar o lugar dos comissários para avaliar e decidir que atitudes deveriam ser tomadas. Desde considerar a situação como um “incidente de corrida” até uma desclassificação e suspensão de etapas.

Inicialmente os pilotos e representantes das equipes foram convidados a formar grupos de três pessoas, fossem da mesma equipe ou não. Cada grupo recebeu um tablet (o “grupo da imprensa” também recebeu um) e por este tablet deveriam se registrar e, após a exposição dos vídeos que seriam apresentados, em grupo, deveriam tomar a medida cabível como se fossem eles os três comissários desportivos que estivessem avaliando o procedimento dos pilotos na torre de controle durante uma corrida.

 A participação dos pilotos e membros das equipes foi bastante interessante e até a imprensa foi convidada para participar. 

Foram apresentados cinco situações de corrida para o julgamento por parte dos grupos. Os episódios abrangeram desde situações ocorridas na Fórmula 1 a incidentes ocorridos nas competições das categorias nacionais. A reação e as discussões entre os “comissários” foram muito interessantes. Diferenças de pontos de vista não deixaram de existir, inclusive no “grupo da imprensa”, onde nem sempre concordamos com qual atitude tomar. 

O processo seguinte foi impresso, com uma condição de ultrapassagem envolvendo dois carros e uma série de situações possíveis de acontecer entre os dois competidores. Neste caso foram entregues um formulário a cada integrante e estes teriam que opinar se concordavam ou não com a interpretação que era descrita junto a imagem impressa. Neste caso, os pontos de vista se multiplicaram e a interação entre todos ficou ainda mais interessante.

Os presentes viram, em diversas situações apresentadas, como é difícil analisar e tomar uma decisão rápida sobre os incidentes.

Para evitar que o debate se tornasse muito extenso, Felipe Giaffone comprometeu-se a analisar as respostas pelos tablets e de visitar na sexta-feira os pilotos, box a box, mostrando o ponto de vista deles, de outros e como os comissários agiram naquela situação.

Uma boa parte dos participantes continuou na sala de briefing, onde o encontro aconteceu, e estabeleceu-se um debate entre todos e com a mesa onde as partes mostraram um grande interesse em fazer com que o trabalho dos comissários possa encontrar meios de produzir melhores resultados para o esporte a motor. Caso as coisas continuem caminhando neste sentido, podemos ter ganhos nas pistas e menos discussões em tribunais, um dos pontos mais questionados nesta parte do encontro, onde todos concordaram que os membros dos tribunais precisam ampliar seus conhecimentos sobre o automobilismo para que as decisões que lá são tomadas sejam as mais coerentes possíveis.

 O debate foi bastante positivo e os próximos prometem aumentar ainda mais a interatividade entre pilotos e comissários.