São Paulo, 29 de Abril de 2009. Com a chegada da primavera no hemisfério norte, as temporadas das principais categorias do automobilismo mundial começam a esquentar... até para aqueles que vivem abaixo da linha do equador. A F. Truck continua no Nordeste, indo a Caruaru (PE), 10, para a terceira etapa do campeonato com um reforço no “plantel”: Leandro Totti volta às disputas pela equipe ABF. O campeonato que começou em Guaporé (RS) e esteve recentemente em Eusébio (CE), continua sendo marcado pelo equilíbrio entre as montadoras, fruto do excelente regulamento da categoria. 
A Stock terá duas etapas neste mês: Brasília, 3, (anel externo) e Santa Cruz do Sul (RS), 31. Os carros continuam andando muito próximos e parece que o problema dos “capôs voadores” está superado. Contudo, a prova de fogo deve acontecer mesmo nas altas velocidades do anel externo da Capital Federal. O modelo bem pensado de realizar conjuntamente as etapas da GT3, Troféu Maserati e Copa Clio corre em Curitiba no último domingo do mês, 31, onde é esperado um bom público, no rastro do sucesso das etapas do WTCC e da Stock. Por falar em WTCC, Augusto Farfus Jr continua sua luta neste mês em três cenários completamente distintos: Marrakesh no Marrocos (3), As estreitas ruas de Pau, na França (17) e as não tão estreitas de Valência, na Espanha (17). O variado desafio destas pistas não foge do adversário comum do piloto da BMW: O domínio da SEAT nas primeiras etapas vem mostrando qual é o adversário a ser batido. Antes de seguirmos para a Europa, vamos percorrer o continente: Na Argentina, onde a TC 2000, a “Stock dos ‘hermanos’” corre em Oberá (10) e San Martin (31). Com um regulamento muito rígido para poder gerar um equilíbrio entre as OITO montadoras (que “inveja”, não?) e um sistema de definição do grid quase tão estranho quanto o sistema eleitoral dos EUA, eles continuam arrastando multidões aos autódromos de norte a sul do país... e olha que lá o que não falta são categorias nas pistas, afinal, as montadoras de lá entram de cabeça nas disputas. Na TC 2000, seis delas tem equipe oficial! Mais uma vez, que “inveja”... Nos EUA, a NASCAR vai correr em todos – TODOS – os finais de semana de maio! Nem o das 500 milhas de Indianápolis “escapou” dos Chevys; Fords; Dodges e Toyotas da veloz e estonteante (não sei como eles – público – não ficam tontos de tanto rodar a cabeça) categoria da terra do tio Obama, digo, Sam! 
A American Le Mans Series corre em Utah (17) onde a equipe do piloto e proprietário Gil De Ferran só não está na frente da pontuação do campeonato na categoria LMP1 por conta de uma destes “azares de corrida”. O Oreca (isso lá é nome de carro... cadê o pessoal do Marketing?) vem se mostrando mais rápido que a concorrência. Já na GT2, o Jaime Melo não tem esta vantagem com a Ferrari 430 e tem se desdobrado para se manter competitivo. Na Indy Lights, a nossa “prodígio”, Bia Figueiredo, recuperada do susto pelo acidente com o carro da A1GP no Algarve (POR), vem na cola dos líderes da pontuação e, junto com a categoria principal, corre em Indianápolis (22) e Milwalkee (31). Dois ovais de características totalmente distintas. Mario Romancini e Rodrigo Barbosa vem fazendo boas corridas e melhorando suas atuações prova a prova. 
A categoria principal vai para a mais famosa de suas provas, as 500 Milhas de Indianápolis (24), que coincidirá com o GP de Mônaco na F1, e depois segue para Milwalkee (31). Helio Castroneves, depois de todo o drama vivido fora das pistas, retornou na etapa passada com um 7° lugar em Long Beach. O campeonato continua equilibrado, como no ano passado, mas as maiores forças continuam sendo a Andretti Green, a Ganassi e a Penske. As 500 milhas deste ano teve um número surpreendente de inscrições (considerando-se a crise, claro). Tem gente que pode ficar de fora e alguns “veteranos” irão tentar faturar o milionário prêmio dado ao vencedor. Tony Kanaan e Vitor Meira são concorrentes sérios ao título. O Recém promovido Rafael Matos tem dado trabalho aos mais experientes e o batalhador Mario Moraes vem melhorando dia a dia. Nas categorias escola do velho mundo, o destaque – como sempre – vai para a F3 Inglesa, que terá 4 etapas: 2 em Silverstone (3) e Rockingham (31). Para acomodar melhor a quantidade de postulantes a estrelas da F1 no futuro, a categoria foi obrigada a fazer duas divisões: A “International”, para os pilotos mais experientes e a “National” para os novatos. Na primeira, Adriano Buzaid é o único brasileiro e na segunda temos Victor Correa e Gabriel Dias. A F3 Alemã corre em Nurburgring (23) e Rafael Suzuki vem sendo apontado como um dos favoritos ao título depois dos ótimos resultados na pré temporada. Apesar de ainda não ter reeditado o domínio obtido nos testes, o Brasileiro já vem chamando a atenção dos chefes de equipe. Continuando na Alemanha, a DTM, que ficou ameaçada depois da retirada da “Senhora dos Anéis” das provas de carros sport-protótipos (tenho minhas dúvidas se não “rolou um incentivo”), segue sendo a mais forte categoria de turismo europeu. As “armadas” das duas montadoras se preparam para as etapas em Hockenheim (17) e no Eurospeedway (31). Para os torcedores Brasileiros, ficou aquela sensação da “volta dos que não foram” com a desistência do Bruno Senna em disputar o campeonato da categoria pela Mercedes Benz. Agora é ver se ele disputará a 2° etapa do Le Mans Series na Europa, que acontecerá no melhor circuito do velho mundo, Spa Francorchamps (10). A coincidência de datas com a primeira etapa européia da F1 este ano levanta esta dúvida visto que o piloto desistiu de correr o DTM porque Norbert Haug e a montadora não terem dado a ele garantias de que correria na F1 em 2010. Se ele for para uma pista e a cabeça estiver em outra, pode ficar difícil reeditar o bom 3° lugar obtido na estréia nos 1000 Km de Barcelona. É bom lembrarmos que, no início do ano, Bruno Senna abriu mão de um carro na iSport, sua equipe na GP2 em 2008, para se dedicar a correr de F1. Com a venda da Honda e a opção de Ross Brown pelo Barrichello, o que eram “favas contadas” virou o “pássaro voando”... e sem o “pássaro na mão” da GP2. A Mercedes poderia ser uma porta para a Force Índia ou até para a vaga do Kovaleinen em 2010, mas querer a “garantia”... ah, isso, no mercado de hoje, onde tem sempre alguém disposto a “comprar” um lugar foi um mau movimento. Pode estar faltando assessoria! Antes de partirmos para F1 e GP2, vamos ao Japão, onde João Paulo Oliveira continua na F. Nippon para mais uma temporada. Em maio serão duas etapas Suzuka(11) e Montegi (25). A categoria recebe este ano o “reforço” do Yuji Ide... aquele mesmo que foi “sacado da F1 por deficiência técnica”. A categoria tem até um certo equilíbrio mas o bom mesmo deve ser não ter que pagar para correr. Saindo dos autódromos e indo para o mundo dos rallies, enquanto não vem o Rally dos Sertões e não começa o Brasileiro da categoria, os corredores locais podem e devem comemorar o fato do longo rally que corta o Brasil passar a fazer parte – realmente – no circuito mundial de rallies de longa distância. Um consolo para quem não teve nenhuma etapa do “Dakar” disputado nas áreas mais inóspitas do cone sul (acho que os gringos não colocaram muita fé na dureza dos trechos... o índice de abandono foi altíssimo, teve morte como no deserto africano e tudo que um “Dakar” de verdade tem. E a brasucada que se cuide... o “Alemão” (Ingo Hoffmann) agora não vai mais dividir seu tempo com os carros da Stock e se engana quem achar que o multi campeão vai apenas “dar uns passeios no campo”. 
No WRC é que as coisas parecem andar meio que previsíveis. Depois do abalo da debandada em massa das montadoras, contando com mais times privados a categoria continua radicalizando. Difícil está sendo acompanhar (ou seria alcançar) o Sebastian Loeb! O Francês não tem dado chances a concorrência e vem reescrevendo a história da categoria. O cara é tão bom que voou baixo ao pilotar um F1 nos testes de inverno, a ponto de fazer os chefes da Toro Rosso se perguntar se não estariam “apostando nos ‘Sebastiões’ errados”! Aposta errada fez mesmo quem não levou o Lucas Di Grassi para a sua equipe. O piloto Brasileiro vai correr mais uma etapa na GP2, pela Racing engineer desta vez, e parece que vai pulverizar a concorrência (no ano passado ele entrou no campeonato já iniciado 30 pontos atrás do vencedor – Giorgio Pântano – e terminou apenas 13 pontos atrás). Com a desistência de Bruno Senna, a iSports foi buscar Diego Nunes para compor a equipe e Alberto Valério correrá pela Piquet Sports. Os três tem chances de brigar pelo título de 2009 na temporada (A principal... existe uma parte que é a GP2 asiática) que começa dia 9, em Barcelona. Luiz Razia vai correr pela FMS, do Fisichella e Álvaro Parente pela Ocean Racing. Ainda em maio a categoria corre em Mônaco (23). 
E o que dizer desta F1 tão diferente dos anos anteriores? Entre acertos e trapalhadas (fizeram as equipes investir fortunas e agora querem banir o KERS), os grids embaralhados e as trapalhadas de equipes tradicionais como McLaren e Ferrari deram um novo tempero à categoria. Mas, embaralhado mesmo devem estar ficando os narradores das corridas... pela segunda vez seguida, antes do início da prova, a transmissão oficial – não sei se intencional ou acidentalmente – coloca um “close” do piloto “arrumando os volumes” antes de “vestir” o carro. A língua do nosso narrador quase deu um nó e o desconforto dele em comentar a cena foi uma comédia à parte (se os geradores de imagem continuarem com isso, é capaz de passarem a colocar aquela tarja que aparece antes dos programas com a idade recomendada para se poder estar diante da tela). Voltando a competição, parabéns a quem “leu o regulamento direito” como disse Ross Brown! Mas quem tem mesmo o melhor carro parece ser a Red Bull. Sem o difusor duplo e sem KERS, os carros de Adrian Newey vam mostrando que são muito bons e, com os novos equipamentos que receberão agora na Europa pode ser que aconteça um rearranjo das forças... o que seria bom para frear o avanço de Jeson Button e impedir que o campeonato tenha o mesmo “script” de anos atrás... apenas pintado com outras cores. A “lei da selva” está se fazendo impiedosa na F1... e os “abutres de plantão” sobrevoam as rezes mais fracas da manada. Todo cuidado é pouco e todo arrojo mal dosado é muito. Sair da pista pode ter um significado muito maior do que a caixa de brita. Nelsinho parece ser o mais ameaçado... se bem que a corrida muito consistente no Bahrein, com 4 ultrapassagens nas primeiras voltas (não foi na largada) e ter chegado tão perto do Alonso que largou na 7º posição pode ser considerada um bom resultado. Será que já é o efeito da “sombra” do Lucas Di Grassi? O Rubinho vai ficando para trás e parece estar mesmo querendo roubar o título de “piloto mais azarado do mundo” das mãos do Chris Amon... Tudo de errado acontece com o carro dele?!?! É a embreagem que falha, o chip da asa ajustável que queima, é o freio que para de funcionar... e tudo com ele... e desta vez sem o Schumacher... ê, Rubinho... Martírio maior tá vivendo o Massa (cru e com o rolo passando por sobre a cabeça) com todos os problemasque a Ferrari vem passando. Suas esperanças estão no “miraculoso” pacote aerodinâmico, prometido para a fase européia (estão fazendo o “impossível” para que o tal pacote já venha na Espanha... mas a previsão inicial era apenas para o GP da Turquia). Em todo caso, esta está sendo a temporada mais interessante dos últimos anos! Até junho, Ciro Margoni | 