Uma bela corrida, uma decisão de título e uma chuva frustrante Print
Written by Administrator   
Monday, 26 October 2020 08:27

Olá leitores!

 

Final de semana bonito, final de semana com muita coisa interessante acontecendo nas pistas, final de semana com decisão de título, é assim que nós, fãs do esporte a motor, gostamos. Seja sobre 2 ou 4 rodas, não faltou disputa nas pistas.

 

Começando com a categoria máxima do automobilismo, que fez em Portimão, na região do Algarve, sul de Portugal, a melhor corrida do ano. Por sinal, as duas melhores corridas até agora foram em pistas que tradicionalmente não pertencem ao calendário da categoria, o que diz muito a respeito do critério errado da categoria ao escolher as pistas onde corre... A prova ficará registrada nos frios números das estatísticas pela quebra do recorde de vitórias por parte de Lewis Hamilton, e pouco provavelmente serão lembradas as ótimas voltas iniciais da corrida. Que coisa maravilhosa foram as 10 primeiras voltas! Eu tive mais uma das minhas crises de insônia na madrugada de sábado para domingo, e estava com bastante sono na hora da largada da Fórmula 1. Simplesmente não consegui desgrudar os olhos da TV durante as primeiras voltas, de tão interessantes que estavam. Depois da corrida saíram as imagens da primeira volta do Kimi Räikkönen, simplesmente espetacular, enquanto os outros pilotos estavam brigando com os pneus fora da temperatura ideal de funcionamento... Kimi foi passando um por um, de 16º na largada para 6º ao final da primeira volta. Claro que depois os pneus dos outros começaram a se comportar como era esperado e Räikkönen foi perdendo posições, mas a primeira volta dele foi comparável à do Rubinho na chuva em Donington Park no ano de 1993 (aquela que foi uma primeira volta melhor que a do Falecido mas que quase ninguém lembra). Aliás, próximo final de semana teremos GP em Imola, com os treinos ocorrendo no Halloween... quero ver quem vai ser o fã a homenagear o Senna batendo no muro. #paz

 

Vitória mais do que previsível de Lewis Hamilton, a 92ª de sua carreira, cujas únicas dificuldades foram as voltas iniciais, pois os pneus médios estavam demorando bastante para aquecer e providenciar a aderência a que ele está acostumado, e a câimbra que o atingiu perto do final da prova. Sem correr riscos, apenas acompanhou enquanto seu companheiro passava o McLaren de Carlos Sainz Jr., e na 20ª volta assumiu a liderança para abrir vantagem e não ser mais ameaçado – afinal, Bottas pode ser muito bom em uma ou duas voltas lançadas, mas o ritmo de corrida dele está longe de ser dos melhores do grid. Recorde alcançado, tem tudo para chegar aos 3 dígitos, e a não ser que no futuro as regras da categoria permitam novamente um domínio tão amplo de uma única equipe por tanto tempo, e um piloto tenha novamente a chance de pilotar tantos anos seguidos carros de topo de pelotão, não deve ser alcançado tão cedo esse recorde. Eu chuto que dura, no mínimo, sendo extremamente otimista, uns 25 anos... como mês que vem faço 50 anos e – por uma grande somatória de fatores – não consigo me ver chegando aos 75 anos, pouco provável que eu veja o recorde de vitórias do Hamilton (que, volto a insistir, deve passar das 100 vitórias na categoria) sendo batido. Também não creio que a categoria sobreviva mais 25 anos, haja vista a imbecilização progressiva das instituições, então as chances dele se perpetuar como o rei das estatísticas é real e não exatamente pequena. Seu lacaio Valtteri Bottas (2º) fez aquilo que se espera dele, marcou importantes pontos para a equipe no Mundial de Construtores sem incomodar a vitória do primeiro piloto. Nada mais.

 

Em 3º chegou Max Verstappen, de longe o melhor piloto da “segunda divisão” da categoria (já que a equipe Mercedes está sozinha na primeira divisão), quase 9 segundos atrás de Bottas e meio minuto à frente do 4º colocado... uma corrida que poderia ter sido melhor se o carro reagisse melhor aos pneus macios com que largou, já que o desempenho melhorou com os médios. Seu companheiro Alexander Albon (12º) sofreu bastante no meio do pelotão, seja nas 3 primeiras voltas tentando aquecer devidamente os pneus, seja depois preso no meio de um grupo de carros, todos habilitados a usar o DRS. Na tentativa de o auxiliar a sair desse dilema, a Red Bull tentou uma estratégia com 2 paradas para troca de pneus... que se provou um fracasso. Enfim, não era o dia dele...

 

Em 4º terminou Charles Leclerc, cada vez se sentindo mais confortável e confiante com a carroça vermelha desta temporada, que parece estar sendo configurada ao gosto do monegasco. Afinal, ele continua na equipe ano que vem... e novamente Leclerc arrancou do carro um desempenho acima do que se pode esperar para um projeto tão mal feito. Seu companheiro Sebastian Vettel (10º) sofreu para marcar um solitário pontinho, tendo de duelar arduamente contra Räikkönen, e meio que soltou o verbo na equipe no final da corrida. Se ele pudesse, já teria enfiado a mão na cara do Binotto, mas... vamos aguardar as cenas dos próximos capítulos.

 

Em 5º chegou Pierre Gasly, mais uma vez arrancando um desempenho ótimo do seu Alpha Tauri, participando positivamente de diversas disputas de posição e mostrando que, em não sendo aproveitado na equipe principal dos energéticos, tem potencial para fazer bom trabalho em qualquer outra equipe para onde for. Situação diametralmente oposta à de seu companheiro de equipe Daniil Kvyat (19º), que não se encontrou nem com o carro, nem com os pneus, e saiu botando a culpa até no vento – que atrapalhou todos os pilotos, não apenas ele.

 

Em 6º terminou Carlos Sainz Jr., que com os pneus macios no começo da prova foi excepcional e depois foi gradativamente perdendo desempenho após a parada para troca de pneus, mas ainda conseguiu um resultado dentro do esperado para o carro. Seu companheiro Lando Norris (13º) teve problemas com uma lombada móvel chamada Lance Stroll e perdeu muito tempo indo trocar o bico do carro danificado na lombada, digo, no toque com o filho do dono da equipe lá dele... haja vista as circunstâncias, difícil almejar resultado melhor.

 

Em 7º chegou Sérgio Pérez, que saiu de último colocado após um toque com Verstappen na primeira volta para uma corrida de recuperação das melhores enquanto esteve com pneus médios e depois batalhou para se defender com os macios, que não estavam correspondendo no quesito desempenho. Seu companheiro Lance Stroll (20º) teve mais um dia de “atuações inspiradas” e fez quase tudo de errado que tinha direito. Corrida ficou mais segura depois que ele abandonou.

 

Em 8º e 9º terminaram os pilotos da Renault, pela ordem Esteban Ocon e Daniel Ricciardo, conseguindo aquilo que era possível alcançar com um carro que definitivamente se dá melhor em pistas com menos apoio aerodinâmico e com temperaturas mais altas. Dentro das condições, fizeram o melhor que podiam.

 

A MotoGP fez a sua segunda rodada no Tilkódromo de Aragón, com uma surpresa na pole position (primeira pole de Takaaki Nakagami) mas um resultado relativamente previsível na bandeirada final: vitória de Franco Morbidelli (Yamaha), colocando água na sangria do trio de espanhóis que o seguiram e esperavam montar um pódio completamente em vermelho e amarelo. Depois que ocorreram os tombos de pneus frios na primeira volta (Miller e Binder em uma demonstração de tombo sincronizado e Nakagami absolutamente sozinho), corrida relativamente tranquila, com a Mir e Márquez avançando de maneira determinada e eficiente, contudo Alex Márquez interrompeu sua escalada com um tombo na volta 13. Ao final, duas Suzuki no pódio, com Alex Rins (que manteve Morbidelli na alça de mira boa parte da prova) em 2º e Joan Mir em 3º. Ótimo resultado para as KTM, com Pol Espargaró terminando em 4º lugar e Miguel Oliveira em 6º.

 

E nesse domingo finalmente César teve aquilo que é de César... ops, finalmente Scott Dixon se sagrou campeão da temporada 2020 da Indycar. Até algumas provas atrás parecia que seria um título fácil, possivelmente decidido até com antecipação, mas uma série de resultados não exatamente muito bons para Dixon arrastou a decisão do campeonato para a última prova. E não ficamos decepcionados, a corrida na Flórida foi uma das melhores do ano, e não tenho medo de dizer que foi talvez a melhor etapa já disputada em São Petersburgo que eu acompanhei. Não é uma pista que me agrade muito, geralmente acabo considerando as corridas lá um tanto quanto maçantes, mas definitivamente não foi o caso dessa. Que até começou de maneira discreta, mas que conforme foi avançando foi ficando mais emocionante. Momento ridículo foi do Will Power tendo chilique depois de sair da pista e abandonar... Josef Newgarden tinha que vencer e torcer para um resultado não muito brilhante de Dixon para ser campeão. A parte dele – vencer – ele fez, mas como Dixon terminou em 3º lugar, teve que se contentar com o vice campeonato. Ao menos perdeu o campeonato sem fazer que nem o Power... o 2º posto na corrida ficou com o ótimo Patrício “Pato” O’Ward, para mim uma das gratas surpresas desse ano. Mais detalhes na nossa coluna de 4ª feira, com nosso especialista de Indy...

 

A NASCAR foi até o Texas para mais uma etapa dos Playoffs, mas a prova começou e teve de ser interrompida pela chuva que antecede a chegada de um furacão previsto para o começo dessa semana... a direção da prova tentou bravamente manter a corrida no domingo, mas depois de perceberem que o tempo não iria melhorar e que provavelmente os jet dryers teriam que fazer parada para reabastecimento e troca de pneus de tantas voltas que deram na pista a corrida foi transferida para essa segunda feira... se o tempo deixar, claro.

 

Até a próxima!

 

Alexandre Bianchini