Vettel, o absoluto. Print
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Monday, 10 June 2013 00:36

Na Ile de Notre Dame, o final de semana, à exceção de domingo, foi regado a muita água. As Ferrari foram bem nas práticas, mas Red Bull e Mercedes mostraram as caras no classificatório. Sebastian Vettel fez a pole-position contando com erros da dupla mercêdica na classificação, principalmente de Hamilton, que vinha mais veloz que o adversário tedesco nas duas primeiras parciais de sua última tentativa, mas passou reto no último setor. A grande surpresa foi mesmo Valtteri Bottas, que aproveitou o começo do Q3 para fazer um ótimo tempo, que lhe garantiu o terceiro lugar nas voltas finais, quando a chuva aumentou um pouco e ninguém conseguiu mais melhorar. Um top-3 talvez seja muito mais do que ele jamais sonhou para si em 2013, e com certeza a Williams jamais havia sonhado com isso. Palmas para o finlandês. Destaque também para a Toro Rosso, que conseguiu colocar seus dois carros na última parte.

 

Vamos à análise da prova equipe por equipe.

 

Red Bull: A melhor equipe do final de semana em praticamente todos os aspectos. Na volta lançada, ainda perde um pouco para a Mercedes, mas rendeu muito melhor do que o esperado com os pneus médios e supermacios na corrida. O resultado disso foi que Vettel sumiu na frente e deu voltas em quase todos a partir do sexto lugar. Reinou na prova, sem adversários. Só tomou alguns sustos, como no momento em que "lambeu" o muro, após a curva 3. Venceu tranquilo e agora é senhor absoluto do campeonato, com 132 pontos, contra 96 de Alonso. 2013 começa a ganhar traços de tetracampeonato alemão. Já Mark Webber fez uma corrida razoável, além da melhor volta da prova. Fez algumas boas disputas, principalmente contra Rosberg e Alonso. Não parece ser um candidato ao título, ainda mais com o companheiro tão à sua frente.

 

Ferrari: Foi razoável, o final de semana da equipe. Alonso largou em sexto e conseguiu escalar o pelotão ao longo das 70 voltas, incluindo um bom pega com Lewis Hamilton ali pelas voltas 60-61, para chegar na segunda colocação. Mas o panorama não é muito animador para as próximas corridas: A Red Bull está em franca evolução e os pneus serão modificados pela Pirelli, para que tenham desempenho similar aos compostos de 2012. Golpe duríssimo na equipe italiana e na Lotus e ótimo para a equipe austríaca, já que era o maior trunfo dos italianos e ingleses e maior fraqueza dos redbullianos. A ver como será o GP da Inglaterra, daqui há 3 semanas. Felipe Massa, por sua vez, fez uma corrida de recuperação após bater no classificatório (totalizando 3 acidentes no total desde Mônaco, podendo pedir música no Fantástico). Uma boa corrida, diga-se. Ultrapassou vários carros, incluindo uma manobra sobre Kimi Raikkonen na última volta para arrancar-lhe a oitava colocação.

 

Mercedes: Tinha tudo para fazer a pole-position novamente, mas perdeu a chance graças ao demérito de seus dois pilotos, que não conseguiram acertar boas voltas rápidas na classificação. Lewis Hamilton largou em segundo e Nico Rosberg, na quarta colocação. Na corrida, Hamilton sequer teve condições de tentar atacar Vettel, tamanha a superioridade do alemão, e ainda foi ultrapassado por Alonso no final, ficando em terceiro. Continua sem vencer na Mercedes, o inglês, mas está fazendo um trabalho legal. E, até onde vi, ele ainda conseguiu dar uma volta nas duas McLaren. Que ironia saborosa para Lewis... Já Rosberg vinha bem, mas foi prejudicado pela estratégia de três paradas e acabou apenas em quinto, atrás de Webber.

 

Toro Rosso: Clara evolução em relação às etapas anteriores. Tanto Jean-Eric Vergne quanto Daniel Ricciardo avançaram ao Q3 no final de semana. Na corrida, Vergne conseguiu se manter o tempo todo entre os ponteiros e amealhou uma grande sexta colocação. Ricardão não teve a mesma sorte: Acabou apenas na décima quinta colocação. Mas foi, no geral, um ótimo fim de semana da Toro Rosso, que começa a ficar nos pontos com mais frequência. Pode se firmar bem entre as médias daqui para o final do ano.

 

Force India: Adrian Sutil até esboçou um bom resultado após conseguir passar ao Q3, enquanto que Di Resta ficou ainda no Q1. Os dois tiveram desempenhos completamente opostos na corrida, contudo. Enquanto Sutil fez das suas e rodou no começo da corrida, fazendo 360º para continuar, além de ignorar bandeiras azuis enquanto Hamilton e Alonso vinham para lhe dar uma volta de avanço, Paul di Resta escalou o pelotão e conseguiu sobreviver na pista com os pneus médios durante 56 voltas. Um dos feitos mais notáveis que já vi nos últimos tempos, vez que os pneus da Pirelli gastam a torto e a direita. Di Resta terminou em nono e Sutil em décimo, fechando o top-10.

 

Lotus: Fim de semana apagado da equipe que outrora era dada como a grande força do campeonato. Com a ascensão da Red Bull e o melhor ritmo de prova da Ferrari, perdeu a vantagem de ser a equipe que melhor trata os pneus. E a perda dessa vantagem poderá ser ainda mais visível na etapa seguinte, Silverstone, quando os pneus mudarão de vez. Raikkonen chegou na mesma nona posição que largou, igualando o recorde de Michael Schumacher de pontuações consecutivas, 24. Poderá quebrá-lo. Já Romain Grosjean não grosjeou, mas seu final de semana foi para esquecer. Largou em “29º”, lá do rio Saint Lawrence, e terminou em décimo terceiro.

 

McLaren: Alerta vermelho, geral, cruz vermelha, pãã, pãã, pãã, pãã... Que campeonato horrível, o da McLaren! Que carro horrível, esse MP4/28! Acho que nunca vi Jenson Button tão infeliz com um carro. Talvez seja a frustração de sentar num carro ruim numa das maiores equipes da categoria, porque nem na Honda, quando pilotava carroças, Button ficou tão desanimado. Depois da corrida, após chegar em décimo segundo, disse: "Nunca fiquei tão feliz por sair de um carro". Depois dessa, se eu fosse Martin Whitmarsh, só sairia de casa com um saco de pão na cabeça. Sergio Pérez foi o décimo primeiro. Nada a comentar da corrida do mexicano.

 

Williams: Só não é mais triste do que a McLaren porque talvez ninguém esperasse isso da equipe de Woking. Mas também é lamentável. O pior começo de temporada da equipe de Grove desde sua criação. Zerada, zeradinha, zerada da silva. Porém, sem dúvida, um feito absolutamente genial, o de Valtteri Bottas. O finlandês levou a Williams ao top-3 do grid, o que ninguém jamais imaginaria nas galáxias. Excelente. Mas pagou pela inexperiência de largar na frente e perdeu posições muito rapidamente, depois foi desaparecendo, desaparecendo... Até sumir. Obra da deficiência de seu carro, é claro. Foi apenas o décimo quarto colocado. Já Pastor Maldonado não vive o melhor de seus momentos na F1. Na briga interna da equipe, já perde de 5 x 2 para Bottas. E tem sido constantemente ofuscado pelo campeão da World Series by Renault de 2011. Largou em décimo terceiro e terminou em décimo sexto. Não tem perdão, a Williams. Não tem.

 

Sauber: Só apareceram em momentos ruins e tristes. Nico Hulkenberg se envolveu num toque com Giedo van der Garde e abandonou com o pneu furado. Já Esteban Gutierrez abandonou na volta 67 e teve seu carro rebocado por um guindaste. Seria normal se fosse só isso, mas não foi: O guindaste acabou atropelando um fiscal de pista, de nome não divulgado. Ele recebeu atendimento, mas acabou tendo seu óbito anunciado horas depois. Lamentável. Não aconteciam mortes na F1 desde 2001, no GP da Austrália, quando uma roda do carro de Jacques Villeneuve atingiu um fiscal. Ruim também para a Sauber, que abandonou com os dois carros.

 

Marussia e Caterham: Jules Bianchi foi o melhor entre os nanicos, apesar de só aparecer nas horas de tomar volta. E bateu Max Chilton de novo. De novo, de novo e de novo. Já Charles Pic conseguiu... Terminar a corrida. E atrás de Chilton. Já Giedo Devagarde foi o pivô de péssimos momentos. Se envolveu em dois toques: Um com Mark Webber, onde o australiano danificou a asa dianteira (Webber não se dá bem com os carros da Caterham, quem lembra de Valência-2010 sabe do que estou falando) e outro com o Incrível Hulk, onde finalmente abandonou com a asa dianteira embaixo do carro, enquanto o alemão saiu da corrida com o pneu furado.

 

Abraços,

 

Antônio de Pádua

 

Last Updated ( Monday, 10 June 2013 13:46 )