O Campeonato Acaba, Mas o Trabalho Não Print
Written by Administrator   
Tuesday, 10 March 2020 23:41

Chega dezembro, os campeonatos terminam e só retornam a partir de março do ano seguinte.

 

As corridas param, mas a CBA não. Tal qual as equipes que aproveitam este intervalo para revisar e atualizar seus equipamentos, nós da CBA também aproveitamos para realizar simpósios com o objetivo de revisar os regulamentos e atualizar os procedimentos para Diretores de Provas, Comissários Desportivos e Comissários Técnicos.

 

Todo início de ano é assim. Neste ano, nós nos reunimos em 2 grupos, um dos Comissários Desportivos e Diretores de Provas e outro dos Comissários Técnicos e Vistoriadores.

 

Para entender bem o que fazemos nestes simpósios, é preciso entender também sobre a estrutura de uma corrida e para que servem seus diversos regulamentos.

 

Toda corrida é composta de 3 regulamentos (expostos a seguir) e estes regulamentos devem submeterem-se ao CDA e ao CDI.

 

Vamos entender cada um deles:

Uma competição para ser justa, deve dar a seus participantes as mesmas condições. É para isso que existem os regulamentos.

 

- Regulamento Técnico, permite que todas as equipes preparem seus carros, respeitando limites e condições que são iguais à todos os participantes.

 

- Regulamento Desportivo, dá aos participantes de uma corrida a mesma condição de pista e pilotagem.

 

- Regulamento Particular da Prova, especifica características daquela prova principalmente em relação ao circuito que está sendo utilizado e também a outros aspectos particulares daquela corrida específica.

 

Estes regulamentos, quando respeitados, permitem uma corrida justa a qualquer participante.

 

   Mesmo sem carros na pista, os comissários e diretores de provas da CBA estão sempre buscando o aperfeiçoamento.

 

Os regulamentos apresentados acima, são feitos com características próprias para cada campeonato, porém todos devem respeitar condições básicas de competitividade do regulamento “mãe”, que no  Brasil é o CDA – Código Desportivo do Automobilismo. O CDA contempla tudo que o desporto permite em suas várias modalidades de campeonatos, seja desportivamente e tecnicamente. Por sua vez, o CDA é feito com base no CDI, Código Desportivo Internacional. Desta forma, seguindo todos estes códigos e regulamentos, nós temos corridas com características semelhantes no mundo todo.

 

Mas não basta apenas termos os regulamentos para que tudo dê certo nas corridas, por isso que temos que criar protocolos e procedimentos para que todos os Oficiais de Competições possam agir de forma semelhante em situações semelhantes, mesmo que em provas distintas. 

 

O processo de padronização de procedimentos é feito durante todo o ano, mas com ênfase nos simpósios pré-temporada.

 

Vamos entender como fazemos: O CDA é um regulamento e como todo regulamento, é dinâmico. Durante o ano, nós que trabalhamos na Torre de Direção de Provas, vamos percebendo situações que não estão contempladas no CDA ou situações que ficaram defasadas por conta da evolução dos equipamentos ou sistema de corridas, então,  anotamos estes itens e encaminhamos ao CNV da CBA (CNV Comissão Nacional de Velocidade), o CNV por sua vez vai introduzindo estas alterações no CDA, mas não sem antes consultar outros órgãos da CBA, como o Jurídico por exemplo. Desta forma, ao final de cada campeonato, temos um “protótipo” do CDA para o ano seguinte. No início deste ano seguinte é quando fazemos nossos simpósios para estudo do CDA, entendimento dos itens que por ventura foram alterados ou incluídos e mais importante do que isso, fazemos simulados de situações de corrida, para tentar padronizar todos os procedimentos de Diretores de Provas, Comissários Desportivos e Técnicos.

 

  Os treinamentos não se limitam as salas com quadros e datashow. temos treinamentos práticos, como os dos resgatistas.

 

Imagino que algum leitor esteja lendo esta coluna agora e perguntando: Se fazem tudo isso, por que erram tanto? Então eu respondo: Raramente ocorre um erro. O que ocorre, são interpretações diferentes e devemos lembrar que incidentes ou acidentes em uma prova, várias vezes tem visões diferentes, principalmente de acordo com o ângulo em que se vê, mas não apenas o ângulo, deve-se também tentar entender se os pilotos frearam no momento certo, se algum negligenciou em uma ultrapassagem e tantas outras ações que não conseguimos saber apenas olhando imagens, então, sendo assim, cabe aos comissários conversarem com os pilotos e interpretarem baseados em oitivas, imagens e experiências anteriores, além dos  estudos realizados nos simpósios. Para ser mais explícito sobre o questionamento do leitor, vou usar como exemplo o futebol. O futebol tem muito menos regras, ocorre em um espaço muito menor, é mais fácil de observar, todos os lances são gravados e atualmente ainda tem o VAR, árbitro de vídeo, com a possibilidade de parar o jogo para avaliar imagens..... e mesmo assim, quanta discórdia e discussão tem no futebol, então, em alguns lances nos esportes, jamais teremos concordância absoluta.

 

No ano passado, a CBA promoveu uma dinâmica semelhante à que fazemos, para alguns pilotos da Stock Car, juntou grupos de 3 e deu a eles tablets com imagens de acidentes para que pudessem avaliar, interpretar e penalizar. Foi interessante observar esta dinâmica, pois a atitude dos Pilotos foi bem semelhante à dos Comissários, ou seja, algumas vezes não foram unânimes nas interpretações e nas penalizações e então prevaleceu a votação do colegiado, tal qual acontece nas provas oficiais.

 

  Os fiscais de pista (os famosos bandeirinhas) também passam por treinamentos, tanto em sala quanto na pista.

 

Não são apenas os Diretores de Provas e Comissários que treinam durante as férias das corridas, também aproveitamos para cursos e simulados de fiscais de pista e resgate. Para nós, o trabalho não para depois da bandeira quadriculada.

 

É isso!

 

Abraços,

 

Sergio Berti