Truck e Stock em hospital de campanha? Print
Written by Administrator   
Monday, 04 May 2020 18:24

Que a situação mundial está difícil para todos os segmentos da sociedade produtiva, acredito que ninguém tem dúvida. Assim como quase todos sabem que o vírus Covid-19 pode ser letal como comprovam as milhares de vítimas espalhadas por praticamente todos os países, onde o isolamento parece ser a ferramenta mais eficiente, apesar de extremamente dolorosa. Agora dificilmente se esperaria que um invisível (a olho nu) ser mudasse tanto as coisas no planeta Terra. Especialmente no automobilismo.

 

Todos os setores necessitam de dinheiro para sobreviver. O esporte automotor muito mais ainda, pois existe a máxima que se coloca grana no capô e, rapidinho, ela sai pelo escapamento. Duas das ainda maiores categorias do automobilismo brasileiro, a Stock Car e a Copa Truck estão sentindo muito esse problema. Como um empresário pode dispensar 10, 20, 50, que seja um funcionário e continuar a colocar dinheiro num carro ou caminhão que não foi e nem se sabe se irá para a pista? Pior ainda não ter certeza, nem a vaga ideia de que aquela categoria fará, ainda que algumas provas durante este ano de 2020?

 

Essa indefinição a respeito da duração da pandemia, que sabe se lá quando irá acabar (tomara que seja antes do final do ano!) tem sido grande entrave para todos. E aí o automobilismo não tem culpa. Recentemente conversei com um empresário que investe na Copa Truck e ele se disse totalmente desinformado a respeito das pretensões da categoria neste famigerado 2020.

 

Se a Stock Car tem datas, que todos sabemos dificilmente irão se cumprir, pelo menos mostrou algo. Jogou para a torcida, como aquele atacante de futebol que dá carrinho em bola perdida, mas para mostrar ao torcedor que mesmo com a derrota de 5 a 0 e aos 49 minutos do segundo tempo, ele tem garra e determinação e sua a camisa. Nem esse teatrinho a Copa Truck fez até agora. Donos de equipes, pilotos, mecânicos, os que ainda se mantêm empregados, precisariam de algo em mãos para levar aos patrocinadores e mostrar que estão aí e que a categoria dará um passo à frente. Mas até agora nada de concreto. E não me venham com essa história de que os donos das escuderias têm sido contatados que pelo menos dois disseram estar sendo relegados ao terceiro plano dos organizadores.

 

 

 

A bronca, que já vem de uns dois anos, é o descaso que eles consideram que a Truck passou a ter depois que o principal organizador, Carlos Col, reassumiu a Stock Car, agora a queridinha do professor. É isso o que sentem e dizem. A Truck, que quando era Fórmula e não Copa, lotou autódromos dentro e fora do Brasil e hoje – numa linguagem bem popular – vende o almoço para pagar a janta, vê bons patrocinadores escaparem por entre os dedos dos pilotos e das equipes por absoluta falta de informação. Entristece aqueles que amam o automobilismo e deixa com muito mais medo os que dele dependem para viver, ou sobreviver, pois escutei de alta fonte que até mesmo as grandes equipes, cujos donos não carecem do automobilismo para viver, disseram que seguram os salários dos funcionários só até este mês de maio. Mais do que isso, difícil mesmo!

 

Tomara que nos próximos – próximos mesmo! – dias as coisas caminhem não só na Truck, mas também na Stock, e que os fãs, os funcionários das equipes, os pilotos e os donos recebam algo mais concreto. Teremos 12 etapas? Praticamente impossível e ou difícil demais. Então vamos confirmar seis, oito, alguma coisa para evitar que os patrocinadores continuem a escapar por entre os dedos. É preciso muito trabalho para evitar que as duas categorias entrem nos já conhecidos hospitais de campanha, que atendem os pacientes mais graves atingidos pelo Covid-19!

 

Milton Alves