Nobres do Grid - Hyperlink (Dezembro/2011) Print
Written by Administrator   
Monday, 28 November 2011 00:04

 

 

Caros amigos,  Praticamente todos os campeonatos de automobilismo terminaram... pelo menos a parte da pista. Alguns ainda vão depender da decisão do Superior Tribunal de Justiça Desportiva da CBA, a ser proferida pelo Sr. Fernando Marques de Campos Cabral, o atual presidente do mesmo. 

 

Assumindo a nossa falta de conhecimento sobre uma possível história nas pistas do Presidente do tribunal, o nosso comparativo com o que ocorre nas pistas e o nosso “ofício” só pode ser um: velocidade. E, em ternos de velocidade, o STJD da CBA é uma “Hispania”, comparada com as necessidades “rubro taurinas” do que acontece nas pistas e suas implicações. 

 

É preciso considerarmos dois aspectos para nortear esta conversa: o primeiro é o interesse do torcedor, do esportista, daqueles que fazem o espetáculo, que mudam suas rotinas de vida para ir aos autódromos, para ficar diante da televisão, para reunir os amigos para partilhar estes momentos. É lógico que em uma corrida podem acontecer fatos que terão que ser vistas e revistas pelos comissários e pelo diretor e aí entra o segundo aspecto. 

 

Quando os comissários fazem o relatório sobre os fatos que ocorreram durante a corrida e que feriram em algum aspecto os regulamentos técnico e/ou desportivo isto pode gerar um processo e este processo – aí sim – exigir uma decisão do tribunal de justiça desportiva, o que pode mudar os resultados de pista. Além disso, uma decisão pode ser questionada, levando o assunto para o STJD.  

 

Assim como em todo sistema judicial brasileiro, a justiça desportiva também carece da agilidade, da velocidade que deveria ter. Esta lentidão provoca o desagradável efeito de termos títulos e resultados de corrida sendo decididos meses após sua realização. Em alguns casos, existem processos que ainda não foram decididos mesmo passados mais de um ano, como o resultado da F3 sulamericana, na disputa envolvendo Yann Cunha e Bruno Andrade. 

 

 

O acidente entre Geraldo Piquet e Felipe Giaffone na etapa de Curitiba vem gerando consequências que podem ir além do dia 4/12. 

 

Vai ser justamente por um destes embróglios que vamos começar a nossa resenha da velocidade. Na Fórmula Truck a – finalmente – primeira vitória de Danilo Dirani acabou um tanto ofuscada pelo ocorrido a três voltas do final, quando Geraldo Piquet e Felipe Giaffone, os dois contendores ainda na disputa pelo título brasileiro de 2011 tentaram ocupar o mesmo espaço no mesmo instante de tempo... o que é fisicamente impossível! 

 

Para quem assistia a prova no Autódromo de Pinhais ou mesmo pela TV a impressão foi a de um erro grotesco por parte do piloto da Mercedes, que ainda por cima, era retardatário, mas o desenrolar dos fatos iria muito além daquela área de escape no final da reta dos boxes. 

 

Os comissários desclassificaram Piquet da prova e o relatório foi parar no tribunal... que aplicou uma suspensão de 30 dias ao piloto do Truck Nº6. Tal decisão tira Geraldo Piquet da prova final em Brasília e deixa Giaffone com uma mão na taça. Piquet, claro, recorreu e agora é sabermos se o recurso será julgado antes do dia 4 de dezembro, dia da última etapa. 

 

 

Danilo Dirani foi o piloto a ser batido desde os treinos. Na corrida, largou na ponta, mantendo-a até a bandeira quadriculada. 

 

Já o vencedor, este sofreu seu drama na véspera, quando – tendo o melhor tempo para a disputa da superpole – apareceu como desclassificado por “excesso de fumaça” na volta lançada de classificação. Depois de muita argumentação, os comissários voltaram atrás e Dirani confirmou a pole. Na corrida, o piloto da Ford não foi ameaçado, vencendo de ponta a ponta.  

 

No mesmo dia, tivemos a etapa final da Stock Cars, no Velopark. Coincidência ou ,não, também terminou em confusão! 

 

 

Na largada, Cacá Bueno foi "engolido" pelos que largaram logo atrás dele... mas fez uma prova sensacional de recuperação. 

 

Cacá Bueno entrou na pista “com uma mão e meia na taça”, fruto do fantástico desempenho conseguido no “playoff”. Para perder o título, Cacá teria que ir muito mal, Max Wilson muito bem... e logo de cara o piloto da equipe de Andreas Mattheis largando na primeira fila e seu principal adversário apenas na 12ª posição. 

 

A corrida, na pequena pista gaúcha, apenas das duas retas largas, fez com que logo os carros a tomassem por completo, com os retardatários e as táticas de paradas de boxes embaralhando todo mundo. Enquanto Cacá foi capaz de fazer uma ultrapassagem quádrupla, Max Wilson teve até um princípio de incêndio... só uma tragédia para tirar o título de Cacá Bueno... e ela quase aconteceu! 

 

 

Na ultima volta, uma confusão daquelas que poderiam ter mudado o rumo do campeonato. No final, o título continuou com Cacá. 

 

Entrando para a última volta, Cacá Bueno, mesmo sem parte do fundo do carro, arrancado numa passagem sobre uma das altas zebras do circuito, parecia ter poupado o carro para o final da prova e foi para cima de Marcos Gomes, tomando a ponta. Ele não precisava fazer isso. O 2º lugar era mais que suficiente, mas desde quando um piloto costuma se contentar com o segundo posto?  

 

O problema é que isso passou também na cabeça de Marcos Gomes, que tentou o troco, forçou a barra e os dois acabaram batendo. Cacá rodou e o motor apagou. Era tudo que Max Wilson precisava... mas Marcos Gomes furou o radiador e espalhou fluidos nas curvas seguintes. A pista virou um ‘sabão’ e nada menos que 10 carros saíram da pista! O problema – para Max Wilson – e que ele era um dos dez.  

 

 

Depois da confusão, a liderança da prova caiu no colo de Daniel Serra, que segurou Popó Bueno e seguiu para a bandeirada. 

 

Daniel Serra venceu, Cacá foi o campeão. Falou cobras e  lagartos de Marcos Gomes enquanto, do outro lado do autódromo, os carros amontoados na área de escape davam trabalho para o pessoal do resgate. Alegria para a equipe de Andreas Mattheis, que na temporada, chegou a ir com seus carros pintados de preto na etapa de Jacarepaguá. 

 

Na outra categoria sob a chancela da VICAR, apesar da grande vantagem que Thiago Camilo tem para seus adversários, o regulamento que prevê pontuação dobrada para a etapa final, a ser disputada em Curitiba no início de dezembro. 

 

No dia 30 de outubro, a etapa do Rio de Janeiro a categoria, além de levar um bom público ao autódromo, mostrou ser mesmo uma “categoria democrática”, onde as vitórias são “pulverizadas” por mais pilotos. Claro que parte disso é responsabilidade do regulamento, que faz a prova em duas baterias, sendo a segunda com os 8 primeiros em grid invertido. 

 

 

No Rio de Janeiro, O Brasileiro de Marcas teve mais um vencedor, mas o líder continuou o mesmo. Thiago Camilo aumentou a vantagem. 

 

Foi justamente esse grid invertido que ajudou, isso sem tirar os méritos do piloto, muito pelo contrário, Serafin Jr. O carioca conquistou a prova da segunda bateria com autoridade e competência, mas o fato de Thiago Camilo ter vencido a primeira prova, além da combinação dos resultados na etapa colocou o líder ainda mais líder no certame. 

 

Em Londrina, sem problemas no asfalto – felizmente – e sem um calor escaldante como foi na etapa da Stock, a etapa trouxe novidades, como as estréias de Ricardo Maurício e Giuliano Losacco. Mas foi o paraibano residente em Londrina, Valdeno Brito que venceu a primeira bateria. 

 

 

Sem o calor que derreteu o asfalto na etapa da Stock Cars, A categoria correu sem problemas em Londrina... e Thiago venceu mais uma. 

 

Na segunda, valendo-se do grid invertido, Thiago Camilo lutou contra os adversários e seus 50 quilos de lastro, mas acabou conquistando mais uma vitória e consolidando-se ainda mais na liderança do campeonato, que só não terminou porque a última etapa tem a pontuação dobrada. São 100 pontos em jogo e os 55 pontos de vantagem para Daniel Serra, 70 para Thiago Marques, piloto Curitibano, e 72 para Valdeno Brito ainda coloca os três em condições de tirar o título de Camilo... afinal, “Carreras son Carreras”. 

 

E se o eterno Juan Manuel Fangio já dizia isso há décadas, ele, mais que ninguém, sabia o que estava dizendo. E a máxima serve não só para as pistas, mas para as estradas também, visto que a decisão do mundial de Rally, com a etapa corrida na Grã Bretanha com uma situação relativamente semelhante  ao que ocorreu em 2009, quando Sebastien Loeb precisava da ajuda de Daniel Sordo para ‘roubar pontos’ de Mikko Hirvonen. 

 

Com a vitória na etapa anterior, Loeb conseguiu uma grande vantagem, uma vez que, para Hirvonen, vencer não seria suficiente... Loeb não poderia chegar em segundo como o finlandês chegou na Espanha. Jari-Matti Latvala teria que ser um escudeiro perfeito para que a Ford pudesse impedir o octacampeonato de Loeb e da Citroen. 

 

 

Sebastien Loeb acelerou tudo e jogou a pressão para cima de Mikko Hirvonen na etapa britânica do WRC... 

 

O problema é que deu tudo errado! Logo no primeiro dia Hirvonen ficou para trás e Loeb liderava... e ficou pior no segundo dia, quando o piloto da Ford bateu e furou o radiador. A volta, após o abandono, implicaria em uma perde de 20 minutos no seu tempo de prova. 

 

Como a corrida – no caso, o Rally – só termina depois da última especial, o bizarro aconteceu no domingo, quando o Citroen número 1 sofreu um acidente com um carro de rua (mas será que não havia controle do tráfego durante a etapa do WRC? Se acontece por aqui ia ter um monte de “corneteiro” chamando de “várzea sobre rodas”. Como é na Europa, nem uma palavra neste sentido. 

 

Sem as estrelas, espaço aberto para os coadjuvantes... e foi o segundo piloto da Ford o vencedor. Latvala cumpriu o seu papel, andando forte e procurando fazer o que era sua missão. Já o segundo da Citroen, que não foi nada bem na Espanha, também não apareceu na Grã Bretanha. 

 

 

... e a pressão surtiu efeito: no sábado, Hirvonen perdeu o controle em uma das especiais, furou o radiador e deixou a etapa. 

 

Todo o desenrolar dos fatos, desde a preterição de Ogier na luta pelo título após a vitória na França, o desempenho apagado na etapa seguinte e a prova pífia na etapa final culminaram com a dispensa do francês, que foi um piloto “criado” das divisões da casa. Pior para Loeb, que no ano seguinte terá o finlandês Mikko Hirvonen como companheiro de equipe. Provavelmente a equipe está pensando na não muito distante aposentadoria do octacampeão. Ogier, que fez um belo campeonato até o Rally da França, foi contratado pela Volkswagen. 

 

Outro campeonato que foi disputado “até a última curva” foi o WTCC. No mês de novembro, a prova no curtíssimo autódromo de Guandong, na China e no longuíssimo – e perigosíssimo – circuito de rua de Macau, seriam os palcos para as batalhas finais entre o campeão Yvan Muller e o inglês Robert Huff, que liderou a pontuação na maior parte do campeonato. 

 

 

Correndo "atrás do prejuízo", Robert Huff ainda conseguiu vencer a primeira prova na China... mas saiu-se mal na segunda. 

 

Muller tinha 13 pontos de vantagem antes da largada da prova Nº1 de Guandong, mas viu esta diferença cair para 10 pontos com os resultados. Pior, na largada da prova Nº2 Huff largou muitíssimo bem e Muller, muito mal. Na primeira passagem, o inglês era o 2º, o francês apenas o 6º. 

 

Mas numa daquelas que conhecemos como “sorte de campeão”, Muller viu Colin Turkington “cuspir na bandeira” e dar um “chega pra lá” no compatriota... que caiu para 6º enquanto, na confusão, fui Muller o maior beneficiado, saltando para 2º. Depois de conseguir assumir a ponta, o francês disparou na ponta deixando Gabrielle Tarquini, quem ele conseguiu ultrapassar na 4ª volta servindo de “tampão”.  Huff não conseguiu ir além de um 3º lugar e a diferença subiu para 20 pontos. 

 

Apesar de ter vencido as duas provas em Macau, com competência e velocidade, os resultados combinados de Yvan Muller (o segundo lugar na prova Nº1 e o terceiro lugar na corrida nº2) deixaram o pódio – e o chá – do inglês com um gosto amargo. A diferença entre os dois foi de apenas 3 pontos.  

 

 

Em Macau, Huff correu como nunca, mas Yvan  Muller tinha toda a vantagem em suas mãos. Administrou e conquistou o título. 

 

O calendário de 2012 está praticamente decidido, com a prova do Brasil acontecendo no meio da temporada, diferente do que costuma ser. A Chevrolet continua com seus três pilotos, a Ford vai voltar para o campeonato e os motores serão aqueles praticamente padronizados de 1,6 litros com turbocompressor.   

 

Se no WTCC a emoção foi até a última curva, a prova do FIA GT em Potrero de los Funes, na província argentina de San Luis apenas confirmou o título de título de Lucas Luhr e Michael Krumm. Tanto eles como os vicecampeões Stefan Mucke e Daren Turner abandonaram a etapa argentina. 

 

 

Na Argentina, o FIA GT encerrou mais uma temporada. A vitória foi de uma dupla de novatoa, mas o título tinha dono. 

 

Quem deu show e venceram com autoridade foram os novatos Yelmer Buurman e Francesco Pastorelli.  A dupla escapou do acidente da largada que tirou alguns dos favoritos mesmo com um erro na parada obrigatória dos boxes, a pilotagem agressiva de Buurman recolocou a dupla na ponta. O brasileiro Enrique Bernoldi terminou a prova em 4º lugar, fechando o campeonato na 12ª posição. 

 

No Gran Turismo nacional, este pobre escriba teve que morder a língua mais uma vez (um dia eu aprendo). Depois de me desmanchar em elogios à dupla Matheus Stumpf e Valdeno Brito, ao Ford GT 40 e a equipe de Washington Bezerra, que “estava com as mãos na taça”... pois é, estava. 

 

Bastaram as duas corridas da penúltima etapa, disputadas no Velopark (a prova estava marcada para Londrina, mas o problema com o asfalto na etapa da Stock Cars assustou os organizadores que, por precaução, decidiram transferir a etapa) para que tudo mudasse.  

 

 

O belo Mercedes SLR roubou a cena na etapa do Velopark. Não apenas pela beleza do carro, mas pelas duas vitórias conquistadas. 

 

Um incêndio no sábado e um vazamento de óleo do câmbio no domingo provocaram um duplo abandono e com isso, quem lucrou foi a família Negrão: mesmo sem vencer, o 6º lugar no sábado e o 2º lugar no domingo deram aos pilotos que usam um Lamborghini a liderança da pontuação, com 10 pontos de vantagem para os antigos líderes, faltando apenas a etapa final em Interlagos. Agora eu digo: tudo pode acontecer! 

 

Se nos boxes de Washington Bezerra o clima era de tristeza e desapontamento, nos boxes do lado, Paulo Bonifácio e Sergio Jimenez eram só alegria! A estréia do Mercedes SLR foi arrasadora, com duas vitórias na etapa gaúcha, mostrando que para 2012 este será um difícil adversário para as marcas já existentes. 

 

Que muita gente acha as corridas americanas um pé no saco todo mundo sabe. Que muitas vezes as corridas em seus ovais, ovões, ovinhos e afins são capazes de dar vertigens (tem corrida com mais de 600 voltas!!!) alguns vão lembrar de refazer o estoque de Dramin, mas que o final do “chase” da NASCAR este ano foi de arrepiar, ninguém, nem os mais céticos, vão poder negar. 

 

 

No duelo entre Tony Stewart e Carl Edwards, Stewart passou Edwards por fora... 

 

A batalha ao longo das 10 provas finais entre os 12 postulantes ao título os pilotos foram caindo uma a um a cada prova que passava e, para a alegria de muitos o pentacampeão Jimmie Johnson foi um deles. Para a tristeza de quase todos, Dale Jr. o “queridinho” da torcida também. 

 

Por um lado, Carl Edwards veio, com extrema regularidade e apenas uma vitória antes do início do ‘chase’ liderava a pontuação e, com sua tática de andar sempre bem e terminar entre os primeiros, em condições normais teria como conquistar o campeonato. Em outros anos, a tática teria dado certo... este ano, não. 

 

 

...Passou Edwards por dentro (com arrojo, numa fila de quatro carros)...

 

Surpreendente, empolgante, arrebatadora... o leitor pode escolher qualquer dos adjetivos ou outro qualquer para a performance de Tony Stewart. Nas 10 provas finais foram 5 vitórias, cada uma mais espetacular que a outra, culminando com uma eletrizante prova final onde, enquanto a equipe tratava de fazê-lo perder posições nos boxes, ele parecia ter um carro “de outro planeta”.  

 

Não foi uma, nem duas, nem três vezes que Tony Stewart precisou se recuperar, que ultrapassou Carl Edwards, por cima, por baixo, por dentro, por fora... nada parecia capaz de detê-lo. A emoção do campeonato foi tamanha que os dois pilotos, após 36 provas, terminaram com os mesmos 2403 pontos. A vitória de Tony Stewart foi decidida pelo número de vitórias. Desde que iniciaram o sistema do ‘chase’, nunca um piloto conseguiu tamanha performance. 

 

 

... e no final da prova, Tony Stewart não deu a menor chance para Carl Edwards tentar um ataque final. 

 

Entre os brasileiros, méritos para Nelson Piquet Jr. que conseguiu terminar o seu primeiro campeonato na Truck Series em 10º lugar – o 2º entre os calouros – e com uma regularidade muito boa na segunda metade do campeonato. Em 2012, além do campeonato da categoria em uma nova equipe, a Turner, o brasileiro fará algumas provas na Nationwide. 

 

Com o GP do Brasil encerrando o campeonato e o mês de novembro, nada mais justo que encerrarmos a coluna com a categoria, que se não teve um campeonato disputado – graças a Sebastian Vettel – as corridas foram, com raras exceções, emocionantes. 

 

 

Vettel largou na ponta e iria despachar à concorrência, como vinha fazendo de forma costumaz... 

 

Vettel conseguiu igualar o recorde de poles de Nigel Mansell na etapa de Abu Dhabi, mas a possibilidade de igualar o número de vitórias de Michael Schumacher acabou na segunda curva da corrida. Um furo no pneu traseiro direito – que ninguém explicou direito até hoje – fez o campeão rodar. Ele ainda levou o carro para os boxes, mas os danos na suspensão por conta da volta com pneu furado. 

 

A corrida foi menos monótona que a prova do ano anterior. As reformas no circuito e os novos “truques” da F1 permitiram algumas ultrapassagens, mas Lewis Hamilton, que herdou a liderança depois da saída de Vettel, não foi ameaçado em momento algum, especialmente enquanto os contendores da disputa pelo vice campeonato – Alonso, Webber e Button – lutavam pelo segundo lugar. Melhor para Alonso, que mesmo com a patética parada de 5,2s nos boxes que – pelo menos nos planos da equipe e do piloto – caso desse certo, poderia colocá-lo de volta na frente da McLaren de Hamilton. 

 

 

... a corrida acabou na segunda curva do circuito... um pneu furado - e os danos na suspensão na volta aos boxes - uma pena.  

 

Dureza foi a disputa mais para trás... com Jenson Button sem KERS  em um circuito com duas retas longas e a Red Bull “inventando” uma tática de 3 paradas para Mark Webber que poderia ter custado o 4º lugar se não fosse a rodada de Felipe Massa, que não passou do 5º posto, sua melhor posição ao longo da temporada. 

 

Quem fez uma “corridaça” foi Rubens Barrichello, que trocou o motor, largou em último e avançou até 12ª posição... com a “capenga” Williams que anda enrolada para definir seus pilotos no ano que vem: parece que Kimi ‘cachacinha’ Raikkonen quer uma participação acionária para assinar com a equipe. Como se não bastasse, o congresso nacional venezuelano está questionando a validade do contrato que banca Pastor Maldonado na equipe (antes do câncer do Hugo Chavez duvido que algum deputado ousasse ‘cantar de galo’). Em todo caso, Barrichello pode ter uma sobrevida. 

 

 

Sem adversários para ameaçá-lo, Lewis Hamilton - sem envolver-se em incidentes - seguiu sem maiores problemas para a vitória. 

 

Para completar o circo, os árabes bancaram uma corridinha meia-boca da GP2, sem os principais pilotos da temporada e com diversos postulantes à temporada de 2012. Quem andou bem foi o baiano Luiz Razia, mas o brasileiro está decidido a tentar tomar a vaga do Jarno Trulli ou do Kovaleinen na equipe, nem que seja na base da capoeira. Se ele vai conseguir, isso veremos. 

 

E foi com este clima que o circo veio para o Brasil.       

 

 

Uma prova extra da GP2 abriu às portas da categoria para uma série de novatos - e alguns veteranos - que devem estar em 2012. 

 

Com o campeonato decidido faz tempo, o GP do Brasil de Fórmula 1 teria tudo para ser um “fracasso de público” (se considerarmos a capacidade do autódromo com sendo algo em torno de 70 mil lugares, uma presença em torno ou abaixo de 50 mil já seria considerado pouco e o bom velhinho certamente ficaria aborrecido). Contudo, a presença dos praticamente 70 mil “de sempre” mostrou que, para um bom espetáculo, o público brasileiro vai ao autódromo.

 

Aliás, esta é a temática do grande Sidney Cardoso, Piloto dos anos 60 e 70, jornalista e frequentador assíduo dos autódromos. Ele questiona a falta de público, especialmente em Interlagos, e comenta sobre as possibilidades de se trazer de volta as grandes platéias que tomavam os barrancos nas provas que ele correu. Leia o que o Sidney escreveu na seção: Colunista Convidado.

 

 

O projeto para a reforma em Interlagos foi apresentado ao público antes do GP Brasil... as obras deverão levar um bom tempo. 

 

Os pilotos brasileiros chegaram a terra-mãe (os três titulares das equipes são naturais de São Paulo) com o mesmo figurino: uma saia justa! Justíssima, na verdade. Felipe Massa, num ano difícil, em que sua melhor colocação foi um 5º lugar, vendo seu “companheiro” de equipe, Fernando Alonso com 10 pódios e uma vitória, mesmo com uma Ferrari aquém do que se viu em outros anos.

 

Rubens Barrichello e Bruno Senna, ambos sem saber “o dia de amanhã”, uma vez que suas atuais equipes estão – literalmente – de chapéu na mão, fazendo considerações de quem poderia ser o time de pilotos mais “intere$$ante” para 2012. Os brasileiros, inclusive, voltam a disputar o mesmo assento – no caso, o ‘colo da Genii’ – e, potencialmente. Disputando patrocínios aqui mesmo no Brasil (algo que Barrichello não fazia há anos).

 

 

Bruno Senna fez um grande "qualifying" para o GP Brasil, mas durante a corrida, um incidente com Schumacher acabou com sua prova. 

 

Interlagos recebeu o “banho de gato” que todos os anos recebe antes da corrida: pintaram as zebras, apararam a ‘grama’, limparam tudo (foram alguns caminhões de lixo), lavaram os toldos sobre os boxes, montaram as diversas arquibancadas... e até taparam com uma argamassa asfáltica aquele “grand canyon” que fotografamos na primeira perna do ‘S do Senna’ em julho passado.

 

Nos planos, foram apresentados os projetos para a área de escape da curva do café e da nova entrada para os boxes. Chalie Whitting, o diretor de provas oficial e 1º gnomo ‘olheiro técnico’ do bom velhinho, disse que Interlagos precisava passar por estas reformas, em especial a dos boxes. Como disse o Sidney Cardoso, o “narrador-mor da transmissora do circo”, existe um plano de se fazer novos boxes para a F1, os mesmos seriam na reta oposta. A idéia é boa, teria espaço para o “burburinho” por trás dos boxes – que na F1 é um “burburão” – e poderia até permitir um sonho maior... mas disso falamos outro dia. Vamos ver se as coisas acontecem.

 

 

O momento de maior emoção do domingo foi sem dúvidas as voltas que Nelson Piquet deu ao volante do BT49. o público delirou! 

 

Quem “aconteceu” – no sentido positivo – novamente, foi Sebastian Vettel. O menino bi campeão mostrou que adora brincar na ‘montanha russa’ de Interlagos, voando em suas subidas de descidas para mais uma pole, a 15ª do ano, deixando pra trás o recorde de Nigel Mansell.

 

No sentido negativo, sempre, a inacreditável barração de Emerson Fittipaldi por uma “assessora de sabe-se lá o que”, sem preparo e sem conhecimento de quem se tratava aquele senhor. É um absurdo que, nos dias de hoje, com tantos treinamentos de gestão por excelência e qualidade, os responsáveis pelo evento não treinem seu pessoal para – pelo menos – saber quem é quem no automobilismo.

 

Pelo menos, em termos de celebridades, tudo correu bem com a homenagem aos 30 anos da conquista do primeiro dos três títulos de Nelson Piquet. Seu amado ex-chefinho até trouxe o Brabham BT49 para que o tricampeão desse umas voltas na pista e comemorasse o feito. Cercado pelos filhos, Piquet mostrou a irreverência de sempre e a picardia que sempre lhe foi peculiar: instigou o Bernie Ecclestone, pisou fundo nas voltas que deu na pista, arrancando aplausos na terra do ‘arquirival’ (cheguei a temer por uma reação contrária), mas mesmo na hora de sacanear os corintianos, dando uma volta com a bandeira do Vasco da Gama, ao invés de possíveis vaias, arrancou gargalhadas. Será que, 30 anos depois, o público conseguiu entender o “jeito de ser Piquet”?

 

 

Diferente do que foi nos últimos anos, a freada para o "S do Senna" não teve tantas ultrapassagens como era esperado. 

 

Durante o final de semana, o que mais se ouviu foi sobre as possibilidades de chuva para a corrida, com alguns comentaristas e narradores considerando ser esta possibilidade, uma ‘chance de ouro’ para nossos pilotos conseguirem resultados melhores. Teve aposta tão forte que Barrichello decidiu mudar a relação do seu câmbio para a “possível corrida com chuva”... e jogou por terra a brilhante classificação do 12º lugar, perdendo 7 ou 8 posições.

 

Vettel largou como sempre, despachou a concorrência até que, na 20ª volta veio um “aviso” sobre um problema no seu câmbio. 10 voltas depois o campeão abre caminho para seu companheiro de equipe, Mark Webber. Interessante foi ver o carro com “problemas de câmbio”, fazendo a melhor volta da corrida alguns giros depois e o piloto ser “lembrado de que ele estava com sérios problemas de câmbio”.

 

 

Depois de disparar na ponta, Vettel foi "informado sobre um sério problema de câmbio"... e teve que ceder a ponta para Webber.  

 

A corrida foi morna... para não dizer chata! Ao invés de colocar a zona de abertura de asa na reta dos boxes, Charlie Whitting a colocou na reta oposta. Não deu certo! Poucas ultrapassagens aconteceram ali e com as limitações de RPM dos carros, poucas foram as que ocorreram na treada para o “S do Senna”. Foi ali que acabou a corrida do sobrinho, depois de um toque com Schumacher e uma – dura, porém justa – punição para o brasileiro.

 

O pouco de show que tivemos ficou por conta de Fernando Alonso e Jenson Button. Primeiro, o espanhol deu um ‘passão’ no inglês, por fora, na curva do laranja. Quem assiste – e principalmente quem pilota e/ou pilotou – corridas em Interlagos tem noção do que o piloto da Ferrari fez na parte inicial da prova. Na parte final, Button deu o troco, fazendo Alonso comprometer o contorno do “S do Senna”, entrar desequilibrado na reta oposta e – também por fora – retomar o 3º lugar na entrada da descida do lago.

 

 

Terminada a prova - e o campeonato - Felipe Massa deu uma série de "zerinhos" em frente à arquibancada. Em 2012 tem mais! 

 

Agora faltam poucas provas para o encerramento do calendário automobilístico de 2011. Já estamos entrando na ‘silly se os únicos bobos são aqueles que acreditam em todas as coisas que pululam nos sites e portais especializados. contudo, não podemos simplesmente fechar os olhos e ouvidos, afinal, tem muita gente séria trabalhando neste período.

 

Uma das "bombas pós-temporada" saiu logo depois do encerramento do campeonato da F1: Kimi "biritinha" Raikkonen assinou um contrato de dois anos com a "Dona Genii" (Lotus Ranault) e passou a perna - e a garrafa - em Rubens Barrichello e Bruno Senna, só por falar dos brasileiros. Como agora a equipe tem um 1º piloto, a vaga de 2º ficou para Vitaly Petrov (que andou falando mais do que devia sobre a equipe) e Romain Grosjean, qua andou mais rápido que Bruno Senna na sexta-feira em Interlagos. O brasileiro ainda corre por fora... mas todas as apostas jogam contra. Aqui entre nós: Se juntarem o Raikkonen e o Petrov na mesma equipe, vai faltar vodka no mercado...

 

Outro nome de peso que surgiu na mídia foi Emerson Fittipaldi. Depois do absurdo ato da funcionária da "desorganização do GP Brasil", o nosso bicampeão mundial de F1 vai entrar num projeto de grande porte ligado ao automobilismo internacional. A FIA vai - mais uma vez - tentar emplacar o Campeonato Mundial de Endurance e Interlagos será o palco de uma das etapas, a ser disputada no período de 13 a 16 de setembro, logo depois da comemoração dos 40 anos do 1º título mundial brasileiro.

 

 

Bryan Barnhardt não é mais o Diretor de Provas da Fórmula Indy. No ano de 2011, foram muitos erros e muitos protestos contra ele.

 

Mas as "bombas" mesmo vieram dos EUA: primeiro, com o "vai não vai" do GP dos EUA em Austin, que continua tentando se manter no calendário, querendo convencer o bom velhinho a aceitar um contrato ano a ano com aquela "módica taxinha" de 25 milhões de dólares por evento. Bernie quer um contrato inicial de 7 anos! O outro foi o afastamento de Bryan Barnhardt do cargo de diretor de provas da Indy. Contudo, ele continua no circo, como "presidente de operações".

 

O ronco dos motores começa a dar lugar a ‘conversa fiada’ das fábricas, redações e teclados dos computadores espalhados pelo mundo da velocidade. Que ainda vamos acelerar, não tenham dúvidas. Afinal, velocidade é o nosso combustível.

 

Até a próxima,   

 

 

Contribuiram para esta coluna: Mauricio Paiva, Paulo Alencar, Willy Möller e Fernando Paiva. 

Last Updated ( Wednesday, 30 November 2011 20:44 )