Nobres do Grid - Hyperlink (Janeiro/2011) Print
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Wednesday, 29 December 2010 13:11

 

Caros amigos, Estamos às vésperas da virada de um ano que teve de tudo... literalmente. Há tempos que a temperatura – dentro e fora das pistas – não andaram tão alta, salve o fato do escândalo da espionagem da McLaren e do “crashgate” do Nelsinho Piquet. 

 

No mês de dezembro ainda teve gente correndo atrás de títulos, com os finais das duas principais categorias brasileiras acontecendo no mesmo dia (que é para atrapalhar a vida dos torcedores que gostam de ir ao autódromo em uma cidade e ver a outra prova pela televisão... depois os organizadores reclamam de público ou – pior – superfaturam o número de presentes em seus eventos). 

 

Por ordem cronológica (já que a corrida foi mais cedo) vamos falar da última etapa da Stock Cars, disputada em Curitiba com todos os requintes de uma decisão e as imprevisibilidades que independiam daqueles que na pista estavam. 

 

Nenhum piloto ou chefe de equipe escondia que a chuva era a grande preocupação daquele final de semana. A mudança do traçado (a princípio a prova seria no anel externo mas foi mudada para o traçado completo no início do playoff) era um atenuador caso a chuva viesse, mas poderia por a perder todos os planos dos que ainda tinham chances de conquistar o campeonato.  

 

 

Na etapa final da Stock Cars em Curitiba, um convidado indesejado chegaria para complicar a vida dos pilotos... a chuva! 

 

O céu não mostrou cara de bons amigos para a região metropolitana de Curitiba durante todo o final de semana, mas em nenhum momento dos treinos os pilotos andaram com pista molhada. No domingo, de início, até pareceu que a água ia ficar só na ameaça... contudo, depois das 9 horas da manhã a apreensão começou a aumentar.  

 

A prova ainda começou sem chuva, e com pista seca. Na largada, Thiago Camilo, que largava na pole, bem tentou manter a ponta, mas foi surpreendido por um agressivo Allam Khodair, que costuma andar muito bem em Curitiba, contornou a chicane do final da reta em primeiro. 

 

 

Antes disso, Thiago Camilo tratou de complicar a vida de Allam Khodair, acertando o piloto na entrada da chicane. 

 

Logo na segunda volta, Thiago, que chegou a cair para terceiro, recuperou a segunda posição... mas passou do ponto na freada da chicane e acertou o líder Khodair, tirando a ambos da prova e acabando com as chances de conquista de título para o “pequeno samurai”. Thiago ainda tentou voltar, mas tomou a bandeira preta, sendo desclassificado. Khodair reclamou muito do erro cometido por Camilo. 

 

O safety-car foi para a pista... e a chuva veio junto com ele! Esta combinação era a pior possível para as equipes que, depois da liberação da pista, teriam que escolher qual de seus pilotos (especialmente se estivessem muito próximos) sairia no prejuízo com as paradas nos boxes para a colocação dos pneus de chuva.  

 

 

Enquanto o safety car estava na pista a chuva desabou sobre o circuito e embolou o grid quando alguns pararam, outros não. 

 

Este era o cenário para RC Eurofarma, que tinha seus dois pilotos – que largaram muito bem e andaram muito forte – nas duas primeiras posições, com Max Wilson à frente. Claro que o prejudicado seria Ricardo Maurício. O spray de água na pista denunciava que o volume de água na pista tornaria impossível se andar rápido cm os pneus slick.  

 

Dada a bandeira verde, Max Wilson e a equipe não esperaram: foram rapidamente para os boxes trocar os pneus, assim como diversos pilotos... Mauricio acabou ficando na pista, tendo que dar pelo menos uma volta a mais. Estranhamente, os dois pilotos de Andreas Matheis – Cacá Bueno e Daniel Serra – também ficaram na pista!  

 

 

Na equipe RC Eurofarma, foi preciso tomar a decisão entre qual dos seus carros faria a troca de pneus... Max foi aos boxes.

 

Numa tática – talvez – suicida, Cacá Bueno insistia em ficar na pista com os slicks... até que rodou na 10ª volta e quase sai da corrida. Ricardo Maurício também tentou ficar na pista... os dois contavam com a possibilidade de fazer tudo (parada, troca de pneus e reabastecimento) no período das paradas obrigatórias. 

 

A prova embolou com o drive through que Max Wilson levou por fazer o abastecimento fora da janela dos pits e a recuperação na corrida por parte de Cacá Bueno levaram a emoção até o final da prova. O resultado, com Cacá terminando em sétimo e Max em oitavo davam – por apenas 1 ponto – o título para o piloto da equipe de Rosinei Campos, o Meinha. 

 

 

Diego Nunes conquistou a vitória na conturbada corrida... mas as conturbações não acabariam com a bandeirada final. 

 

A vitória de Diego Nunes, que correu na GP2 e pouco havia andado no Stock da RC3Bassani foi um prêmio justíssimo a um piloto que ralou muito no ano de 2010, mas que, convenhamos, dadas as circunstâncias da prova que decidia o campeonato e tudo o que nela ocorreu, passou um tanto quanto despercebida. 

 

Apesar da comemoração no autódromo, o título não estava decidido: a equipe Red Bull, de Andreas Matheis entrou com um protesto junto à direção de prova da Stock Car em Curitiba para questionar a punição dada a Max Wilson durante a prova. Para a equipe, o drive-through imposto ao piloto da RC foi uma punição branda.  

 

Max fez o reabastecimento fora da janela de pit-stop – o que é proibido. A baseou-se no que aconteceu com Felipe Maluhy em Londrina. Na ocasião, o piloto da equipe Officer também parou fora do intervalo determinado para o pit-stop e foi punido com a desclassificação. 

 

 

A equipe de Rosinei Campos comemorou no pódio, mas a confirmação do título demorou alguns dias para sair. 

 

O protesto acabou indeferido pela direção de prova, o que levou a equipe a declarar que entraria com um recurso junto à CBA e isso deixaria o campeonato com a decisão para o tribunal. Contudo, o recurso não chegou a ser impetrado e o título ficou mesmo com Max Wilson. 

 

Se em Curitiba teve chuva, em Brasília o sol foi impiedoso com máquinas, pilotos e espectadores que foram assistir a decisão da Fórmula Truck. 

 

Assim como aconteceu em Curitiba, a etapa anterior, Roberval Andrade e o “Caminhão do Timão” dominou os treinos, largou na pole e tomou a liderança após a largada. Logo atrás, Danilo Dirani, Geraldo Piquet e Leandro Totti iniciaram uma intensa batalha pelo segundo posto. Felipe Giaffone, que precisava chegar em terceiro lugar para garantir o título, vinha fora dos seis primeiros ao final da primeira volta. 

 

 

Em Brasília, autódromo lotado, muito sol e calor para a última etapa da Truck. Roberval, o pole, precisava vencer... 

 

Contudo, na volta seguinte, os concorrentes deram uma ajuda e tanto para o piloto da Volkswagen. Danilo Dirani tentou fechar a porta de Leandro Totti, que tentava assumir o segundo lugar, e acabou sendo tocado pelo paranaense para fora da pista, o caminhão da Ford foi na direção de Geraldo Piquet, que precisou frear para evitar um acidente maior, mas mesmo assim ficou com o equipamento danificado.  

 

O salseiro generalizado provocou a entrada do pace truck e a direção da prova reagiu rápido, julgando o ato de Totti como atitude anti-desportiva e o puniu com a bandeira preta. Totti seguiu para os boxes e assim que parou teve o caminhão cercado pela equipe Ford – pareciam que queriam linchá-lo. Totti precisou ser protegido pela própria equipe para deixar o local em segurança. 

 

 

... mas também dependia de um resultado de Felipe Giaffone, que não podia ir além de um quarto lugar na prova. 

 

Com isso Giaffone pulou para o 5º lugar, e com todos juntos após a relargada, o piloto da equipe de Renato Martins voltava a ter o título ao alcance das mãos, principalmente porque Roberval Andrade não estava tendo sossego na liderança, agora perseguido por Beto Monteiro. Mas, por seu lado, Felipe também não tinha vida fácil, com Paulo Salustiano em seu encalço. 

 

No meio da prova, após a passagem dos 20 minutos e a entrada obrigatória do pace truck, Roberval era o líder, com Felipe ainda era o quinto. Após a relargada, o campeão de 2009 partiu para cima de Leandro Reis. Na larga pista do Distrito Federal, os caminhões de Giaffone, Salustiano e Reis chegaram a ficar emparelhados... Felipe conseguiu a 4ª posição e faltando 15 minutos de prova, estava a uma posição do bicampeonato. 

 

Beto Monteiro deu um show de pilotagem, saindo da oitava posição no grid para o segundo lugar no final da corrida. 

 

Wellington Cirino, o terceiro colocado, passou a ser pressionado e – surpreendentemente – acabou cometendo um erro que permitiu a ultrapassagem de Felipe Giaffone. Era a terceira posição necessária para a conquista do título! Mas a corrida ainda estava longe do fim. 

 

Pouco depois, o pace truck entrou na pista novamente, desta vez por conta do problema mecânico de André Marques, companheiro equipe de Roberval Andrade. Com o pelotão reagrupado, Cirino deu o troco em Giaffone na relargada e retomou o terceiro lugar. O piloto da Volkswagen tentou recuperar a posição de todas as formas, mas a corrida foi novamente paralisada por conta de óleo na pista.  

 

A equipe de socorro e reparo trabalhou rápido e o recomeço da prova aconteceu faltando três voltas para o final. Giaffone pressionou o adversário como pôde, mas não conseguiu assumir o terceiro lugar. Um pouco mais atrás, Paulo Salustiano sofreu um forte acidente ao ser bloqueado por Valmir Benavides, que tentava manter os demais pilotos afastados do companheiro que brigava pelo campeonato.  

 

 

Felipe Giaffone fez tudo o que podia. Chegou a andar em 3º, mas - no final - ficou apenas em 4º. Roberval Andrade venceu! 

 

A corrida poderia ser interrompida novamente... pelo ponto onde Salustiano bateu e ficou parado, deveria... mas a direção de prova deixou a briga na pista e Felipe Giaffone tentando ultrapassar Wellington Cirino até o último momento... sem conseguir. Beto Monteiro foi o segundo colocado e Valmir Benavides o 5º.  Roberval Andrade e Felipe Giaffone terminaram com o mesmo número de pontos (176), com o título decidido pelo número de vitórias. 

 

A TC 2000 e a GT1 fizeram seus encerramentos também no mesmo final de semana. 

 

A principal categoria de turismo do mundo teve a sua decisão na véspera. A dupla formada por Darren Turner e Tomas Enge, com um Aston Martin DM9, precisava chegar entre os três primeiros colocados na corrida de classificação para levar a decisão do GT1 para a corrida final. Terminando apenas na 10ª posição em Potrero de los Funes, eles e todos os demais viram Michael Bartels e Andrea Bertolini, da Maseratti, conquistarem o título da temporada 2010. 

 

Na prova de classificação, no sábado, uma grande confusão acabou por minar as chances do queridinho local, Pechito Lopez. 

 

A prova de domingo, mesmo sendo apenas para “cumprir tabela” foi disputadíssima, com a dupla Yann Clairay e Frédéric Makowiecki, ao volante de um Aston Martin DM9, voltando a vencer como fizeram na prova de classificação no sábado. Assim como no dia anterior, a dupla francesa foi soberana na corrida principal, garantindo o título de montadoras para a Aston Martin. 

 

O piloto brasileiro Sergio Jimenez fez duas grandes apresentações no final de semana em terras argentinas, conquistando um quinto e um quarto lugares. Enrique Bernoldi, que teve a volta do companheiro português Miguel Ramos, não conseguiu repetir o sucesso obtido em Interlagos... nem de longe. Terminaram em 14º. 

 

 

Os Aston Martin dominaram em Potrero de Los Funes. Aqui, os líderes se preparavam para por uma volta num Ford GT. 

 

Quem fez uma grande prova foi a dupla Stefan Mücke / Jose Maria López, também com um Aston Martin. Eles largaram na 20ª posição após o alemão ter se envolvido em um acidente na prova de classificação... e terminaram em 5º, com uma tática mais arriscada de adiar o pit o máximo que puderam. 

 

Na festa local, o TC 2000, uma corrida épica e um final que, assim como na Fórmula 1, empolgou pela emotividade do vencedor... não da prova, mas do campeonato! 

 

A corrida, disputada sob intenso calor e ante uma grande multidão era, para muitos, mais que uma prova. A expectativa em torno da definição do título, e a incerteza ainda maior sobre o que poderia acontecer nas condições em que a prova aconteceria. Leonel Pérnia, piloto da favorita equipe Honda-Petrobras tinha 8,5 pontos à frente da Norberto Fontana, piloto da Berta Motorsports.  

 

 

Na largada da TC 2000, nada apontava num sentido favorável à Norberto Fontana na disputa contra Leonel Pérnia. 

 

Pérnia largava à frente de Fontana e precisava controlar a posição do seu rival na prova... mas não conseguiu. No meio da corrida Fontana encostou nele e depois de algumas voltas de disputa, com os dois carros separados por menos de 1s, Fontana induziu Pérnia ao erro e este passou reto em uma das curvas. Prejuízo ainda maior pois o carro perdeu rendimento e Pérnia acabou caindo para o 14º lugar. 

 

Martin Basso, que largou na pole, liderou a primeira metade da prova, mas cometeu um erro ao tentar passar um retardatário e numa manobra de um “braço duro”, jogou a corrida fora, abrindo caminho para Matias Rossi, que levou o Renault da Lo Jack Team à vitória. Assim, com este resultado, todas as montadoras venceram ao menos uma prova no ano. Mariano Verner, da Toyota, e Guillermo Ortelli, da Chevrolet, completaram o pódio. 

 

No final, o piloto da Berta Motorsports subiu ao pódio para celebrar e comover o público com suas lágrimas. 

 

Norberto Fontana terminou em 4º lugar, mas com a colocação de Leonel Pérnia, que terminou fora dos pontos, conseguiu somar 122,5 pontos contra os 119 de seu oponente. Fontana subiu ao pódio e, diante de todos, não conseguiu conter as lágrimas, arrancando os aplausos da multidão para a conquista de um título que parecia improvável. 

 

Se o primeiro final de semana de dezembro teve emoções de sobra, o restante do mês teve assuntos de sobra, com os bastidores das principais categorias. A chamada “silly season” (temporada das bobagens) até que não tem estado tão boba. Muito assunto sério veio sendo tratado nestas últimas semanas. 

 

Aqui no Brasil, a grande “bomba” (positiva... pelo menos para alguns) do final do ano foi a assinatura do acordo entre a VICAR e a KSO, comandada por Marcello Lotti, para a realização em conjunto das aberturas do campeonato da Stock Cars e do WTCC no dia 20 de março.   

 

Marcello Lotti, Diretor Geral da KSO, confirmou a abertura conjunta do WTCC em conjunto com a Stock Cars... em Interlagos! 

 

Quando do anúncio, a etapa estava agendada para Curitiba... mas, analisando bem a estrutura daquele que pode ser considerado o segundo melhor autódromo do país, receber duas categorias com o porte que ambas tem ia ser complicado. A desconfiança em relação ao local do evento conjunto aumentou quando nos veio à mente os boatos da “rádio paddock” que em março já falavam em uma mudança para São Paulo, em Interlagos.

 

Dito e feito: a categoria da FIA já fez o anúncio da transferência... o site da Stock Cars continua com a abertura da temporada para Curitiba e a corrida em São Paulo para o dia 3 de abril. A VICAR deve se pronunciar após o retorno do recesso de final de ano como nos garantiu a ‘chefia’, que esteve por lá. No próximo mês falaremos de calendários em geral. 

 

Se o WTCC vai mudar de casa no Brasil, vai mudar de cara também. A BMW anunciou oficialmente a sua retirada da competição para 2011 como equipe de fábrica. a decisão de sair do WTCC já vinha sendo “maturada” desde 2009 e faz parte da mudança de foco da BMW, que vai voltar ao DTM em 2012, além de participar da Le Mans Cup já no ano que vem. O novo M3 GT2 foi testado em 2010 por Augusto Farfus e Andy Priaulx, que – a princípio – devem continuar nos planos da montadora. 

 

 

Duas cenas que ficarão na memória: A equipe de fábrica da BMW e o WTCC em Curitiba. Ambos são lembranças do passado. 

 

Mario Thiessen, diretor da divisão de automobilismo da BMW – que anunciou sua saída da função alguns dias depois – confirmou que a montadora vai seguir na categoria como fornecedora de equipes privadas. “O BMW 320 TC, empurrado pelo recém-desenvolvido motor turbo de 1,6 L de quatro cilindros, vai expandir nossos clientes e vai entrar no WTCC através das equipes privadas”, decretou o alemão.  

 

Mas não existe meio melhor de “assuntos paralelos” do que a os bastidores que envolvem a Fórmula 1. 

 

A Ferrari ainda não digeriu a perda do campeonato para a Red Bull. Apesar de tudo, Luca Di Montezemolo afirmou que não pretende fazer mudanças na equipe, mas ao longo do mês de inatividade nas pistas parece que os homens da Fórmula 1 não conseguem manter a boca fechada. 

 

 

Luca Di Montezemolo não ficou nada satisfeito com o desfecho do campeonato de 2010... mas não pretende mudar a equipe. 

 

Primeiro, o “capo” italiano se desmanchou em elogios à Fernando Alonso... para depois dizer que este é um ano decisivo para Felipe Massa e chamar o piloto brasileiro de “nota 7”! O contrato de Massa vai até o final de 2012, mas na mercantilista categoria, sabe-se lá o que pode acontecer. 

 

Um dos pontos que Montezemolo mais insistiu foi na questão do terceiro carro. Realmente, ter três carros da Ferrari, da McLaren, talvez da Mercedes (a Red Bull já tem quatro mas poderia “oficializar mais um”) seria bem melhor do que vermos as “chicanes móveis” da Hispania, Lotus e Virgin se arrastando na pista e enchendo linguiça. 

 

Por falar nisso, as nanicas ocuparam bastante as manchetes neste final de ano com suas fusões e confusões. A Virgin “perdeu a virgindade” e teve uma parte vendida para um russo rico que resolveu fazer algo com o dinheiro. Agora vai se chamar Marussia. Trata-se de uma empresa automotiva do gigantesco país e que vem investindo no seguimento de esportivos de luxo e agora, na Fórmula 1. Se fizer o carro andar no mesmo ritmo das Sauber, Toro Rosso e Force Índia, já está bom. Como reforço – financeiro – a equipe “vendeu” o lugar de Lucas Di Grassi para o belga Jerome D’Ambrosio. Lucas, até o momento, está a pé para 2011! 

 

 

Se no início do ano, Bruno Senna e Lucas Di Grassi sorriam, agora já não sorriem mais. Di Grassi está a pé, e Bruno, quase! 

 

Quem anda de penico na mão é o dono da Hispania, Jose Carabante. Depois de anunciar –  e ser desmentido – sobre a compra do espólio da Toyota (os japoneses falaram que não viram a cor do dinheiro), o espanhol busca meios de viabilizar a sobrevivência da equipe para 2011. Uma parceria técnica com a Williams foi assinada, mas isso não põe dinheiro no caixa... especialmente quando se fala de Frank Williams, que “vendeu um assento” para Hugo Chávez e seu protegido Pastor Maldonado por uma verdadeira fortuna. A equipe de – por enquanto – Bruno Senna ainda não confirmou seus pilotos e o brasileiro, se não arranjar um gordo patrocínio, vai ficar a pé também. 

 

O caso dos pilotos brasileiros é mais simples e mais complicado do que se imagina. Simples porque trata-se de uma questão puramente financeira: sem dinheiro, sem carro! E quanto mais dinheiro, melhor o carro para se sentar. Pastor Maldonado e Sergio Perez tinham mais dinheiro que Jerome D’Ambrosio, logo, conseguiram equipes melhores! Se as empresas brasileiras, bancos e outras que tem dinheiro em caixa não investirem nos garotos, logo não teremos mais pilotos brasileiros na principal categoria... é aí que reside a complicação: parece que falta intermediadores para os pilotos junto a estas empresas ou simplesmente elas não demonstram interesse em expor sua marca pelo mundo. 

 

 

A Lotus Cars, empresa do grupo Próton, da Malasia, comprou a parte da Renault e a equipe passará a se chamar Lotus-Renault. 

 

Agora, divertida mesmo está a briga das Lotus... se por anos não tivemos este nome nas pistas, agora – pelo menos por enquanto – teremos duas! A Próton comprou a participação da Renault na sociedade com a Genii (cadê o pacto da concórdia?) e a equipe vai se chamar Lotus – Renault. Acontece que, pouco antes da venda, a fábrica francesa fechou negócio com a equipe de Tony Fernandes para fornecer seus motores... o pessoal da televisão vai ter que ser criativo nos créditos quando aparecerem as imagens. 

 

A disputa promete ir aos confins dos tribunais entre Tony Fernandes, o empresário malaio que comprou a marca da equipe de corridas e a malaia Próton, dona da fábrica dos carros que tem este nome. A coisa chegou a um ponto que os conterrâneos asiáticos resolveram brigar em todas as instâncias. A Próton fechou um acordo com a ART, uma das maiores equipes da GP2 para 2011 e comprou a KV (equipe da Indy que já tinha o carro de Takuma Sato pintado com as cores que a “inimiga” usa na F1.  

 

 

A Team Lotus, do malaio Tony Fernandes ainda briga para usar o nome Lorus em sua equipe... ia até usar o preto e dourado. 

 

Esta das cores é outra pândega estória do conflito. Tony Fernandes anunciou que usaria as cores preto e dourado em seus carros no ano que vem... a Próton tratou de colocar, logo que fechou o negócio, o novo design do carro... em preto e dourado! O que vai acontecer para 2011 pode ser uma bela confusão para os narradores... se os nossos já se enrolam com carros de cores diferentes, imagine com os bólidos na mesma cor? 

 

Bernie Ecclestone não abriu a boca para falar sobre o assunto... até agora. O bom velhinho andou se recuperando do covarde ataque que sofreu quando foi assaltado na perigosa Londres, sede das próximas olimpíadas, quando chegava em casa. Ele nega o prejuízo de quase meio milhão de reais que teria tomado, mas não perdeu a chance de tentar compensar o desfalque com uma campanha publicitária de humor britanicamente duvidoso, estampando seu olho preto/roxo ao lado de um relógio do fabricante que patrocina a F1. Para quem acha que ele está gagá...  

 

 

Bernie Ecclestone não perdeu a chance de transformar o assalto que sofreu em mais um meio de ganhar dinheiro... 

 

Se o Bernie anda calado, o Max Mosley anda falando pelos cotovelos! Apesar de afirmar categoricamente que não quer voltar, o ex-presidente da FIA anda se metendo em tudo que é assunto referente à categoria: Criticou duramente o calendário, defendendo a redução de custos e elogiando a Virgin (uma das equipes que ele colocou para dentro do circo) por fazer seus projetos sem túnel de vento. Ele também criticou o presidente da Ferrari por insistir na idéia do terceiro carro... que a Ferrari usou até o início dos anos 70. Para quem não tem interesse em voltar, ele fala muito, não? 

 

Quem também andou se pronunciando foi a FIA. Essa sim ,com autoridade, tratou de anunciar o que virá para a categoria nos próximos anos: primeiro, anunciou o calendário, com 20 provas (que traremos no mês que vem). Depois a lista com a numeração dos pilotos e as vagas disponíveis... que já foram alteradas e preenchidas em parte. Mas, o mais importante foram as decisões para o futuro. 

 

 

Max Mosley, fora da FIA há mais de um ano, não é capaz de ficar quieto fazendo suas festinhas... e diz que não quer voltar! 

 

Para 2013, ano seguinte ao fim do atual pacto da concórdia, dos motores da F1. Os novos motores deverão ter 4 cilindros, 1.6 litro e virar, no máximo, 12 mil rpm, além da pressão na injeção direta de gasolina superior a 500 bar (Num motor de injeção direta, a queima do combustível acontece de forma mais completa, evitando as perdas de energia que acabam acontecendo nos moldes convencionais).  

 

Poderão ser usados cinco motores durante toda a temporada de 2013 e, a partir de 2014, apenas quatro. Os propulsores terão uma redução de 35% no consumo de combustível, além de vários itens que reaproveitam energia. A gasolina deverá contar com alguns compostos de biocombustível misturados em sua fórmula já a partir de 2012, além de limitação nos trabalhos da suspensão, também para 2012. 

 

 

Jean Todt e o conselho técnico da FIA apresentou um enorme pacote de mudanças para a Fórmula 1 nos próximos anos. 

 

A Ferrari, como sempre, protestou, alegando que ela não fabrica motores de 4 cilindros e que isso seria um custo a mais para quem está comprometido em baixar os custos da categoria. Agora é esperar se vai ficar no campo da fanfarronice ou se a Ferrari vai tomar alguma medida efetiva, até mesmo deixando a F1. 

 

Se os motores causaram alguma polêmica, agora vamos ter o fim delas... ou o seu aumento com o fim do impedimento do jogo de equipes. A partir de 2011, vale fazer com que os interessas das equipes prevaleçam sobre a competição entre os pilotos. Em nota, a FIA acrescentou que toda a comunicação de rádio entre as equipes e a FIA estará disponível para as emissoras de TV a partir de 2012, em uma tentativa de deixar mais transparente as decisões dos times e dos comissários. 

 

 

Luca voltou a abrir o verbo, reclamando de tudo, principalmente do novo motor, com apenas 4 cilindros e 1.6 litros, turbo. 

 

Na Terra Brasilis a família Piquet esteve mais uma vez nas manchetes. Primeiro, com uma vitória: O processo de difamação contra a Renault teve parecer a favor do piloto e seu pai, obrigando a montadora francesa a pedir desculpas públicas pelo caso do GP de Singapura em 2008. Em comunicado, o advogado Dominic Crossley afirmou que o pedido juramentado de desculpas da Renault. A montadora francesa emitiu nota oficial retratando-se e indenizou pai e filho pela calúnia. O valor de indenização não foi informado. 

 

O outro fato, este negativo, foi a ligação do nome do tricampeão de Fórmula 1 com o esquema fraudulento descoberto pela Polícia e Receita Federal na Federação Cearense de Automobilismo. A matéria da revista Veja trás os detalhes e os valores que envolveram remessas de dinheiro para o exterior a fim de bancar a carreira do jovem Piquet nos tempos de GP2 assim como o de seu companheiro de equipe, Xandinho Negrão. Piquet assumiu ter usado a FCA para remessa de dinheiro, alegando confiança nos cearenses...  

 

 

Segundo a revista Veja, Nelson uet usou do esquema de envio de dinheiro montado na FCA para abastecer o filho na Europa. 

 

Como se toda desgraça fosse pouca, ainda tivemos a morte de mais um piloto: no festival de arrancadas em Curitiba o piloto paulista, Vinicius Maschio, 34 anos, acidentou-se durante os treinamentos para a prova na sexta-feira, dia 10. Retirado dos destroços ainda com vida, foi encaminhado para o hospital Cajuru em estado grave, mas não resistiu. Piloto da equipe Steel Limit Performance, de São Paulo, Maschio dirigia um Opala preto, que fugiu de controle e capotou várias vezes. Maschio era piloto profissional de arrancada há 10 anos. Apesar da morte do piloto, lamentavelmente o festival continuou até o seu encerramento, no domingo dia 12. Definitivamente, a CBA precisa estar mais atenta ao que anda acontecendo nos autódromos brasileiros! 

 

Fora deles, estamos chegando na época do “De Cá”, versão sulamericana do Dakar, que este ano terá a participação de 14 brasileiros, alguns correndo com estrangeiros e sempre a esperança de conseguirem um bom resultado. Nas motos, teremos 5 representantes, entre elas os já conhecidos do público Jean Azevedo, Guilherme Spinelli, Klever Kolberg, Reinaldo Varela, André Azevedo e o veterano Lourival Roldan. No próximo mês traremos um resumo do que melhor aconteceu no “De Cá” 2011, sempre torcendo para que ninguém perca a vida. 

 

Ficamos por aqui e que 2011 nos traga mais emoções ainda do que 2010. 

 

 

Colaboraram para esta coluna: Fernando Paiva, Paulo Alencar e Willy Möller.

 

Last Updated ( Wednesday, 29 December 2010 19:04 )